MEMÓRIA PARAISENSE

João D’Aqui Escreveu

Por: . | Categoria: Cidades | 20-10-2023 09:17 | 50
Foto: Arquivo

Tião e Zizito 

Os três discursos pronunciados pelos nossos dignos conterrâneos, engenheiro Sebastião Montans, eleito vice-prefeito na próxima legislatura, engenheiro Luís Pimenta Neves, prefeito municipal e Sebastião Pimenta de Pádua, eleito vice-prefeito de São Tomás de Aquino, na brilhante inauguração da Cooperativa de Laticínios Ltda, no dia de Natal, foram claros, incisivos e oportunos, e daí nossa crença de que será realmente o 1951 início de vitória econômica para a nossa terra, marcando o primeiro e grande passo para uma estrada maior e melhor de trabalho e prosperidade.

Ali não estava um congraçamento político, aliás, bem longe disso. Se políticos ali se encontravam, ao ingressar os umbrais do belíssimo edifício da Cooperativa, deixaram sob a soleira da porta as ideias partidárias que tanto judiaram do passado.

Supomos nós, do O Cruzeiro do Sul, nós que fomos e sempre seremos políticos, mas políticos dentro da razão da lei, da justiça e da liberdade, defendendo, por qualquer preço os direitos do povo, que a Cooperativa de Laticínios Ltda foi criada com uma dupla finalidade dar trabalho aos que precisam e gostam de trabalhar e num gesto de alta espiritualidade incentivar e proclamar a paz, a calma e o bem estar no seio da família paraisense congregando-a num só bloco de veneração e respeito.

Eis porque ali, naquela festa de cordialidade e de trabalho com que a grande empresa recebia as bênçãos de Deus por intermédio de seu piedoso ministro, Monsenhor Jerônimo Mancini, havia um dístico de afeto no entrelaçamento das flores que foram a grinalda da paz da política paraisense, através dessa fonte de riqueza de benefício coletivo que é a Cooperativa de Laticínios Ltda.

Se quisermos recordar o passado, que dorme distante na poeira que o tempo levou, diríamos através do manto diáfano da verdade, que entre o senhor Comendador João Pio de Figueiredo Westin, do Canta-Galo, e Sebastião Pimenta de Pádua, da Boa Vista, cujas virtudes. Altas qualidades pessoais e morais, se nivelam paralelamente, havia, politicamente, um largo abismo entre as pontas de fogo da ameaça de uma tormenta a desencadear-se. Não era apenas a distância cortada pela política da perversidade entre dois cidadãos e dois cavalheiros de elevação moral definida: era o povo partido em duas colunas. Era coração da família paraisense cortado pela odiosidade política, em dois pedaços.

Mas, nessa separação do passado, não eram o Comendador João Pio de Figueiredo Westin e Sebastião Pimenta de Pádua que se esquivavam da cordialidade de um afetuoso aperto de mãos: eram dois políticos: Um ditador, outro, democrata, sem lei e sem justiça. Eis o passado.

A organização, bastante feliz, da Cooperativa de Laticínios Ltda, que ligou na canga da amizade e da estima esses dois famosos bois-do-coice, para puxarem o carro da paz e prosperidade da família paraisense, isto é, os famosos zebus do Canta-Galo e da Boa Vista, integrada como está, foi a maior conquista paraisense, motivo dos aplausos da opinião geral.

Nós que nunca fugimos ao dever de colaborar, às vezes com maiores sacrifícios, em benefício de tudo que é nosso, estamos contentes.

Resta que não seja a Cooperativa, realmente, uma organização política e para justifica-lo, deve dar trabalho a todos que gostam e precisam trabalhar, sem agir como outros estabelecimentos locais que por política negam aos outros, trabalho.

Votos de eterna paz à família paraisense e prosperidade à Cooperativa de Laticínios Ltda, da qual tanto depende nossa acepção econômica, é o que desejamos ao grande empreendimento escorado pelos bois-do-coice do carro-toldado da riqueza, da Boa Vista e do Taquaral! – Tião e Zizito. O Cruzeiro do Sul edição de 1.º de janeiro de 1951