Oscar Piastri venceu o GP do Azerbaijão segurando a pressão de Charles Leclerc por 35 voltas sem cometer um erro sequer. Foi a segunda vitória do jovem e promissor australiano que teve o passe disputado em uma batalha judicial vencida pela McLaren contra a Alpine antes mesmo de ter estreado na F1 no ano passado. Depois de 39 corridas, valeu o esforço do departamento jurídico da equipe inglesa nos tribunais. Apesar da pouca experiência, Piastri é um piloto frio, calculista e está em processo de amadurecimento rápido.
Assim que trocou os pneus de composto médio pelos duros, o australiano partiu para cima da Ferrari de Leclerc e fez a ultrapassagem mesmo contrariando as indicações de seu engenheiro para cuidar dos pneus. “Senti que tinha um pouco mais de aderência e tinha que ir em frente. Eu sabia que se não ultrapassasse naquele momento, não ultrapassaria mais”.
Isso se chama determinação. Apesar de Lando Norris ser mais experiente com 121 GPs e estar diretamente envolvido na disputa pelo título de pilotos com Max Verstappen, em certas ocasiões, como nas largadas, por exemplo, Norris ainda tem um déficit se comparado com a evolução que Piastri já alcançou.
A McLaren está muito bem servida de pilotos, mas já percebeu que Piastri é o futuro da equipe. A prova cabal ficou evidente na demora em tomar a difícil decisão de favorecer Norris na luta pelo campeonato de pilotos, mas sem deixar Piastri se frustrar em ter que ajudar o companheiro de equipe. E que ironia Norris ter que ajudar Piastri a vencer o GP do Azerbaijão! Isso aconteceu na volta 13 quando Sergio Pérez voltou dos boxes atrás de Norris que retardou seu pit stop e passou a segurar o mexicano que tinha ritmo para vencer a corrida. Pérez em sua melhor corrida do ano estava a caminho do pódio e acabou vítima de um enrosco com Carlos Sainz indo os dois parar no muro a duas voltas do final.
A McLaren assumiu pela primeira vez desde 2014 a liderança do Mundial de Construtores, desbancando a Red Bull que há 55 corridas reinava absoluta, desde o primeiro terço da temporada de 2022. A vitória de Piastri e o 4º lugar de Norris que largou de 15º depois de ser eliminado na classificação do sábado no Q1 por conta de uma bandeira amarela, renderam 38 pontos para a McLaren contra apenas os 10 da Red Bull somados por Verstappen, que não vence há sete corridas. A diferença agora está em 20 pontos a favor da equipe inglesa (476 a 456). Norris terminou o GP do Azerbaijão no lucro quando esperava terminar no máximo em 8º, mas superou Verstappen e diminuiu 3 pontos a diferença que agora está em 59 pontos (313 a 254), mas ainda restam 206 pontos em jogo. A situação é um pouco mais complicada para Charles Leclerc (235) que terminou em 2º e para Piastri (222), mas nesse cenário de Verstappen com dificuldades, e McLaren e Ferrari somando muitos pontos, eles também estão matematicamente na luta pelo título uma vez que restam 7 corridas e 248 pontos em jogo.
Além da boa atuação do vencedor Oscar Piastri, o tenso GP do Azerbaijão revelou duas gratas surpresas. O argentino Franco Colapinto pontuou pela primeira vez com um ótimo 8º lugar. Em sua segunda corrida de F1, Colapinto já fez muito mais do que o demitido Logan Sargeant nos 36 GPs que disputou pela Williams. Oliver Bearman também pontuou ao terminar em 10º com a Haas e entrou para a história da F1 como o primeiro piloto a pontuar em suas duas únicas corridas por dois construtores diferentes. Na Arábia Saudita o jovem inglês de 19 anos terminou em 7º com a Ferrari, substituindo Carlos Sainz que se recuperava de uma cirurgia de apêndice. Na Haas, Bearman substituiu Kevin Magnussen que foi suspenso por ter atingido o limite de 12 pontos cometidos em infrações. Detalhe curioso: nas duas vezes, Bearman largou da 11ª posição do grid.
A F1 segue neste final de semana com a 18ª etapa do campeonato em prova noturna no Circuito Marina Bay, nas ruas da Cidade-Estado de Cingapura, que recebe a categoria pela 15ª vez.