ELY VIEITEZ LISBOA

Poema à Vida

Por: Ely VIeitez Lisboa | Categoria: Cultura | 25-10-2017 10:10 | 2101
Foto: Reprodução

Tenho em mãos o livro Poema à Vida, de Eliana Mumic Ferreira, edição 2017. Foi um delicado presente da autora. Na primeira orelha da obra há informações de grande interesse do leitor. 
Eliana nasceu em São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, no ano de 1929. É Membro Efetivo da Academia Paraisense de Cultura. Autora da letra do Hino desse sodalício. Tem vários títulos honoríficos e prêmios literários, como "Primeiro Lugar Feminino" em Concurso Nacional, promovido pela revista "Seleções", em 1948.
Na introdução, apresentada pela autora, há um artigo de Ary de Lima, notável professor, escritor e poeta. Ele diz: "Sim, porque para Eliana, as flores têm cores e só os olhos dos poetas podem ver. As torrentes têm murmúrios que só eles entendem. As estrelas têm cânticos que só seus ouvidos escutam e as aves têm gorjeios que só eles entendem". Ary de Lima afirma ainda que a poetisa é "grande amiga da solidão, porque quando ela se recolhe sabe falar com as flores e conversar com os passarinhos. Sabe ouvir as queixas dos regatos que choram e ver a brisa beijando as folhas que tremem. É lá na alma da solidão que conversas, buscando inspiração para seus versos". Afirma ainda que a poetisa "gosta dos que sofrem, adora as pequeninas coisas, compadece-se dos que choram, detesta os que têm orgulho".
Este depoimento do poeta ilustre mudou a vida de Eliana Mumic, depois de sua publicação em "A Época", importante jornal de Paraíso. Era a consagração da poetisa. O artigo "Revelação", de Alaor Ribeiro, consolidou o valor literário da jovem poetisa, assim como o poema Loira Criança, de José Borges de Vasconcelos, que depois disso tornou-se também amigo e protetor da jovem talentosa.  Fama, glória, prêmios, felicitações e reconhecimento. No final da Introdução da autora há mensagens plenas de filosofia e lirismo, afirmando que:  "Onde a vida é eterna e a morte não existe".
Lendo o livro, na página 22 há o belo poema "A Hora do Amor", que se sobressai por um forte e refinado erotismo. Na página 27, somos surpreendidos com "Infinitude", lindo título, um apólogo poético-filosófico". 
Cada texto encanta o leitor pela variedade de temas, como o da página 31, "Viver agora", um cântico à filosofia do Carpe Diem, frase em latim de um poema de Horácio. Alusões literárias, cânticos a costumes da terra mineira, poemas biográficos. Na pág. 47, a poetisa utiliza a estilística da repetição, em belos versos.
O poema "Dúvidas", inteligentemente, Eliana usa um interessante jogo semântico, falando de seu passarinho: " Ele se veste de penas / para mostrar, quem diria, / que tenho penas de dor / e as dele são de alegria". Enfatize-se ainda neste inteligente poema, o emprego de rimas ricas. Em "Pensando em você", (pág. 61) há belíssimas metáforas. Como a obra foi escrita em vários anos, encontramos alguns Acrósticos, gênero literário muito em voga, no passado. O final do livro é enriquecido com o interessante poema narrativo "O Início", longo, composto de doze textos. 
"Poema à Vida" é realmente um livro que consagra Eliana Mumic Ferreira, como grande poetisa, concretizando a afirmação de Alaor Ribeiro, falando da obra: Ela "nos revela mais uma promissora poetisa que amanhã, quem sabe, será um nome nas letras brasileiras".
(*) Ely Vieitez Lisboa é escritora.
E-mail: elyvieitez@uol.com.br