POLEPOSITION

A Hungria sempre proporcionou boas histórias para a F1

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 20-07-2024 04:00 | 1075
Nelson Piquet com a Williams no GP da Hungria de 1986, autor da mais bonita ultrapassagem de todos os tempos na F1
Nelson Piquet com a Williams no GP da Hungria de 1986, autor da mais bonita ultrapassagem de todos os tempos na F1 Foto: LAT Photographic

O GP da Hungria é daqueles que não exige grande esforço de memória para encontrar uma boa história. A prova entrou para o calendário da F1 em 1986 e com o passar dos anos superou as expectativas. Houve épocas em que balançou, mas não caiu e permanece firme e forte, chegando à marca de 39 edições ininterruptas desde quando a F1 rompeu a cortina de ferro do leste europeu e fincou sua bandeira pela primeira vez em um país do antigo bloco comunista que não tinha nenhuma tradição com o automobilismo. Os registros mostram que apenas Zsolt Baumgartner correu na F1. Ele disputou 20 GPs para Minardi e Jordan entre 2003 e 2004 e obteve um 8º lugar no GP dos Estados Unidos de 2004 como melhor resultado, somando o único ponto da carreira. Curiosamente, num passado bem distante, o primeiro Grand Prix (nome que se dava às corridas antes do surgimento da F1) que foi disputado em Le Mans, na França, no ano de 1906, foi vencido pelo húngaro Ferencz Szisz, desde então o maior nome do país no esporte a motor.

Mas é curioso como os pilotos brasileiros muitas vezes estiveram envolvidos nas melhores histórias do GP da Hungria. A começar pela espetacular ultrapassagem de Nelson Piquet sobre Ayrton Senna na estreia daquele país na F1, vista como uma das mais lindas de todos os tempos tanto pelo grau de dificuldade como por ter sido realizada em uma das pistas mais difíceis de se ultrapassar na F1. Para quem começou a se interessar agora pela categoria, sugiro procurar por vídeos no YouTube. Piquet foi pelo lado esquerdo de Senna, deixou para frear no limite da tomada da curva, segurou no braço os mais de mil cavalos de potência do motor Honda da Williams e ultrapassou o compatriota por fora no contorno da primeira curva com o carro atravessado, ‘saindo com as quatro rodas’ e venceu a corrida. Deu dobradinha brasileira com Senna em segundo naquele 10 de agosto de 1986. No ano seguinte Piquet e Senna repetiram a dobradinha e em 88 Senna venceu em seu primeiro ano na McLaren. Ao todo foram seis vitórias brasileiras no Hungaroring, as duas de Piquet, três de Senna (1988/ 91/ 92) e uma de Rubens Barrichello em 2002 com a Ferrari.

A Hungria já produziu corridas chatas, mas uma mexida aqui e outra ali ajudou a melhorar o traçado, embora continue com o mesmo grau de dificuldade de ultrapassar. Há um só ponto favorável no final da reta dos boxes. Foi na reta dos boxes do Circuito de Hungaroring que em 2010 Rubens Barrichello colocou pra fora todos os sapos e lagartos que engoliu de Schumacher nos tempos em que foram companheiros de Ferrari e foi corajoso ao extremo ao ultrapassá-lo espremido entre a mureta dos boxes e a Mercedes do alemão que jogou duro, mas Rubinho não tirou o pé e fez uma tão bela quanto arriscada ultrapassagem com a Williams que valeu a 10ª posição.

Para Felipe Massa a Hungria não traz boas recordações. Foi lá em 2009 que ele sofreu o grave acidente ao ser atingido por uma mola que se desprendeu da Brawn GP de Barrichello e acertou o seu capacete deixando-o vários dias em coma quando vivia o melhor momento da carreira. Um antes Massa caminhava para a vitória com a Ferrari, mas precisou abandonar há três voltas da bandeirada por quebra de motor. A vitória caiu no colo do finlandês Heikki Kovalainen, a única de sua carreira na F1.

A Hungria marcou também a primeira vitória das carreiras de Damon Hill, Jenson Button e Fernando Alonso, todos campeões mundiais, além da única até aqui de Esteban Ocon. Mas é Lewis Hamilton mais uma vez o maior vencedor do GP da Hungria com 8 vitórias, exatamente como era alguns dias atrás em Silverstone antes de vencer o GP da Inglaterra e se tornar o maior vencedor em uma mesma pista. E há um bom presságio para que ele possa igualar o próprio recorde. Em 2022 o companheiro de Mercedes, George Russell conquistou a primeira pole position da carreira na Hungria. Hamilton fez o mesmo no ano passado; e a Mercedes vem de duas vitórias consecutivas nesta temporada, o que significa que Hamilton deverá estar na mistura com Verstappen, Norris, Piastri, Russell, Sainz e Leclerc na disputa pela pole position deste sábado às 11h. Pela dificuldade de ultrapassar no Hungaroring, a posição de largada é fundamental como em Mônaco. Max Verstappen lidera o campeonato com 255 pontos, 84 a mais que o vice-líder, Lando Norris, mas a vantagem não tira o brilho da temporada que tem até aqui seis pilotos de quatro equipes com vitórias. A largada para a 13ª etapa do Mundial acontece amanhã às 11h.