ANDARILHOS PELA CIDADE

Situação de andarilhos em Paraíso é debatida na Câmara

Prefeito e vereadores falam sobre o problema que envolve o número de pessoas em situação de rua na cidade
Por: Ralph Diniz | Categoria: Cidades | 15-11-2023 09:50 | 1751
Grupo almoça e consome bebiba alcoólica em uma praça da cidade
Grupo almoça e consome bebiba alcoólica em uma praça da cidade Foto: Reprodução

Durante a realização da primeira parte da audiência pública para apresentação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024,  na Câmara de São Sebastião do Paraíso, o prefeito Marcelo Morais e alguns vereadores debateram a questão que envolve as pessoas em situação de rua no município. As autoridades políticas disseram que o assunto é grave e precisa ser resolvido.

O tema foi abordado pelo vereador Pedro Delfante, que declarou que Paraíso tem sido um “importador de andarilhos” e que isso tem trazido consequências negativas à população. Na oportunidade, ele contou que um morador da cidade teve suas ferramentas de trabalho furtadas por um homem que foi até a sua casa para pedir comida. “Logicamente que, como cristãos, somos afeitos aos seres humanos e a assistência social deve sempre existir, mas somos contra os crimes que muitas dessas pessoas em situação de rua estão cometendo e para elas é preciso que haja todo o rigor da lei”.

O prefeito Marcelo Morais apresentou um panorama da situação, enfatizando que a maioria dessas pessoas é, na verdade, de moradores em Paraíso, com residência fixa: “Paraíso hoje deve ter 12, 13 andarilhos no máximo... os outros são todos moradores em Paraíso que têm família, têm casa, têm residência constituída e estão na rua bebendo, fazendo uso de drogas e sendo financiados pela população paraisense”.

Morais também sublinhou a necessidade de diferenciar entre quem realmente necessita de ajuda e quem requer uma abordagem policial mais firme, sugerindo, por exemplo, que a doação de refeições e roupas, que costumam ser realizadas por algumas entidades filantrópicas, sejam concentradas para que haja maior controle sobre a população de rua. O prefeito ainda declarou que Paraíso é uma cidade “atrativa” para essas pessoas, uma vez que a população é solidária e acaba oferendo as condições necessárias para esse grupo permanecer pelas ruas da cidade.

A vereadora Maria Aparecida Cerize expressou sua preocupação com a segurança pública, mencionando incidentes perturbadores envolvendo andarilhos em áreas como proximidade de supermercados e praças. Ela defendeu que a população se conscientize da gravidade dessa questão e deixe de dar esmolas ou adquirir produtos dessas pessoas nos semáforos, uma vez que existe uma lei que proíbe as prefeituras de realizar tais campanhas.

João Bugança, servidor da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, abordou o aspecto legal da questão, referindo-se a leis que regulamentam o tratamento dado às pessoas em situação de rua, como a lei Padre Júlio Lancelotti, e declarou que a pasta oferece apoio a essas pessoas com recursos próprios. Ele disse ainda que a secretaria ajuda alguns andarilhos a localizar seus familiares e doa passagens de ônibus para suas cidades, desde que esse seja o desejo da pessoa.

Os vereadores Lisandro Monteiro e Marcos Vitorino também participaram do debate. Monteiro descreveu a questão como polêmica e que causa divisões, inclusive entre as próprias autoridades – há pouco mais de um mês, os vereadores Antônio Picirilo e Pedro Delfante bateram boca durante uma sessão da Câmara quando o tema foi abordado. Por fim, Vitorino enfatizou a prevalência de dependência química entre as pessoas em situação de rua e a necessidade da realização de uma audiência pública no município para tentar, ao menos, amenizar a situação em Paraíso.