LOCUTORA PARAISENSE

Maria Therezinha, médica paraisense que foi locutora na Difusora e Rádio Nacional, morre aos 95 anos

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 22-01-2024 09:45 | 1799
A paraisense Maria Therezinha Ferreira Magalhães
A paraisense Maria Therezinha Ferreira Magalhães Foto: Arquivo Jornal do Sudoeste

A médica paraisense Maria Therezinha Ferreira Magalhães que foi locutora na Rádio Difusora Paraisense (ZYA-4), e no início da década de 1950 mudou-se para o Rio de Janeiro e trabalhou na Rádio Nacional, à época, a maior emissora da América Latina, morreu sábado (20) aos 95 anos.

Embora tenha concluído o curso normal, Maria Therezinha percebeu que não se sentiria bem lecionando. Certo dia, sintonizada com a Rádio Difusora, ouviu chamamento de José Soares Amaral (Zezé), diretor da emissora, anunciando vagas para locutores. Sua avó, Dona Nenega, com quem foi criada, falou com Zezé, lhe assegurando o emprego, e, bom salário.

No início da década de 50, vivia o rádio brasileiro sua época áurea. O grande referencial era a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Sonho de realização profissional para comunicadores, a Nacional entrou nos planos da paraisense Maria Therezinha Ferreira, onde ingressou meados de 1952.

Não encontrou dificuldades, se sentiu em casa como apresentadora e radioatriz. No entanto abandonou os microfones, receosa, temendo pelo futuro.

Cheia de ideais, alçou novos voos, e foi o presidente Getúlio Vargas, com quem teve contato nos tempos da Rádio Nacional, que a colocou como funcionária da Rede Ferroviária, onde conheceu seu segundo esposo, e reconstituiu sua trajetória de vida.

Maria Therezinha Ferreira Magalhães cursou Direito na Faculdade Cândido Mendes, formando-se em 1980. Exerceu a advocacia por algum tempo, mas conforme disse ao Jornal do Sudoeste (entrevista em 24/05/2011), caiu em desencanto, por nem sempre poder ver triunfar a justiça, em meio a tantos processos. Queria algo mais palpável, humano.

Inspirada nos exemplos de seu avô Zeca Ananias, farmacêutico, que segundo ela se pautava pelo amor ao próximo e pela caridade, e apoiada pelos filhos, prestou novo vestibular, desta vez para Medicina.

Aos 64 anos ingressou na Universidade, e ao formar-se foi integrada a um projeto do Governo Federal de interiorização da Saúde. Trabalhou no interior do Maranhão e em outros estados até mudar-se para o Norte de Minas Gerais, onde passou a cuidar de comunidades pobres, e aldeias indígenas (Xacriabás), nas regiões de Medina, Manga, Novo Cruzeiro. “Tive oportunidade de exercitar a caridade e chegar mais perto de Deus”, salienta.

Retornou para o Rio de Janeiro há alguns anos. Faleceu sábado, dia 20, aos 95 anos.