A bióloga e coordenadora da Vigilância em Saúde em São Sebastião do Paraíso, Daniela Cortez Aguiar, é alegre e sorridente, características com as quais você se depara a qualquer hora do dia caso a encontre. Ela garante que esse espírito feliz está presente na família e busca transmitir essa positividade aos filhos Ana Clara, de nove anos, e ao pequeno Henrique, de três. Casada com o engenheiro Marlon Aguiar, uma relação que começou há 24 anos, ela não consegue evitar o sorriso apaixonado ao falar do marido e dos filhos. Filha caçula do casal Juciara Mariano Cortez e do taxista Moacir Cortez, Daniela tem outros quatro irmãos: a Sandra, o Marco Aurélio, Denise, e a Patrícia. Hoje, aos 40 anos, ela conta que vive uma fase ótima em sua vida e confidencia que seus planos para futuro é formar seus pequenos e poder viajar muito para conhecer novos lugares.
Jornal do Sudoeste: Como foi a infância em Paraíso?
Daniela Cortez: Morei minha vida toda no bairro Lagoinha. Recordo-me que íamos muito para o rancho com a família – sempre fomos muito ligados a família do meu pai – e eu brincava muito com meus primos que tinha uma idade próxima a minha. Também brincávamos muito na rua, e perto da Lagoinha tinha uma rua onde se reuniam todas as crianças. Na minha infância lembro que a Lagoinha era toda gramada e não havia grade ao entorno da lagoa. Havia uma fonte que quando jorrava água, a gente fugia, porque tinha um odor muito forte de peixe. Depois ela passou por reforma, na gestão do prefeito Pedro Cerize, que calçou e construiu aquela passarela no centro do lago.
Jornal do Sudoeste: Seus pais não se preocupavam?
Daniela Cortez: Não havia perigo, era bem tranquila a rua e tínhamos muita amizade com os vizinhos, não tinha muito movimento naquela época. A Pimenta de Pádua não era asfaltada, era inteira de bloquete e não tinha muito carro, e quando passava algum não era rápido. Eu ainda moro ali, próximo aos meus pais; mesmo sendo perto não deixo minha filha mais velha atravessar a rua sozinha. Hoje o tráfego está intenso em Paraíso. Certa vez fizemos um estudo de impacto de vizinhança para o Sesc, há muito tempo, na Zezé Amaral, e num período de 10 a 12 horas transitaram mais de sete mil carros, é um movimento absurdo.
Jornal do Sudoeste: E como foi sua fase de escola?
Daniela Cortez: Sempre estudei em escola pública, fiz meu pré-escolar no Pingo de Gente, de lá comecei a estudar no Noraldi-no Lima, depois Paraisense e o ensino médio no Ditão. Depois disto fui estudar Biologia na Universidade de Franca. Foi uma fase muito tranquila, sempre tirava boas notas e era uma boa aluna, nunca enfrentei problemas enquanto a isto.
Jornal do Sudoeste: Por que biologia?
Daniela Cortez: Eu sempre gostei muito da natureza e, ainda adolescente, imaginava que eu trabalharia no Ibama, que iria para o Projeto Tamar, era o que sonhávamos. Na faculdade optei por fazer o bacharelado e não a licenciatura, vi que dar aula não era algo que eu queria, não tinha esse perfil. Fui para o bacharelado, e antes de me forma, prestei concurso da prefeitura e comecei a trabalhar como fiscal sanitário, em 2000. Logo após foi criada a Vigilância Epidemiologia e eu vim trabalhar na epidemiologia, onde fiquei até 2007. No final deste ano fui convidada para ir para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, onde comecei a trabalhar com a Iara Borges e fiquei lá por 10 anos, até que o secretário de Saúde, Wandilson Bícego, quando assumiu a pasta da Saúde, convidou-me para voltar e ajudá-lo nesta gestão.
Jornal do Sudoeste: Já era um trabalho familiar?
Daniela Cortez: Já conhecia o trabalho, mas a Vigilância mudou muito nesse período de 10 anos, então tive que conhecer todos os funcionários e, como trabalhamos em equipe, isso é fundamental. São 78 servidores, mas esse foi um processo tranquilo, todas as pessoas são muito boas e acostumadas a trabalhar em equipe.
Jornal do Sudoeste: Durante esta estada no Meio Ambiente você também desenvolvia um projeto junto as escolas...
Daniela Cortez: Sim. Assumi um projeto que existia e envolvia coleta seletiva, era a “Gincana da Coleta Seletiva”, que levávamos para as escolas e trabalhava a conscientização da separação do lixo e, a partir de então, recolhíamos esses materiais na escola e levávamos para as associações, para apoiar essa ação ambiental. Na época eu também cheguei a ser presidente da Associação de Desenvolvimento Ambiental Amigos de Paraíso (Adaap). Era um projeto que a Adaap apoiava e ainda apoia este e vários outros projetos de educação ambiental. Também recebíamos os alunos no Parque da Serrinha e fazíamos trilhas. O Parque é um lugar que eu gosto muito e estou sempre envolvida nestas questões pela minha formação como bióloga e pela minha própria criação, que fui criada muito em meio a natureza porque tínhamos contato com rancho.
Jornal do Sudoeste: Essa relação entre o Meio Ambiente e a Vigilância em Saúde é muito próxima?
Daniela Cortez: Sim, estão muito relacionadas. Como eu adoro essas duas áreas, busco sempre uni-las. Aqui temos a Vigilância em Meio Ambiente, que se atenta realmente a questões ambientais, então realizamos a coleta de água para análise a fim de garantir a sua qualidade para o consumo humano. Trabalhamos também em parceria com o Meio Ambiente para realizar o cercamento e plantio em nascentes para mananciais que abastecem a cidade e tem também a própria questão da vacinação de animais, além de várias outras situações que buscamos sempre manter parceria.
