202 ANOS PARAÍSO

Dr. Joaquim Alves Pinto – Doutor Quinzinho –

MEMÓRIA PARAISENSE
Por: . | Categoria: Cidades | 20-10-2023 09:21 | 183
Dr. Joaquim Alves Pinto (Doutor Quinzinho)
Dr. Joaquim Alves Pinto (Doutor Quinzinho) Foto: Rede Sociais

Antonio Westin

A vida é combate, que aos fracos abate, que aos fortes, os bravos, só pode exaltar” (Canção do Tamoyo) Gonçalves Dias.

Conhecer o Dr. Quinzinho é uma oportunidade que centenas de pessoas tiveram. Muitos receberam a honra de com ele conviver, e ouvir seus ensinamentos. Poucos tiveram a ventura e o privilégio de contar com sua amizade, assimilar algumas de suas muitas virtudes, contagiar-se com a sua imensa alegria de viver e o seu grande amor à humanidade.

Mineiro de São Sebastião do Paraíso, nasceu em 9 de março de 1906, filho de família ilustre, e das mais tradicionais. Sempre teve um desprendimento quase total pelos problemas financeiros, revoltando-se com o fato de precisar receber honorários de seus pacientes.

Formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, onde defendeu tese de doutorado sobre “Tratamento Cirúrgico da Tuberculose Pulmonar”, aprovado com distinção pela banca examinadora e que teve grande repercussão nacional e internacional, inclusive pelas faculdades de Medicina de Montevideo e Buenos Aires.

Apesar dos apelos de professores da faculdade para que permanecesse na Escola de Medicina, já como professor assistente, preferiu vir para São Sebastião do Paraíso, sua terra natal. Em agosto de 1931, aos 26 anos, assumiu a chefia da primeira enfermaria de mulheres da Santa Casa de Misericórdia, cujo chefe era o Dr. José de Oliveira Brandão, e o provedor o Dr. Agenor Azevedo. Assumiu a provedoria em várias oportunidades, construindo os pavilhões de enfermarias, maternidade, berçário, isolamento e por último a Escola de Enfermagem.

Um dos grandes méritos de Dr. Quinzinho em sua administração foi ter trazido as Irmãs Imaculada Conceição, provenientes de Santa Catarina, o que muito contribuiu para o engrandecimento de nossa querida Santa Casa de Misericórdia.

Graças ao seu espírito de luta, sua inteligência superior, seu senso de justiça, sua cultura extensa, seu humanismo total, conseguiu congregar em torno de si, uma equipe de médicos do mais alto quilate, durante todos esses anos.

Organizou e orientou a criação da Escola de Enfermagem da Santa Casa, e como provedor, por qualquer lugar por onde a gente passa, sempre tem a marca registrada do Dr. Quinzinho, a sua marca de amigo, mestre, orientador e homem.

Como chefe sempre foi justo, humano, enérgico, amigo, nunca permitindo que suas simpatias pessoais e suas afinidades intelectuais interferissem com os direitos e as responsabilidades de cada um. Seu espírito de justiça e desprendimento é tão grande, que auxiliou em muito o bom andamento do hospital e todo seu corpo de funcionários.

“Dr. Quinzinho sempre foi dotado de uma característica descrita como inquietude intelectual”, acompanhada de grande flexibilidade de ideias. Tem cultura humanística, filosófica e médica extensa e variada. Conhecedor profundo da medicina, é fonte de consulta de todos, sobre qualquer assunto. A todos atende com atenção, interesse, paciência desprendimento e amizade.

Interessa-se por todas as manifestações do espírito humano: literatura, poesia, filosofia, história, sociologia e política. Possui uma das mais completas bibliotecas brasileiras de livros antigos de medicina, além de coleções de livros raros de eletrônica, literatura e história.

Ao Dr. Quinzinho, a homenagem modesta, e a gratidão eterna.

(Antônio Westin, autor deste artigo é conceituado médico que atuou em  São Sebastião do Paraíso)

Jornal do Sudoeste, publicado em 1.º de abril de 1989.