PARAÍSO 202 ANOS

Problemas vitais água e esgotos

MEMÓRIA PARAISENSE
Por: . | Categoria: Cidades | 21-10-2023 08:41 | 490
Foto: Arquivo/Reprodução

Dentre os grandes problemas que estão a desafiar a argúcia e a sapiência dos nossos administradores municipais, está este: água e esgotos.

Ecco il problema, como dizem os italianos. Ele aí está há muitíssimos anos no choco, à espera de quem seja capaz, a espera de quem possa e saiba quebrar a casa do ovo e tirar dele o pinto que nesse caso seria a tão falada, a tão discutida e até já lendária água do Chapadão.

Edilidades, sucedem a edilidades, entram prefeitos e saem prefeitos e no entretanto a cidade continua sem água porque a que temos, apesar de boa, é pouca, é pouquíssima.

Essa mesmo, se existe, é devido à alta clarividência do Coronel Francisco Adolpho de Araújo Serra, que arrostando com a má vontade de uns, oposição de outros, e a indiferença de todos, conseguiu tornar uma realidade o que naquelas priscas eras (há perto de 40 anos que ela nos serve) então julgavam uma utopia.

Ora perguntamos, por que não fazem os homens de agora o que aquele benemérito cidadão fez naquele distante ano de 1898?

Não dispõem de muitos e maiores recursos? Então por que ficam por aí a cogitar de realizações inúteis, de obras só de fachada, relegando para o segundo plano, assunto tão transcendente, e que tanta influência exerce na vida, concorrendo para disseminar no seio do povo, os hábitos bem ingleses, do banho, da limpeza, da higiene e do asseio.

Por que não enfrentam com tenacidade, com ardor e com decisão de vencer, esse espantalho da água e esgotos?

Não tem de certo o espírito administrativo do Coronel Serra e por isso, depois de muita parolagem, de muita promessa, de muita conversa fiada, que-dam-se calados e murchos e até desconversam quando se alude a tal cousa.

A água não vem, e não vem mesmo. Esperar que o governo mineiro forneça o dinheiro necessário para tal realização é esperar o impossível.

Primo: Porque o governo mineiro não o tem. É cousa sabida que está numa penúria maior que o mais pobre e mais pequeno burgo do norte do Estado.

Secondo: Mesmo que o tivesse não o dava. Querem saber, a razão é muito mais simples. Não está à frente de uma Secretaria de estado em Belo Horizonte um filho desta terra?

Por que não arranjou S.S. que tanto tem podido e mandado, esse dinheiro com o governo que tem sido um dos componentes.

Chi lo sa?
Quem é que sabe? Nós não sabemos, o senhor prefeito não sabe, o povo não sabe, o próprio Dr. Noraldino não sabe nada disso, como diria Rubem Braga!

No entanto, estava e ainda está ao alcance de S.S. obter do governo esse tão desejado empréstimo para a sua querida terra.

Não lhe custava muito.

A cidade é rica, desenvolvida e com capacidade bastante para corresponder com bons juros ao capital que aqui o governo empatasse.

Não nutrimos esperanças, de que dele nos venha algum auxílio. Até agora só temos sido ludibriados, e aos nossos pedidos só tem respondido com simples e banais tapeações.

A política de São Sebastião do Paraíso, ou não trabalhou com boa vontade, ou então, coloquemos logos os pontos nos ís, foi impotente e nada pôde influir perante o governo para obtermos o empréstimo.

Esperemos melhores dias.

Com a transformação das espécies também se transformam a política e a administração. O Partido Liberal Progressista, não faz promessas vans, Triunfante que seja, enfrentará com galhardia, com intrepidez e decisão, o magno problema da água e esgotos e desde já pode garantir, que para resolvê-lo e ao contento do povo, não irá de chapéu na mão, solicitar do governo do Estado empréstimos ruinosos.

As pessoas que dirigem, todos filhos desta terra que amam idolatradamente, propõem-se a levar de vencida tão arrojada empresa, unicamente com o seu esforço e energia.

É aqui, com elementos locais, que o problema dever e será resolvido.

De auxílios governamentais nada desejam e nem solicitam.

Não lhes falte o povo com o seu apoio que o partido da renovação, não faltará aos compromissos assumidos. Esperem os paraisenses mais um pouco e terão a prova do que afirmamos

O Liberal - edição 25 de novembro de 1934