No dia 14 de dezembro de 1900, enquanto caminhava com seu jovem filho pelo bosque Grunewald, nos arredores de Berlim, Max Planck, professor de física da universidade local, disse:
– Hoje fiz uma descoberta tão importante quanto a de Newton... Dei o primeiro passo para além da física clássica.
Ele se referia à observação que fizera sobre a emissão de energia, sob determinadas condições, por objetos aquecidos, a qual não era contínua, como todos os físicos pensavam, mas, descontínua, em “pacotes”, aos quais ele deu o nome de quantum (palavra latina que quer dizer quantidade e cujo plural é quanta). Estava iniciado o alicerce da física dos quanta, ou física quântica, como passou a ser chamada!
Sua descoberta era tão importante porque batia de frente com a física clássica. Tudo indicava que a nível subatômico as hipóteses da física de Isaac Newton simplesmente não funcionavam, tornando-se necessário um tipo inteiramente novo de física.
Logo surgiram continuadores, sendo o principal deles Nils Bohr, dinamarquês, prêmio Nobel de física em 1922, que é considerado (com toda justiça, devido a seu imenso trabalho nessa área), o pai da física quântica. Outros desbravadores desse campo novo foram: Rutherford, Heisenberg e Einstein (que a utilizou em sua Teoria da Relatividade Especial em 1905), entre outros.
Apareceram também contestadores, como Max von Laue, o mais importante físico teórico alemão da época, que ficou tão enfurecido com as ideias de Bohr que declarou:
– Se essa teoria estiver correta, abandonarei a física! – Felizmente foi dissuadido dessa atitude, tornando-se mais tarde grande amigo de Nils Bohr.
O que ficou claro, depois de todos esses estudos e polêmicas, é que há dois conjuntos de leis naturais que regem o Universo: as conhecidas por newtonianas, para as coisas tangíveis, as quais são previsíveis, exatas; e as leis da mecânica quântica, para o mundo subatômico, que se assentam no conceito de probabilidades: é possível que aconteça uma coisa, nunca se sabe com certeza como determinado processo se comportará, somando-se dois mais dois provavelmente dará quatro...
Outra observação importante é que as leis da mecânica quântica conduzem aos processos considerados holísticos. Todos os fenômenos são interdependentes, conduzindo a um todo indivisível. O observador e o objeto observado interagem continuamente, porque ambos fazem parte do todo. O pensamento é uma onda produzida de forma descontinua, sendo, portanto, quântico e vivo e criativo!
A física, ou mecânica quântica, não é apenas uma teoria bonita e interessante: é a mãe de toda a alta tecnologia eletrônica atual. Alguns exemplos: controles remotos de TVs, aparelhos de ressonância magnética utilizados nos hospitais e até o aparelho de CD e o microcomputador!
O Universo desenhado por Newton assemelhava-se a um relógio, na verdade um grande relógio, mas, mecânico, previsível. A física dos quanta veio demonstrar que, antes que tenhamos essa pretensão, ainda há muito chão para percorrermos! Bem se expressou Nils Bohr quando disse: “Qualquer um que não tenha ficado aturdido ao pensar na teoria quântica, simplesmente não a compreendeu.