Seção combativa sob direção de:
JOAQUIM F. GONÇALVES
GRANDES REALISAÇÕES
De modo algum poder-se-á compreender a elevação intelectual de um povo sem o necessário, urgente e agradável contato com os livros.
É pela boa leitura, é pela palavra rude da realidade (rude, porque tudo quanto é real choca-nos um pouco), que conseguimos aclarear os nossos espíritos, quase sempre preocupados com questões mesquinhas e fictícias de interesses pessoais.
Com o livro aprendemos o que foram os nossos antepassados e ao mesmo tempo estimulamo-nos para a construção de um alicerce sólido e básico que será o trabalho grandioso do futuro. E São Sebastião do Paraíso, que cada vez mais se sobressai dentre as cultas cidades mineiras, tem o imprescindível dever de aumentar o grau cultural de sua gente.
As administrações atuais e futuras devem encarar sempre como dever, inegavelmente patriótico, a educação do povo. O nosso progresso deve ser geral.
A filantropia do povo paraisense tem sido posta à prova como uma atitude de grande generosidade para com os menos afortunados. A Assistência Filantrópica e a próxima construção do Asilo, bem atestam esta afirmativa.
O elevado sentimento religioso e a imensa compreensão da caridade são as principais características da boa gente paraisense. Brevemente, serão iniciados os trabalhos para a colocação dos gigantescos sinos na Matriz.
Agora devemos olhar para um outro lado, o la-do do maior pessimismo no ambiente brasileiro, a educação geral do povo.
Conquanto contemos com estabelecimentos de ensino secundário, normal e superior, é necessário que organizemos uma grande biblioteca, que será a prova mais evidente que o paraisense terá sua intelectualidade.
Uma biblioteca pública terá a grande vantagem de satisfazer os desejos, quase irrealizáveis, daqueles que não podem dispender dinheiro para aquisição de livros.
Todos os espíritos bem formados, todas as inteligências comple-mente desenvolvidas e todo paraisense que tenha muito amor à sua terra, devem bem compreender o que significa a leitura e o que representa o livro na civilização de um povo. A educação generalizada faz que o povo reconheça com mais minúcia, o ambiente em que vive: fá-lo distinguir os elementos perniciosos dos indispensáveis, os ambiciosos dos desinteressados e os oportunistas dos bem intencionados. E assim sendo, reconhece-se no livro o amigo útil em todas as circunstancias.
Lembremo-nos que “um homem culto é mais rico, mais forte, mais apto para a vitória que qualquer outro”.
E, um indivíduo será mais independente, quanto maior for o seu nível intelectual e a Nação só será livre e grandiosa, quando o analfabetismo for suplantado pelo ensino e aperfeiçoado pela cultura.
“Saber é Amar-se”
Paraíso, fevereiro 1936.