A nutricionista Simone Moura Amaral, pós-graduada em terapia nutricional e nutrição esportiva, é uma profissional que acredita no poder que não somente a prevenção, mas também a alimentação saudável e equilibrada pode ter na vida de uma pessoa. Filha de Ana Maria Moura Amaral e do comerciante Roberto Campos do Amaral, Simone tem uma irmã mais nova, a engenheira de alimentos Débora. Aos 33 anos, a nutricionista, que hoje se dedica mais em trabalhar a prevenção do que a doença em si, acredita que esta é a chave para uma vida melhor e mais próspera.
Jornal do Sudoeste: Sua via toda foi aqui no Largo São José?
Simone Moura Amaral: Sim. Minha vida foi toda aqui, onde meu pai sempre manteve o comércio dele. A infância foi brincando aqui na Praça e na redondeza, praticamente são os mesmos vizinhos de quando eu era criança.
Jornal do Sudoeste: Como foi ter que deixar Paraíso para estudar?
Simone Moura Amaral: Na verdade não, era uma experiência que eu queria ter. Por estudar em Passos tinha a oportunidade de ir e vir, mas no terceiro ano, quando precisei fazer estágio e ficava lá o dia inteiro decidi me mudar, mas de início eu não queria e quando aconteceu já estava mais preparada.
Jornal do Sudoeste: Era boa aluna na fase de escola?
Simone Moura Amaral: Era muito estudiosa, tinha notas boas e nunca dei trabalho para meus pais, não; estudei em escola pública até a 4ª série e a partir da 5ª em escola particular e fiz um ano de cursinho para amadurecer a ideia do que eu queria fazer, porque chegou a época de vestibular eu fiquei bem confusa, era muito nova e não é fácil resolver o que você quer fazer a vida inteira, então vi que era Nutrição mesmo o que eu queria estudar.
Jornal do Sudoeste: Teve algo que te motivou a escolher esta profissão?
Simone Moura Amaral: Eu sempre gostei e achava interessante a profissão, não tinha ninguém próximo ou um nutricionista conhecido para me inspirar, foi mesmo por conhecer este trabalho. Na época, que eu estava confusa em relação ao que estudar, pensei em fazer dança por gostar muito, mas não achava que era algo que vingaria, foi por isso que eu fiz cursinho e amadureci a ideia, já tinha lido muito sobre Nutricionismo e achava muito bonito trabalhar com prevenção.
Jornal do Sudoeste: Afinal é a prevenção que evita problemas futuros, não é mesmo?
Simone Moura Amaral: Sim. Hoje, e mesmo antes, eu acreditava que eu iria gostar de trabalhar muito mais com a prevenção do que com a doença. A prevenção é a chave para não desencadear futuras doenças. Assim que me formei, trabalhei quatro anos na Santa Casa e também trabalhava com consultoria de saúde, além de manter o consultório. No início, a procura maior era de pacientes com doenças, como diabetes e hipertenção, depois disto, talvez pela minha especialização em nutrição esportiva, em 2012, de lá para cá tenho atendido mais a parte de prevenção, não apenas necessariamente perda de peso ou patologias. Acredito que a preocupação com a saúde aumentou, tendo em vista que as academias estão mais cheias e as pessoas têm se preocupado mais com alimentação e saúde.
Jornal do Sudoeste: Nutrição esportiva é uma novidade ou é algo que já vem acontecendo um tempo?
Simone Moura Amaral: Aqui em Paraíso nem tanto, mas a nossa formação na faculdade não nos prepara muito para a nutrição esportiva, por isso da necessidade de uma especialização. Eu conheço muitos profissionais nutricionistas que só fizeram nutrição e por isto não tem muita base sobre a nutrição esportiva; quando atletas ou praticantes de atividades físicas procuram para orientação, eles ficam um pouco perdidos, era o que acontecia comigo porque as pessoas começaram a me procurar e eu via que não tinha tanto conhecimento nesta área. Por isso busquei a especialização em Campinas, entre 2010 e 2012.
