O fiscal de Obras e Urbanismo e advogado, José Antônio Rodarte Junior é um aquinense que por meio de muita luta foi construindo sua vida e fez carreira em São Sebastião do Paraíso. Aos 34 anos, conseguiu ser eleito vereador em São Tomás de Aquino, onde tem um escritório de advocacia e realiza alguns trabalhos após seu expediente em Paraíso. Rodarte é filho de José Antônio Rodarte e Maria Amélia da Silva, é casado com Márcia Rodrigues dos Santos, com quem vive em São Tomás, terra onde espera fazer diferença como político.
Jornal do Sudoeste: Sua família é toda de São Tomás de Aquino?
José Antônio Rodarte Junior: Na verdade parte da família vive entre São Tomás, São Sebastião do Paraíso e também tenho parentes em Franca. Por parte de mãe a família é toda de São Tomás de Aquino.
Jornal do Sudoeste: E como foi sua infância e juventude por lá?
J.A.R.J.: Meus pais se divorciaram quando eu ainda era pequeno, então morei com meu pai na zona rural até os meus 21 anos, no município de São Tomás. Até os 20 era uma vida normal, eu estava acostumado com aquela vida e desde os 13 anos já trabalhava na roça, fazendo todo o tipo de serviço; era uma fazenda cafeeira, do Dr. João Jaquaribe, onde meu pai trabalha até hoje. Quando fiz 20 anos, pensei em começar a mudar de vida e prestei concurso aqui em Paraíso, consegui ficar em 4º lugar, mas até aí não tinha esperança de ser chamado, então fui para Franca onde morei e trabalhei por cerca de seis meses, e lá recebi a notícia de que fui convocado e vir para cá. Até então, só tinha terminado o colegial. À época eu e uma irmã decidimos prestar alguns concursos porque queríamos começar a construir uma carreira, embora não tivéssemos expectativas.
Jornal do Sudoeste: Com isso você decidiu voltar a estudar?
J.A.R.J.: Quando eu assumi, muitas pessoas dentro da Prefeitura me incentivaram a volta a estudar e foi aí que decidi cursar a faculdade de Direito, terminei, prestei a OAB e passei. De lá para cá eu venho conciliando meu trabalho na Prefeitura com um pequeno escritório de Advocacia em São Tomás de Aquino. Foi muito difícil. Estudei na Libertas, eu morava aqui sozinho, trabalhava, mas todo final de semana conseguia ir para São Tomás visitar a família. A dificuldade só não foi maior durante esse período de trabalho na Prefeitura e de formação por causa da facilidade que eu tinha de poder visitar e estar com a minha família e amigos.
Jornal do Sudoeste: E o que te motivou a escolher o Direito?
J.A.R.J.: Antes de ingressar na Prefeitura eu tinha vontade de estudar Engenharia Civil, por ter mais facilidade com matemática e gostava muito dessa questão de desenhos de projetos entre outras coisas. No entanto, quando que assumi meu cargo de fiscal de urbanismo, que é uma profissão que observa a aplicação da legislação, na época o Mauro Zanin e o Osmar sempre nos incentivavam a buscar conhecimento. Recordo-me que essa questão que envolve legislação de obras e postura era muito limitada e tivemos a oportunidade de participar da criação de algumas leis e dentro desse incentivo comecei a gostar do Direito, independentemente de iria advogar ou não, mas era uma faculdade que iria me ajudar muito dentro da minha carreira na Prefeitura.
Jornal do Sudoeste: Essa fase de graduação foi tranquila?
J.A.R.J.: Sim. Foi uma época muito boa e tranquila, tive ótimos professores. A Libertas é uma faculdade que tem uma boa estrutura e na época foram os primeiros cursos de Direito, mas já era uma faculdade muito voltada a incentivar seus alunos. Graças a Deus não tive dificuldade. A grande vantagem é que tudo o que aprendíamos na Faculdade colocávamos em prática no dia a dia no trabalho e as dúvidas que tínhamos no trabalho, tirávamos na Faculdade, então as duas coisas se conciliaram.
