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Dayane Vieira de Paula: Carisma e força de quem não desiste diante dos obstáculos da vida

Por: João Oliveira | Categoria: Entretenimento | 25-02-2018 20:02 | 8643
Após falecimento do pai, Dayane passou a realizar as entregas do Luiz Gás
Após falecimento do pai, Dayane passou a realizar as entregas do Luiz Gás Foto: Arquivo Pessoal

A jovem Dayane Vieira de Paula, de 23 ano, é exemplo de bom caráter e comprometimento com os negócios da família. Filha de Maria Lisete Vieira de Paula e Luiz Rosa de Paula, o Luiz Gás, Dayane perdeu o pai no ano passado e, desde então passou a fazer o trabalho que ele realizava, entregando gás em toda a cidade. Ao lado da mãe e da irmã caçula de apenas 11 anos, Maria Heloísa, ela não deixou que o trabalho do pai se perdesse com o seu falecimento. Formada em Ciências Contábeis pela Libertas Faculdade Integradas, ela decidiu deixar a carreira de lado e tomou nas mãos essa difícil tarefa que é o comércio de gás em Paraíso. É com sorriso tímido e acolhedor que ela conta um pouquinho da sua vida que, apesar das reviravoltas, não deixou de ter fé e de confiar em Deus.




Jornal do Sudoeste: Como foi sua infância em Paraíso?
Dayane Vieira de Paula: Foi uma infância muito boa, bem tranquila. Sempre ajudei meus pais desde pequena e era muito estudiosa, muito focada nos estudos. Apesar de pensar primeiro nos estudos, sempre ajudando meu pai, minha mãe, e a família. Depois que me formei no ensino médio, comecei a trabalhar fora. No último dia de aula no ensino médio comecei a trabalhar em um comércio local, porque eu queria minha independência. Eu pensava em começar uma faculdade, precisava pagar, então foi um período muito bom, não durou muito, mas foi muito intenso, porque eu tive mais contado com as pessoas e até então minha vida era aqui em casa.




Jornal do Sudoeste: Como foi essa busca pela independência?
Dayane Vieira de Paula: Eu estudei Ciência Contábeis e me formei em 2015. Depois que saí desse meu primeiro emprego surgiu a oportunidade de trabalhar em um escritório de contabilidade, onde fiquei até 2016, depois surgiu uma nova oportunidade em outro escritório onde fiquei até o dia do falecimento do meu, quando decidi parar de vez. Mas esse período foi bom para eu ver como funcionava um escritório e isso me ajuda muito hoje.




Jornal do Sudoeste: Você faz a própria contabilidade da família hoje?
Dayane Vieira de Paula: Não, ainda não. O serviço é terceirizado e a responsabilidade é muito grande porque assume questões fiscais, contábeis, RH. Mas eu tinha a intenção de sair do trabalho onde eu estava e passar a ajudar na parte administrativa da empresa do meu pai. À época, mudei de emprego para cobrir uma licença médica, mas seria só por esse período, eu tinha a intenção de esperar um pouco até as coisas se estabilizarem, mas aí meu pai veio a falecer.




Jornal do Sudoeste: Vocês pensaram em desistir da empresa?
Dayane Vieira de Paula: Não. Meu pai sempre falava que enquanto existir a empresa, o Luiz Gás, o nome dele, sempre será falado e ele estará junto da gente... daqui até isso durante daqui muitos anos; desistir nós jamais faremos isso, tentar a gente tenta.




Jornal do Sudoeste: É um ramo difícil?
Dayane Vieira de Paula: Não é fácil. Nós entregamos para a cidade toda, tanto o caseiro quanto o industrial. E não é um trabalho que qualquer um pode fazer, precisa ter a carteirinha do MOPP, que é para poder fazer o transporte de produto perigoso, há toda uma legalidade. Até então, eu não tinha feito esse curso e não era minha preocupação, porque era algo que meu pai já fazia.




Jornal do Sudoeste: Como foi esse processo?
Dayane Vieira de Paula: Eu comecei a procurar e liguei em tudo que era lugar para saber onde eu poderia fazer o curso. À época disseram para eu buscar informações junto a Associação Comercial, depois na Associação dos Caminhoneiros, que é algo mais comum a eles, e lá me informaram que tinha que formar turma, e isso demorava um pouco; então passei a entrar em contato com algumas autoescolas, mas não deu certo. Depois disto, tive um sonho com meu pai me dizendo que eu estava atrasada para começar o curso e quando acordei, lembrei que tinha uma autoescola que eu não havia entrado em contado, quando liguei me informaram que eu tinha que fazer minha inscrição até na quarta, porque já começava na sexta o curso.




Jornal do Sudoeste: Toda a situação não te revoltou?
Dayane Vieira de Paula: Não. Muita gente poderia ter se revoltado, pensando que Deus tirou um ente querido dele, o porquê fez isso conosco se somos tão corretos, mas não pensamos nisso, se ele foi eu tenho certeza que está cuidando da gente de onde ele tiver.




Jornal do Sudoeste: Fale sobre seu trabalho ...
Dayane Vieira de Paula: É cansativo, nós funcionamos das 8h às 20h, o horário que mais trabalhamos é no horário de almoço e jantar. Um botijão pesa de 26 a 30 kgs, mas a gente é forte e quando é um mais pesado, minha mãe ajuda, porque não podemos sair nós duas e deixar o telefone sem atendimento. Porém, eu sempre tenho companhia da minha irmã, do meu primo, ou do meu namorado que também me ajuda bastante. Enfim, essa é a nossa rotina. Minha mãe atende ao telefone, me passa o endereço pelo Whatsapp mesmo, porque eu acho mais prático e rápido, pesquiso o endereço no GPS porque ainda não sei todos de cor, levo o gás e já instalo para o cliente.




Jornal do Sudoeste: Você também tem outras atividades...
Dayane Vieira de Paula: Sim. Também faço artesanato, é um trabalho que rende um dinheiro extra. Isso já é desde o começo do ano passado, meu pai chegou a pegar essa fase. Então eu criei o Vieiras Ateliê e faço convites e todas essas lembrancinhas de festa. Meu pai apostava muito na gente e ficava muito feliz em saber que estávamos pegando encomendas.




Jornal do Sudoeste: Diga sobre seus planos ...
Dayane Vieira de Paula: Eu penso muito no agora, com tudo o que aconteceu passamos a encarar a vida de outra maneira. Não que eu não tenha sonhos, claro que eu quero casar, ter filhos, mas é difícil pensar que nesses momentos meu pai não estará presente. Depois de tudo, passamos a deixar nas mãos de Deus, Ele faz o melhor para a gente.




Jornal do Sudoeste: E qual o balanço que você faz até este momento?
Dayane Vieira de Paula: Que Deus é muito bom, Nossa Senhora é muito boa. Deus cuida da gente, são nos momentos mais difíceis que a gente sente a presença Dele, quando eu saio para entregar um botijão de gás, por exemplo; estou sempre pedindo proteção e discernimento para poder continuar e tocar o negócio para frente, porque querendo ou não, apesar do fato de uma mulher estar fazendo este serviço e as pessoas pensarem que é fácil, não é. Eu não parei de pensar no futuro, mas não crio muito expectativas, mas o que vier será bom.