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FIA temeu que Senna fizesse o que Verstappen faz hoje

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 04-05-2024 02:58 | 1401
Ayrton Senna permanece vivo na memória e no sentimento das pessoas mesmo trinta anos após a sua morte
Ayrton Senna permanece vivo na memória e no sentimento das pessoas mesmo trinta anos após a sua morte Foto: F1

A F1 está em Miami para a 6ª etapa do Mundial, mas ainda é tempo de falar de Ayrton Senna na semana em que se completou 30 anos de sua morte, celebrada na última quarta-feira, 1º de maio. Porque a morte de Senna ainda mexe com as pessoas. Passados trinta anos, ainda há um fascínio por respostas que nunca serão respondidas. Ainda se busca por notícias mesmo sabendo que não há nada novo sobre tudo que já foi falado e escrito ao longo das três últimas décadas. Mas é impressionante como a influência e as lembranças de Senna ainda são sentidas não só no Brasil, como no mundo.

Ele foi um ícone do esporte, um gênio das pistas, um dos maiores pilotos de todos os tempos, que teve uma carreira ainda mais valorizada pelo nível técnico de seus adversários da época. Falo de Alain Prost, Niki Lauda, Nelson Piquet, Nigel Mansell e Michael Schumacher que estava apenas começando, mas já se sabia tratar-se de outro ‘fora da curva’.

Fato é que na entressafra das temporadas de 1993 para 94, a Federação Internacional de Automobilismo decidiu mexer no regulamento da F1 temendo que Senna fizesse naquela época o que Max Verstappen fez no ano passado e continua fazendo nesta temporada: vencer tudo, ou quase tudo, tornando a disputa monótona.

A F1 vivia a era da tecnologia embarcada nos carros equipados com suspensão ativa, controle eletrônico de tração, câmbio automático, e a Williams que tinha como projetista o mesmo Adrian Newey, hoje na Red Bull (sobre ele falo mais abaixo), estava um passo à frente da concorrência no desenvolvimento e aprimoramento daquelas parafernálias eletrônicas. Correr pela Williams passou a ser a obsessão de Senna que enfrentou um ano bastante complicado na McLaren em 1993 com o MP4/8 muito inferior tecnicamente. A McLaren era cliente da Ford e tinha um motor V8 com defasagem de 40 cavalos de potência em relação a versão fornecida à Benetton de Schumacher que era a principal cliente da Ford. A diferença técnica para a Williams de Alain Prost era brutal. Senna passou a temporada toda renovando seu contrato corrida a corrida como forma de pressionar Ron Dennis a conseguir um motor melhor e mesmo assim fechou a temporada como vice campeão apenas 26 pontos atrás do campeão Prost, e com 5 vitórias espetaculares, entre elas a de Interlagos, Donington Park - em que largou em 4º na chuva e completou a primeira volta na liderança -, a sexta em Mônaco e a última na F1, conquistada na Austrália onde no alto do pódio, puxou Prost para junto de si, colocando uma trégua na rivalidade.

Senna iria assumir o carro do francês em 94, mas com o fim da eletrônica embarcada, a Williams perdeu força. Foi como se tivesse cortado as suas asas. E o sonho de pilotar o melhor carro, de vencer todas as corridas virou pesadelo com o modelo FW16. Durante os testes de pré-temporada, Senna previu que aquele seria um ano de muitos acidentes na F1 porque sem a eletrônica os carros estavam muito desequilibrados. A profecia se confirmou. Foi um ano de muitos acidentes e mal sabia ele que um desses o levaria à morte em Ímola, assim como o que ceifou também a vida de Roland Ratzenberg no dia anterior no trágico final de semana do GP de San Marino.

O que me chamou atenção nesta semana foi que passados 30 anos, o nome e a imagem de Ayrton Senna ainda continuam fortes aqui e no mundo. Foram inúmeros sites, canais, TVs, rádios, jornais, revistas, perfis que lembraram e homenagearam o brasileiro. Pessoas que conheço e que não eram nascidas antes da morte de Senna, passaram a admirá-lo, como eu também admirei e continuo admirando Juan Manuel Fangio e Jim Clark sem nunca os terem visto correr. Senna deixou um grande legado, e legado não tem fim. Viva Senna!

Dito tudo isto, a F1 chega a Miami com a confirmação da saída de Adrian Newey da Red Bull depois de 19 anos, onde ajudou a equipe a vencer sete campeonatos de pilotos e 6 de construtores. O mago da aerodinâmica ficou insatisfeito com as condutas do chefe da equipe, Christian Horner, por abuso sexual contra uma funcionária da equipe, e também com a disputa pelo poder entre o próprio Horner e o consultor do time, Helmut Marko. Ele se afasta com efeito imediato das tarefas diárias da F1, mas ainda estará em algumas corridas e se concentrará na finalização do projeto do hipercar RB17 que a Red Bull pretende disputar as 24 Horas de Le Mans. O destino de Newey ainda é incerto, embora haja fortes indícios de que vá para a Ferrari que terá Lewis Hamilton no ano que vem. O anúncio pode sair a qualquer momento.

O GP de Miami é o segundo seguido com o formato de corrida Sprint. Serão seis ao longo do campeonato. A largada para a minicorrida será às 13h deste sábado; às 17h acontece a classificação para a corrida de amanhã que terá largada às 17h, ao vivo pela TV Band.