Filho do Sr. José Soares Sobrinho, fazendeiro, Orlando nasceu no dia 19 de junho de 1931, neste município. Desde muito novo acostumou-se com todo tipo de serviço pesado: retiro, enxada, carro de boi. Então, nunca achou duro trabalhar numa linha de leite. Tanto é que nunca tirou férias. Debaixo de sol ou de chuva, calor ou tempo frio, sempre fez sua linha.
Até o começo foi sugestivo do que teria pela frente e da fibra de que era dotado: teve que tirar, a machado, cem metros quadrados de lenha, na propriedade de seu pai, e vender para um fazendeiro confrontante, o senhor Antônio de Souza, mais conhecido por Toninho Chico, condição exigida para que este lhe desse umas aulas de motorista. Foi o bastante: comprou seu primeiro caminhão, um Studebaker novo, dos Irmãos Pelúcio, e iniciou o carreto de leite, trabalhando um ano sem carteira, até ter oportunidade de fazer exame de motorista.
Começou praticamente junto com a Coolapa: esta foi fundada em 31 de janeiro de 1949 e ele iniciou seu trabalho no dia 1º de maio de 1952. Naquele tempo havia apenas onze linhas e a sua era de número 11. O trajeto era São Tomás de Aquino, Campo da Várzea, Pimentas, Vi-ramundo, Guardinha, Sapé e São Sebastião do Paraíso. Muitos anos ele fez uma linha cedo e outra à tarde, sendo que essa era maior, indo para lá de São Tomás de Aquino.
Ele conta que naquele tempo chovia muito e as estradas eram muito ruins, com muitos encravadouros, havendo necessidade, em muitas ocasiões, de usar correntes simples ou duplas. E as coisas às vezes se complicavam muito, porque ainda não havia tratores. Se o caminhão atolava, o recurso era apelar para as dez ou doze juntas de bois! Sua esposa, Do-na Maria Izabel, conta que ele já chegou em casa até às quatro horas da manhã e ela preocupada, sem notícias, porque os meios de comunicação eram difíceis, bem longe das facilidades dos celulares de hoje.
Nesses 49 anos de trabalho, nunca nem faltou ao trabalho. Só parou algum tempo quando foi operado dos rins e em outra ocasião quando foi acidentado. Aconteceu que ele foi ajudar outro caminhão que não pegava na partida. Girou a manivela, o motor engatado pegou de uma vez e ele ficou imprensado entre dois caminhões. Gravemente ferido no abdome, se não fosse a habilidade do Dr. Quinzinho, que o operou dias depois, teria morrido.
Perguntado sobre o que mais gostou em todos esses anos de trabalho, ele diz que foram as grandes amizades que fez, tanto na linha como na Cooperativa, passando a olhar para todos como se fossem de sua família.
Atualmente, continua fazendo a mesma linha 11, possui uma propriedade rural onde cria gado Nelore, e faz parte do Conselho Fiscal da Coolapa, cargo esse que ocupa pela terceira vez. Matéria publicada no jornal INFORMATIVO COOLAPA Edição: 001 - Setembro e Outubro de 2001