Jornal do Sudoeste: Paraíso evoluiu no que se diz respeito a questões ambientais nos últimos anos?
Daniela Cortez: Muito, em todo o estado, tanto que Minas é um dos estados mais rigorosos no que diz respeito a licenciamento ambiental entre outras questões. Acredito que a população está tendo mais conscientização. Antigamente o desmatamento era muito maior, hoje já se pensa duas vezes antes de desmatar próximo a uma mina d’água, por exemplo, para não fazer falta no futuro. Claro que existem questões que acabam levando a degradação do Meio Ambiente, porém há muita fiscalização, hoje temos o Codema, que ajuda e delibera assuntos pertinentes ao Meio Ambiente. Acredito que já evoluiu muito e ainda tem muito para evoluir.
Jornal do Sudoeste: A educação ainda é o ponto de partida, não?
Daniela Cortez: Tudo desemboca na educação e batemos muito nessa tecla de que precisamos priorizar a questão da saúde na educação, para irmos até aos alunos para falar sobre dengue, sobre chagas que é uma realidade do município, sobre o sarampo. Então, temos que levar essa mensagem para nossas crianças entendendo que são elas que irão multiplicar isto e visualizando que as próximas gerações é que irão mudar o mundo. Hoje meus filhos já separam o lixo em casa, entendem que é preciso economizar água. É uma visão que eu tenho, de que a próxima geração é que irá começar a mudar o mundo no que diz respeito às questões ambientais e que irá refletir em questões como saúde, economia e até qualidade de vida.
Jornal do Sudoeste: Quais são os principais desafios?
Daniela Cortez: São vários, tanto na vida profissional quanto pessoal. Pessoal, como mãe, cada dia é uma novidade sobre a vida dos filhos e ser mãe se torna um desafio constante; no trabalho é sempre buscar bater as metas, atender aos problemas da comunidade e tentar buscar uma melhoria na qualidade de vida do cidadão, é o que penso sobre o papel da Vigilância em Saúde.
Jornal do Sudoeste: Paraíso oferece uma boa qualidade de vida?
Daniela Cortez: É uma cidade boa, tanto que quem vai embora quer voltar. Apesar de todas as reclamações que temos, há um bom atendimento na saúde, dos postos de saúde, lugares bonitos para passear e levar as crianças e, quando vamos a reuniões regionais e vemos que em outros municípios menores, e até mesmo maiores que o nosso, observamos que alguns não têm a qualidade que temos aqui, que é difícil para emprego e até para o lazer. Nessa fase que estou hoje, eu não iria embora, já quis muito, mas não é mais um desejo. Gosto desta cidade que atende o que é necessário para a gente viver. E nós nos acostumamos com a vida que temos e precisamos aprender a viver feliz com aquilo que temos.
Jornal do Sudoeste: Já se visualizou em outra profissão?
Daniela Cortez: Sim, houve uma época que quis estudar arquitetura, talvez por influência do meu marido que é engenheiro, mas foi uma vontade que passou, eu vi que a minha área mesmo é a que estou hoje, é onde eu me encontrei. Fiz um treinamento recente onde fomos questionados se estávamos no lugar que gostaríamos de estar, e eu estou feliz no momento. A minha fase está ótima e busco sempre procurar esse lado para viver mais feliz, mas acredito que a felicidade da gente, é nós mesmo quem fazemos. Temos que entender o que acontece com a gente e buscar viver mais feliz.
Jornal do Sudoeste: Esse lado alegre, de onde vem?
Daniela Cortez: Acho que é desde sempre, é de família. Lá em casa somos muito alegres e busco transmitir isto para os meus filhos, porque eu penso que sempre temos que estar de bom humor e sorrindo, para estar sempre tranquilo. Às vezes ficamos buscando mudar a vida, e nos tornamos muito infelizes porque você se prende a uma busca constante. Se você para, e vê como você está, você se torna mais feliz, não quero dizer que tenha que deixar de correr atrás dos seus sonhos, mas cada conquista tem que ser uma conquista a mais...
Jornal do Sudoeste: Quais são seus planos futuros?
Daniela Cortez: Quero viajar bastante, estou esperando meus filhos crescerem um pouco porque até nesta fase, com criança pequena, você viaja para eles (risos). Eu gostaria de conhecer novos lugares, também formar meus filhos, poder proporcionar a eles uma vida com mais qualidade; no mundo de hoje está tudo tão difícil e hoje a gente entende que quem não conseguir estudar e ter um diferencial, no futuro será muito difícil para a vida dessas pessoas. Na minha época, quem conseguia fazer uma faculdade era ótimo, hoje já não é o suficiente porque todo mundo faz faculdade, tem que ter outros diferenciais e eu quero poder ajudá-los neste processo e vê-los ter sua família. Viver perto da família e com qualidade também é meu plano.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço?
Daniela Cortez: Uma vida bem vivida, fiz muita coisa certa e errada que a gente acaba fazendo mesmo, mas sempre procurei fazer o bem, estar de bom humor, feliz, e busco transmitir isto para meus filhos também. Estudei o que eu queria, sou feliz onde hoje estou trabalhando e por onde já passei também. Tenho muita coisa para aprender e quero continuar a estudar, mas acredito que até agora foi uma vida bem vivida, sempre buscando mesmo esse bom humor e positividade e acho que seja este o diferencial no mundo: ou você vive bem ou você vive mal, o caminho é você quem escolhe. Não podemos ficar no meio termo, escolha viver o bem, estar de bom humor e passar isso para as pessoas é fundamental.