CRÔNICA - Joel Cintra Borges

O calcanhar de Aquiles

Por: Joel Cintra Borges | Categoria: Cultura | 22-10-2017 09:10 | 2218
Foto: Reprodução

Na mitologia grega, Aquiles era filho de Tétis, uma deusa do mar, e do mortal Peleu, rei de Ftia, uma das províncias da Grécia lendária. Quando nasceu, sua mãe, querendo torná-lo imortal, mergulhou-o nas águas do Estige, o rio que banhava as regiões infernais. Essas águas mágicas eram venenosas e também enferrujavam metais, mas agiram sobre o corpo de Aquiles, que ficou invulnerável, exceto no calcanhar, por onde sua mãe o segurara.
Como Tétis tinha voltado a viver no mar, ele foi criado por um centauro muito sábio chamado Quíron, que o alimentava com fígado de leão e de javali, bem como tutano de urso, para que ele adquirisse a força e a coragem desses animais. Dava-lhe também mel, para que ele tivesse doçura e persuasão.
Quíron criou-o no respeito às virtudes antigas: o desprezo dos bens deste mundo, o horror à mentira e a resistência à dor e às más paixões. Ensinou-lhe também a caçar, cuidar de cavalos, contar, tocar harpa e curar pessoas.
Quando ele tinha nove anos, o adivinho grego Calcas previu que a cidade de Troia, na Ásia, não seria conquistada sem sua presença. Sua mãe, que também era adivinha, soube ainda que o fim da campanha contra Troia seria a morte de Aquiles. Por isso, para fugir à profecia, roubou o filho e vestiu-o de menina, levando-o para a ilha de Ciro, onde ele cresceu junto com as filhas do rei Licomedes. 
Quando Ulisses ia partir para a campanha de Troia, procurou Aquiles para levá-lo junto. Chegando à ilha de Ciro, olhou as moças da casa real, para ver se o reconhecia, mas Aquiles era tão belo que se misturava com as jovens.
Ele, então, usou de um sábio estratagema: entrou no palácio e deixou uma lança e um escudo na ala das mulheres; após isso, mandou que seus soldados tocassem os clarins de guerra. Enquanto as moças corriam assustadas, Aquiles permaneceu sozinho na sala, empunhando, corajosamente, o escudo e a lança.
Desmascarado por sua bravura, ele ofereceu seus préstimos para a guerra, sendo prevenido por sua mãe que, se fosse, teria uma fama retumbante, seria cantado por toda a Terra, mas, sua vida seria breve. Se ficasse, viveria muitos anos, mas, sem glória. Aquiles não teve dúvida: escolheu a vida breve! 
Partindo para Troia, lutou com muita valentia, incutindo grande temor aos inimigos. Ninguém conseguia matá-lo, porque, além de muito forte e corajoso, seu corpo era invulnerável.
Após muitos anos de luta, em que a vitória ora sorria para os gregos, ora para os troianos, Aquiles deixou de obedecer aos deuses, sendo, então, ferido por uma flecha de um inimigo chamado Páris, no único lugar vulnerável de seu corpo, o calcanhar. Apesar da dor, ele ainda lutou bravamente quanto pôde, depois tombou ao solo, morrendo. 
Ulissess, então, fingiu retirar-se, deixando um cavalo de madeira cheio de soldados, o famoso "Cavalo de Troia". Sem desconfiar de nada, os troianos o recolheram. À noite, os soldados gregos saíram de dentro do cavalo e abriram os portões da fortaleza para as tropas de Ulisses, o que possibilitou a conquista de Troia.