Jornal do Sudoeste: Qual área do Direito que você gosta mais?
J.A.R.J.: Por eu estar na Prefeitura, tinha mais afinidade com Direito Administrativo, por causa do trabalho que já desempenhava e logicamente a cobrança do trabalho dentro da Prefeitura. Eu me voltava um pouquinho mais a leitura e busca pelo do conhecimento desta área, principalmente para usar no trabalho. Inclusive, meu trabalho de conclusão de curso foi voltado para o Direito Administrativo. Dentro do Direito eu também gostava de outras áreas, como o Penal e o Civil, que abrange muita coisa, mas o Direito Administrativo era a área que eu mais gostava.
Jornal do Sudoeste: Como é a função de fiscal de urbanismo
J.A.R.J.: É um cargo de fiscalização que é responsável pelas obras e posturas municipais. Dentro da questão de obras, está todo o tipo de obras, no caso, particulares. A pessoa quer construir, ela dá entrada no projeto, vai até a Prefeitura, pede um licenciamento, nós fazemos uma vistoria prévia para aprovar e depois continua fazendo o acompanhamento desta obra. A questão de postura é bem mais amplo, que está relacionado às questões mais locais, por exemplo, o comércio ambulante. Isso é mais específico de cada município. Dentro da fiscalização de obras, é muito semelhante o trabalho entre os municípios, inclusive, dentro dessa fiscalização de obras, nós alisamos questões estaduais e até mesmo federais. Já a postura, não, é de interesse local e cada município tem a sua peculiaridade, a sua necessidade, como uso de calçadas, comércio ambulante, eventos entre outras questões. Esse foi um trabalho que encaminhou a minha. Tive a oportunidade de aprender muito com os gestores e tive colegas de trabalho que me incentivaram bastante, e ainda nos incentivam; e tive a oportunidade de fazer uma faculdade.
Jornal do Sudoeste: É um trabalho muito difícil?
J.A.R.J.: O trabalho de fiscal não é para qualquer um, não pela dificuldade, mas pela responsabilidade. Nós costumamos falar que o trabalho de fiscal se assemelha ao trabalho do policial, claro que não é a mesma função, mas nós temos o dever de aplicar multa diante das irregularidades, fechar estabelecimentos e logicamente que há àqueles que não entendem isto. O fiscal aplica a lei e nesse ofício quase sempre o servidor é mal interpretado. Já tivemos alguns problemas da pessoa ficar nervosa, mas na conversa e na aplicação, acabam entendendo. Mas são muitos desafios entre a questão de aplicar a lei e ser mal interpretado por isto.
Jornal do Sudoeste: Há muita diferença entre a população aquinense e paraisense?
J.A.R.J.: Há muita diferença pela cobrança. Acredito que por São Tomás ser menor, a cobrança ao Legislativo e Executivo pela população é muito menor que em Paraíso. Hoje, diante desse contato que eu tenho com a Prefeitura de Paraíso e com a Câmara daqui, vejo que os Paraisense são mais participativos e estamos tentando levar isto para São Tomás. É importantíssimo o papel da população em cobrar e exercendo seu direito democrático.
Jornal do Sudoeste: Por que você decidiu se candidatar a vereador?
