ANTÔNIO GILBERTO
Somos amigos, mas essa homenagem não se deve a simpatias pessoais. Antônio Gilberto Ribeiro de Castro, Diretor Presidente da CBMM, está se aposentando e assim ganhará tempo para desfrutar do remanso merecido em sua vida de justas conquistas. E já é das figuras públicas mais importantes da história desta cidade, de todos os tempos.
O conheci logo que cheguei à Araxá. A princípio, suas maneiras práticas e objetivas me deram uma sensação de pressa, de urgência. Enganei-me. O que Gilberto tem é a simplicidade que só os grandes homens, como ele, possuem. É de uma transparência absurda, a tal ponto que em quinze minutos de prosa você parece conhecê-lo bem. Nunca o vi falando mal de quem quer que seja – virtude admirável e cada vez mais rara. Dirige com maestria uma empresa que não é somente responsável pela exploração de um dos metais mais importantes do mundo, mas também fomenta milhares de empregos diretos e indiretos. Uma cidade inteira depende disso, e Araxá e seus habitantes deverão ter Gilberto e seus entes queridos em suas preces por muitas e muitas gerações, por tudo o que fez de bom pelo desenvolvimento local. Por tudo que criou e ajudou incentivar. Por existir e fazer construir de útil ao seu redor.
Apesar de sua posição empreendedora e crucial, nunca demonstrou qualquer soberba com quem quer que seja. Jamais soube de descortesia dele com o mais humilde dos funcionários de sua empresa, nunca torceu nariz para os desagrados e críticas, sempre combateu detratores com trabalho e sem olhar para trás, talvez porque soubesse que há um motivo claro para que críticos impiedosos estejam sempre atrás de nós. Nunca ‘a frente.
Acho que nunca o vi de paletó e gravata. Se vi, foi em uma ou outra solenidade em que lhe foi sutilmente imposto o formalismo da vestimenta. Sempre trabalhou de jeans e camisa da empresa, como todos seus funcionários, os quais sempre tratou igualitariamente. Aliás, começou na empresa como contínuo, muito jovem, e foi ganhando espaço por esforços próprios, galgando degraus e conquistando etapas em seu crescimento profissional vertiginoso e que culminou com a direção de uma Companhia que ele viu crescer. Que ele ajudou a desenvolver, como ninguém antes. Como, talvez, ninguém depois dele. É claro: quem conquistou trajetória tão árdua e meritória não pode deixar de lado suas raízes, e é por isso que ele ampara os que começam trilhar os mesmos caminhos.
Tenho um ponto em comum com ele: somos ambos viciados em trabalho. Gilberto viaja sempre cumprindo agendas da empresa e, por aqui, só se despe da farda da CBMM para assumir outras empreitadas, como produtor rural e pai de família. Se deu tanto por Araxá, fez tanto à frente da instituição que tão bem representa, que será muito estranho não vê-lo mais à frente do conglomerado minerador que se tornou um símbolo mundial do nióbio que explora.
Executivo do setor privado, tomou emprestadas várias condutas comuns ao serviço público. Nunca se rendeu a mimos e atenções e já o vi repreender um funcionário que tentava presenteá-lo sem a mínima intimidade pra isso: aquilo não ficava bem entre pares e colegas, disse na ocasião. Serviu bem aos três poderes sem nada pedir em troca. Nunca dele ouvi qualquer insinuação de favorecimento pessoal, para ele ou quem quer que fosse. Sempre quis servir e para isso se escondia, fugindo dos holofotes, talvez porque seu estado de ânimos natural é o do cristão que considera ajudar o próximo um dever prazeroso e não mérito. Ah, Gilberto, se todos fossem iguais a você...
Mesmo ajudando, foi criticado vez ou outra por espíritos menos nobres. Nunca perdeu o sono e os resmungos invejosos de uma meia dúzia de gatos pingados jamais arrefeceram seu brilho intenso. Prestou contas de tudo o que fez, e se pudesse teria feito mais. Tranquilo, sempre soube que as árvores frondosas espalham não só a sombra, mas também a responsabilidade pelos frutos que alimentam àqueles necessitados e carentes da serenidade perene e altaneira que só os homens justos possuem. Felicidades, Gilberto, você merece.
RENATO ZUPO, Magistrado, Escritor.