Há algum tempo, pensando nas cabeçadas enormes e frequentes, que damos antes de aprender os rudimentos da arte de viver, ocorreu-me uma ideia:
– Por que não existe uma matéria obrigatória, durante todo o período escolar, dedicada apenas e tão-somente a essa difícil ciência que se chama viver?
A escola parte do pressuposto de que toda a moral, a ética, os bons costumes, devem ser aprendidos em casa, com os pais. E que aos professores cabe ensinar geografia, história, matemática, física nuclear... Acontece, porém, que esse pressuposto não é verdadeiro, porque – independentemente de condição social – nem todas as famílias são bem estruturadas o suficiente para dar aos filhos um bom alicerce psicológico e uma série de conhecimentos de enorme importância no seu dia-a-dia.
As matérias, obviamente, acompanhariam a idade dos estudantes. Assim, crianças de cinco a seis anos estudariam o respeito aos pais (e, por extensão, às pessoas mais velhas), noções de higiene, como tratar os colegas. Na pré-adolescência, cursos sobre as diversas drogas e seus efeitos sobre a saúde, aulas sobre relacionamento sexual e sua importância na vida das pessoas, aprenderiam a conhecer melhor o próprio direito e o direito dos outros. Na Faculdade, a ética, a importância da própria profissão na sociedade, o papel de cada pessoa no melhoramento o mundo...
Deveria haver também uma matéria chamada A história das religiões, a qual daria uma ideia geral da relação do homem com Deus, do tempo das cavernas até aos dias de hoje, podendo o aluno aprofundar-se nessa ou naquela religião, conforme sua preferência. Isso porque a ideia de Deus e a de que a lápide não é o fim, dão um significado maior à nossa existência.
Os professores poderiam, de início, ser psicólogos, sociólogos ou assistentes sociais, que são os profissionais que lidam mais de perto com relações humanas. No futuro poderia surgir um curso específico para formar professores mais adequados, bem como material didático apropriado. O que nunca poderia ser deixado de lado seria o cunho eminentemente prático das aulas.
Se bem pensarmos, quanta coisa inútil aprendemos na escola. Inútil é uma palavra muito forte, de vez que todo conhecimento sadio é válido, é importante, mas, bem que poderia ser trocada por ensinamentos mais úteis, porque relacionados com nossa vida diária, com os problemas que, queiramos ou não, temos que enfrentar.
Obviamente, essa nova matéria não transformaria a humanidade em santa de uma hora para outra. Não, a evolução não dá saltos. Mas, bem que ajudaria as pessoas na hora de fazer opções:
– Uso ou não uso droga? Por que?