Jornal do Sudoeste: Foi uma fase difícil?
Simone Moura Amaral: Foi bem corrido. A especialização era uma vez por mês aos sábados e domingos e eu tinha conciliar com o trabalho. Foi um período bem corrido porque eu trabalhava à época na Santa Casa de segunda a sábado e quando chegava o fim de semana que eu precisava viajar, tinha que trabalhar dobrado durante a semana, afinal o hospital não para e é muito corrido.
Jornal do Sudoeste: E qual a diferença entre o acompanhamento convencional e o nutricionismo esportivo?
Simone Moura Amaral: É mais questão de cálculos em relação à dieta, orientação de refeição pré-treino, pós-treino e elaboração de dieta. Na faculdade nós saímos um pouco cru nesse sentido porque são apenas seis meses de nutrição esportiva e essa especialidade é muito ampla para aprender apenas neste período.
Jornal do Sudoeste: Muita gente faz dieta por conta própria, isso representa algum risco?
Simone Moura Amaral: Eu lido muito com essa situação e é uma dificuldade que tenho no consultório e acredito que não somente eu, mas os nutricionistas de maneira geral. Sobre autodietas não diria riscos, mas acontece da gente atender um paciente que já vem com um monte de informações que viu na internet, e assim fica difícil, porque faz uma recomendação e o paciente questiona, parece que a gente fica um pouco desacreditada.
Jornal do Sudoeste: E são não são dietas eficazes, não é mesmo?
Simone Moura Amaral: Hoje em dia surgem muitas dietas novas que a gente mal consegue acompanhar; são dietas que dão um resultado mais rápido (isso em relação em perda de peso na balança) que um acompanhamento com nutricionista, mas isso ocorre porque a pessoa perde mais massa magra do que a gordura e quando a gente faz dieta a intenção é conseguir o contrário, porque o músculo a gente precisa preservar ou aumentar, pensando na terceira idade. Isso era um pouco pior antes, hoje eu vejo que as pessoas já entendem melhor que esse não é o caminho, porque da mesma forma que perdem o peso rápido, ganham também esse peso mais rápido. Então os riscos seriam esses, perder o que não deveria.
Jornal do Sudoeste: E não dá para viver comendo maçã ou ovo o dia inteiro...
Simone Moura Amaral: É verdade, são dietas que não dá para manter por muito tempo e eu trabalho com todos os alimentos, não costumo restringir o que meu paciente come. O que é mais calórico, eu oriento ter bom senso, ninguém vai ficar sem comer uma pizza, mas também não vai comer todo dia e nem precisa cortar ele da dieta também, às vezes você vai a um evento e tem isso; todo mundo tem vida social, mas também não pode descontar o que fez certinho durante a semana em um fim de semana. Eu sempre trabalho com equilíbrio e tento colocar isso para os pacientes, que começam a se policiar mais e quando eles viajam não tem tanto ganho de peso, gordura e conseguem manter bem.
Jornal do Sudoeste: O que é uma alimentação saudável?
Simone Moura Amaral: Para mim, alimentação saudável é comer de tudo, desde que com moderação. Não tem segredo, é muito simples. Às vezes, tem pacientes que me procuram e dizem que fez a “despedida”, que foi no rodízio e aproveitou bastante, mas eu não acho que tem que ser assim, eu só quero que a pessoa não torne aquilo um hábito, então, alimentação saudável é basicamente isto, comer de tudo com moderação.
Jornal do Sudoeste: E também é importante manter uma alimentação saudável, não é mesmo?
