Um amigo me falou que sempre trabalhou e estudou muito, e que seu pai, também uma pessoa bastante ativa, gostava de animar os filhos, dizendo-lhes:
- Há muita rosa para colher!
Bela expressão!
Há muita coisa bonita no mundo para se ver. Cachoeiras tão altas que as águas descem rendadas como véus de noiva. Rios caudalosos com muito peixe para se pescar. E nem é preciso muita coisa, após encontrar-se um bom lugar: uma varinha fina de bambu, poucos metros de fio de nylon e um anzol. A isca pode ser qualquer coisa: um pedacinho de carne, um grão de milho cozido...
Há muitos pores-do-sol e muitos amanheceres para se ver. E os espetáculos estão aí, todos os dias, semnecessidade de ingressos. Basta que nos sentemos e olhemos para o céu, sem correria, sem afobação, sem tentar apressar os astros, como tentamos apressar, às vezes, todas as coisas!
- Há muita rosa para colher!
Há muita coisa boa, muita coisa bonita para se fazer, em todas as fases da vida, sem transgredir as leis da natureza, as leis do bom senso, as leis dos homens, as Leis de Deus.
O jovem tem muita moça para namorar, muita bola para jogar, muita escola para estudar, muito dinheiro para ganhar...
A pessoa idosa ainda tem trabalho, só que um pouco menos, mas sempre. Carro parado enferruja, casa fechada cria mofo. E tem também muitos livros para ler, muitos filmes bons para assistir. Viagens para fazer, rostos novos para ver, terras desconhecidas para pisar! Basta que o barco zarpe, que o avião decole, que o ônibus se mova!
Em qualquer ocasião, é importante que nos lembremos que temos muito mais a agradecer que a pedir. Muito mais para apreciar, para aproveitar, do que motivos para lamentações.
Carpe diem, já dizia o escritor Horácio na antiguidade. A tradução tem o mesmo sentido positivo: aproveite o dia!