No “Dia do Escritor Paraisense”, comemorado na primeira quarta-feira de julho, a Academia Paraisense de Cultura realizou memorável evento no Teatro do Colégio Paula Frassinetti, com o tema, “Minas Patriazinha” Compositores e Cantores Mineiros. Músicos paraisenses se incumbiram de interpretar brilhantemente, repertório musical escolhido a dedo para o evento. Dois deles, o pianista Maurílio Freire Soares, 17, e Maurício Freire Soares, 13 anos, flautista, até então eram desconhecidos de grande parte do público presente. Impressionaram. Talentosos, pretendem se profissionalizar. Maurílio almeja ter sua própria orquestra, Maurício quer estudar flauta na Europa.
São irmãos, nascidos em família de músicos. Maurílio cursa o 2.º ano no ensino médio na Escola Benedito Ferreira Calafiori (Ditão), Maurício a 8.ª série no Colégio Nesfa. Iniciaram bem cedo o estudo musical, aulas teóricas e primeiros ensinamentos vindos do professor Erickson de Melo. Maurílio estava com seis, Maurício com apenas três anos, através de método apropriado para sua idade.
“Iniciei com flauta doce no Colégio Objetivo, me dedico ao piano, e também toco saxofone. As primeiras aulas de piano foram com o maestro Luciano Altran, e atualmente estudo com o pianista Túlio Costa uma vez por semana. Por ele estar residindo em Franca, as aulas são on-line”, conta Maurílio.
Maurício aos seis ganhou sua primeira flauta transversal, tempos depois teve aula de flauta doce no Colégio Nesfa. “A transversal estudei sozinho por bom tempo, e quando estava com 10 anos passei a ter aulas com o maestro Luciano Altran, com quem também aprendi piano”, explica. Seu atual professor é Tiago Meira, flauta um, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).
Os irmãos músicos impressionaram ao interpretar “A Miragem”, composição do mineiro Marcus Viana, no Teatro Paula Frassinetti, no “Dia do Escritor Paraisense”, e, mais recentemente, em sodalício na Academia Paraisense de Cultura, quando tocaram a “18.ª Variação de Rachmaninoff sobre um tema de Paganini” e também a música “Somewhere in time” do compositor britânico John Barry.
São músicos natos, e a sensibilidade artística que trazem na alma, musicalidade que trouxeram no “DNA”, tem sido burilada com disciplinados estudos e dedicação.
Maurílio acorda diariamente às 4 horas, e segue plano anotado. Primeiramente faz estudo bíblico, depois dá continuidade ao livro que está escrevendo sobre desenvolvimento pessoal, “Vivências/ A vida sob um olhar de um garoto, ainda em formação”. Antes de ir para a escola, toca piano em torno de meia hora. À tarde ele segue uma rotina. Almoça, assiste um pouco de televisão juntamente com Maurício. Cochila por uns minutos. “Durmo para descansar a mente, porque minha cabeça está sempre borbulhando ideias, e é necessário descansar, colocar a cabeça no lugar”, explica. Mente descansada é hora de fazer alongamentos, específicos para tocar piano, e também para o corpo todo. “Ano passado estudava cinco horas diariamente. Neste ano reduzi para duas horas, porque além do piano também estudo composição, criação musical”, salienta.
No decorrer de 2022 Maurílio que pretende se profissionalizar como solista e compositor, escreveu um livro sobre música para coral e orquestra, música sacra. Está compondo valsa em homenagem a São Sebastião do Paraíso, inspirada em Strauss. Sua primeira composição foi “Valsa a Villa Lobos”, peça para piano em homenagem ao seu compositor preferido. Tem músicas postadas na plataforma Spotify e vai lançar provavelmente neste mês, um álbum de “canções de ninar”. “Minha irmã estava grávida e fiz dedicado à minha sobrinha, que nasceu e está com oito meses”.
Maurício acorda às 6 horas e vai para a escola. Ao retornar almoça, descansa determinado tempo, depois estuda entre quatro a cinco horas de flauta, buscando técnicas, principalmente sonoridade. “Estudo para ser um bom profissional”, afirma. Pretende seguir carreira como concertista e tocar em orquestra fora do país, e, possivelmente permanecer na Europa. “Mas isto ainda não está bem estabelecido, há bom tempo para se pensar”. Observa que o trabalho para músicos em sinfônicas no Brasil talvez tenha sido melhor, mas não é no momento, estando mais restrito ao Rio de Janeiro, São Paulo, enquanto a Europa oferece maiores possibilidades. Compositor preferido ele cita Mozart. “Trabalho mais na área erudita, mas gosto do estilo de chorinhos de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha”.
Em seu estúdio, com piano digital, timbre clássico, Maurílio grava suas composições para serem lançadas no Spotify. Almeja ter sua própria orquestra. “Apesar de sempre nos apresentarmos juntos como bons companheiros, não sei, mas há tempo para pensar, como será futuramente, porque pretendo seguir carreira no exterior”, pondera Maurício, que numa aula de Artes no Colégio Nesfa, encantou seus colegas. “O tema era sobre música erudita, e a professora Talita sabia de minha afinidade com esse gênero musical, e pediu-me que fizesse uma demonstração. Levei a flauta e foi bem divertido, didático”.
Quanto às dificuldades encontradas por flautistas, Maurício afirma que “é a questão da sonoridade, a maior variável. Tirar um som rico, bonito, que faz com que as pessoas se apaixonem pelo instrumento. O que mais atrapalha flautistas é querer tocar rápido, mas com som sujo”, explica.
Maurílio diz ser necessário “paciência” para se conseguir bons resultados como pianista. “Quando pego uma peça que exige bastante, sei que vou ter que estudar muito, e estudo. Feito por etapas, pedacinho em pedacinho, nota por nota, compasso por compasso, para depois juntar tudo, e deixa-la pronta. Técnica, se estudar, se consegue”.
Ouvi-los tem sido prazeroso, e certamente irão alcançar seus objetivos. Bom gosto, musicalidade e talento, ambos têm de sobra. Mas antes que Maurílio tenha sua própria orquestra, e Maurício vá encantar europeus com sua flauta, que nos oportunizem, se possível mais amiúde, com suas divinas músicas.
Palavra de agradecimento também ao Maurício de Souza Soares (violinista), e senhora Roselane Aparecida Freire Soares, seus pais, por incentivarem, como se nota, que Maurílio e Maurício.