Simone Moura Amaral: Sim, é importante, às vezes a pessoa atinge o corpo que gostaria e para, não é assim. Também acontece do paciente não ter condições de manter um acompanhamento nutricional a vida toda e é por isso eu gosto de ensinar, não quero que eles fiquem dependentes de mim, por isso gosto de ensinar e mostrar que o essencial é manter uma rotina de exercícios e fazer o que gosta. Tem muita gente que pergunta o que é melhor para perder peso, mas às vezes aquele exercício não é algo que ela sente vontade e começa a deixar de fazer, por isso é importante fazer o que gosta, o que dá prazer, para ter continuidade.
Jornal do Sudoeste: Você cozinha?
Simone Moura Amaral: (risos) Não é algo que eu goste muito de fazer, mas eu sei se precisar, até mesmo porque eu trabalhei em hospital preparando cardápio e tinha esse contato diário. Não passaria fome, mas não é algo que eu goste de fazer.
Jornal do Sudoeste: Você também se policia muito enquanto nutricionista?
Simone Moura Amaral: Sim. Sigo a mesma regra que eu tento passar para meus pacientes, que é comer de tudo com moderação. Faço exercício praticamente todos os dias, e quando não vou é por conta da rotina de trabalho. Eu faço musculação, treinamento funcional e dança (que eu sempre gostei de fazer). Desde pequena sempre pratiquei atividades física e a única coisa que eu nunca gostei muito era de esportes coletivos, como handball e vôlei. Em relação à alimentação, gosto de comer de tudo e procuro sempre me alimentar bem.
Jornal do Sudoeste: Em casa você também busca levar esse conhecimento para a família?
Simone Moura Amaral: Sim, também, eles me ouvem bastante, dão importância e tento orientar da melhor forma, principalmente porque eu tenho um sobrinho de um ano e sempre oriento minha irmã para o que ela puder evitar de bobeira, assim o fazer. Os hábitos são criados nesta fase da infância e se você começar a oferecer uma alimentação que não é muito adequada, a criança passa a tomar gosto por isso e não vai querer comer bem, e é esse um dos problemas que eu enfrento com crianças e adolescentes. É melhor ensinar o hábito de uma alimentação saudável no início, do que ter que tirar nesta fase. Infelizmente, tenho muitos pacientes nesta faixa-etária com problemas de colesterol elevado. É algo que me preocupa e acho que temos que cuidar, por isso tento orientar para uma alimentação saudável em casa.
Jornal do Sudoeste: Não precisa tirar tudo de uma vez...
Simone Moura Amaral: Não, paladar a gente acostuma, se você coloca muito açúcar ou sal naquele alimento, você não sabe o sabor dele, então é só ir reduzindo aos poucos, não precisa tirar de uma vez. É algo que eu faço hoje, não tomo nada com açúcar. Não sou muito de comer doce e acho que meu único vício é o chocolate, mesmo assim eu não exagero e também não passo vontade.
Jornal do Sudoeste: O que podemos prevenir com uma dieta saudável?
Simone Moura Amaral: Principalmente diabetes, colesterol alto, triglicérides elevado e doenças cardiovasculares, são problemas que a gente consegue evitar ou àqueles que têm caso na família, porque são doenças hereditárias, a gente consegue ao menos adiar, porque às vezes a hipertenção, por exemplo, é um fato genético muito forte e um dia aquela pessoa que tem essa tendência irá desenvolver, mas a gente faz de tudo por meio da alimentação que isso ocorra o mais tarde possível.
Jornal do Sudoeste: E qual o balanço que você faz?
Simone Moura Amaral: Eu sou muito realizada em relação a minha profissão, nunca tive dúvidas no que eu me formei. Eu fui criada muito bem e meus hábitos hoje, de forma geral acredito não são devido a minha profissão. A maior parte é o que eu aprendi com meus pais. Isso é muito importante. Tive uma adolescência tranquila e em relação à faculdade, fiz amizades que mantenho até hoje e a profissão é tudo o que eu gosto de fazer, fiz duas pós-graduação: terapia nutricional e nutrição esportiva, foi tudo o que eu queria, trabalhar com prevenção. Hoje trabalho muito pouco com doenças e acredito que estou no caminho certo.