CAMPEÃO

Ryan Bonacini é campeão nacional nas Paralimpíadas Escolares

Além do ouro nos 400 metros rasos, paratleta ainda ficou com o bronze nos 100 metros
Por: Ralph Diniz | Categoria: Acidente | 07-12-2024 06:02 | 475
Aos 17 anos, Ryan Bonacini realiza o sonho de ser campeão Brasileiro de paratletismo
Aos 17 anos, Ryan Bonacini realiza o sonho de ser campeão Brasileiro de paratletismo Foto: Divulgação

Aos 17 anos, Ryan Bonacini, de São Sebastião do Paraíso, alcançou um feito histórico ao conquistar a medalha de ouro nos 400 metros rasos e o bronze nos 100 metros durante as Paralimpíadas Escolares de 2024. O corredor passou por diversos obstáculos e realizou o sonho de ser campeão nacional estudantil.

Realizada em São Paulo entre os dias 25 e 30 de novembro, a competição marcou a última oportunidade de Ryan participar do evento, já que ele atingiu a idade limite para competir. Determinado, o jovem fez valer cada segundo na pista, representando Minas Gerais com garra e determinação.

O caminho até o ouro foi longo e cheio de desafios. Em 2023, Ryan ficou em segundo lugar nas provas e saiu frustrado. “Fiquei muito triste, mas me comprometi a trabalhar duro para conquistar o ouro neste ano”, relembra. Seu esforço e dedicação finalmente deram resultado nesta edição.

Antes das Paralimpíadas Escolares, Ryan já havia vencido o JEMG (Jogos Escolares de Minas Gerais) nas duas categorias. No entanto, uma lesão quase comprometeu sua participação. “Eu trinquei o metatarso e fiquei um mês sem correr. Mas, quando voltei, entrei com tudo, determinado a vencer.”

Como se não bastasse, uma virose o debilitou uma semana antes do evento. “Passei muito mal, mas minha mãe nunca me deixou desanimar. Ela sempre dizia que tudo ia dar certo e que eu era capaz”, lembra o atleta.

A primeira prova, os 100 metros, aconteceu sob um calor intenso. Ansioso, Ryan aqueceu muito antes da corrida, o que o deixou cansado na largada. Mesmo assim, alcançou seu melhor tempo oficial, 11 segundos e 37 centésimos, e garantiu o bronze. “Fiquei feliz porque dei o meu melhor. Parabenizei os meus companheiros de corrida, mas, depois dali, decidi que, um dia, seria eu no lugar mais alto do pódio.”

E a promessa se cumpriu mais rápido do que ele pensava: a prova decisiva foi nos 400 metros, no dia seguinte. Com uma chuva torrencial caindo, Ryan enfrentou as condições adversas com coragem. Apesar de não ter treinado especificamente para essa distância, ele acreditou em si mesmo. “Eu pedi a Deus que não adiassem a prova por causa do meu tempo. Entrei na pista tremendo de frio, mas pensei: ‘É agora.’ Dei tudo de mim.”

O esforço valeu a pena. Ryan cruzou a linha de chegada com o tempo de 55 segundos e 78 centésimos e soube, no mesmo instante, que havia vencido. “Comecei a chorar de felicidade. Era um sonho realizado. Ganhei por milésimos, foi no detalhe, mas valeu cada esforço.”

Mesmo sabendo que a chuva lhe rendeu uma gripe, Ryan nem se importou. “Assim como meu ídolo Ayrton Senna, minha corrida favorita sempre foi na chuva. Estava perfeito para mim.”

UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO E INSPIRAÇÃO
A história de Ryan começou muito antes do atletismo. Em 2019, um acidente aparentemente simples mudou sua vida. “Caí brincando com um amigo e fraturei o braço. Não parecia grave, mas tive uma trombose que, em poucas horas, poderia ter atingido meu coração.”

Após 45 dias de internação e 32 cirurgias, Ryan sobreviveu, mas enfrentou o preconceito. “Muita gente olhava para o meu braço com nojo. Passei a usar camisetas de manga longa para esconder as cicatrizes.”

Foi em 2022 que ele encontrou no atletismo um propósito. Com o apoio do treinador César Leandro, Ryan superou a vergonha e se dedicou ao esporte. “Ele acreditou em mim, e eu abracei a corrida.” Naquele mesmo ano, ele foi campeão estadual no JEMG e medalhista de prata nas Paralimpíadas Escolares, estabelecendo a base para a vitória de 2024.

FUTURO E GRATIDÃO
Agora, Ryan sonha em disputar os Jogos Paralímpicos e, quem sabe, uma Olimpíada convencional. “Meu maior sonho é representar o Brasil ao lado do meu ídolo Petrúcio Ferreira. Ele tem 27 anos, e eu espero chegar ao nível dele.”

Apesar das ambições, Ryan reflete sobre o verdadeiro significado do esporte. “A vitória vicia, mas o mais importante é dar o melhor de si.” Ele também reconhece o apoio que recebeu. “Sou grato ao meu treinador César Leandro, minha mãe, minha família, patrocinadores e amigos. Sem eles, nada disso seria possível”, conclui o campeão.