J.A.R.J.: Desde quando eu trabalho aqui em Paraíso, mesmo quando a Câmara ainda era no prédio da Prefeitura, tínhamos muito contato com os vereadores, então desde a época do Amorim, do próprio Dr. José Editis, observávamos muito esses vereadores e tínhamos muito contato com o Romualdo, o Maguila e ficávamos de fora admirando o trabalho deles. Em São Tomás, eu tenho um pequeno escritório de advocacia onde atendo algumas áreas específicas, mas eu falo que não é nem um trabalho fixo, porque eu atendo lá depois que termino meu trabalho aqui. Nesse processo, as pessoas começaram a questionar o porquê eu não me candidatava. À época eu tinha muito contato com o presidente do PMDB, e já havia sido convidado a me can-didatar, mas sempre tinha o receio. Quando surgiu a oportunidade eu me filei e me candidatei lá. Tive muita ajuda do meu pai, do meu sogro e graças a Deus a população acreditou em mim e fui bem aceito. No final da apuração, tivemos o resultado, vimos a responsabilidade, que é muito grande, e desde então estamos aprendendo muito. Estamos tentando quebrar algumas barreiras.
Jornal do Sudoeste: São novos desafios...
J.A.R.J.: Quem vai nortear a minha carreira política é a população, porque se eu conseguir fazê-la entender que eu fiz o trabalho que o vereador tem que fazer, talvez eu me candidate novamente, mas é difícil. Mesmo acompanhando o trabalho do vereador aqui em Paraíso de perto, vimos que na prática é diferente. O vereador não tem o poder de fazer praticamente nada. Dentro das atribuições do vereador, que é fiscalizar o Executivo e legislar, e dentro disso fazer seus projetos de leis e ajudar o Executivo, em uma cidade pequena é muito difícil cumprir essas funções.
Jornal do Sudoeste: As sessões em São Tomás começaram a ser gravadas por você, não foi?
J.A.R.J.: Sim. Fazia parte das minhas promessas de campanha dar transparências as ações, e foi o que eu fiz. Adquiri uma câmera e comecei a gravar todas as sessões que acontecem lá. Mas fizemos indicação ao presidente daquela Casa Legislativa que acolha os bons exemplos na região como acontece em Cássia e Paraíso, onde as sessões são transmitidas ao vivo. É muito difícil que o cidadão se desloque até a Câmara e muitas vezes ele não entende o que está acontecendo, mas se ele tiver a oportunidade de ter acesso a essa pauta da sessão antes de acontecer, já é uma conquista muito grande, tanto que conseguimos isto após a polêmica do projeto do 13º salário; até então não eram divulgados os projetos que estavam em trâmite na Casa. Agora, isso oportunizada que o cidadão possa ir á Câmara e presencie a votação dos projetos e principalmente do seu vereador.
Jornal do Sudoeste: Qual é o seu foco enquanto vereador?
J.A.R.J.: Uma das minhas missões, independente se eu vá continuar ou não na carreira política, é mostra para a população o real trabalho e atribuições de um vereador para que ela possa nas próximas eleições identificar não as pessoas “boas”, aquelas que ajudam por interesse, mas aquelas que têm condições de contribuir, não com ela ou com uma ou duas pessoas, mas que possam contribuir com toda a sociedade aquinense. Ajudando a elaborar o orçamento e fiscalizando para que o dinheiro público seja aplicado da forma correta. Outra missão é a busca da transparência e para mim não existe a mínima possibilidade de se fazer uma boa política e uma boa gestão sem dar transparência de suas ações.
Jornal do Sudoeste: E qual o balanço você faz desses 34 anos?
J.A.R.J.: A minha vida, até os 20 anos foi difícil. Lutei muito e graças a Deus tive muitas oportunidades e dentro dessas oportunidades que eu tive, soube aproveitar. Eu tive a oportunidade de estar aqui na Prefeitura, de ser concursado, tento exercer meu trabalho de forma ideal; tive oportunidade de fazer faculdade... Então, vejo isso tudo como responsabilidades que vim ganhando. Como vereador, venho buscando conhecimento a todo momento, nunca deixei de estudar e sempre ouvia na faculdade que eu escolhi uma profissão que eu teria que estudar a vida inteira e o Direito veio para me ajudar, tanto na Prefeitura, agora estando como vereador. Falo muito em missões, e acredito que somos incumbidos de algumas e como agente político, a minha principal missão é abrir os olhos da população para formar novos agentes políticos.