Projeto social de Jiu-Jítsu pode perder espaço na Arena João Mambrini
Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 31-05-2017 08:05 | 1849
O projeto social que visa ensinar crianças e jovens o Jiu-Jítsu em São Sebastião do Paraíso e que é desenvolvido pelo atleta e professor Weder Alves Medeiros, perdeu o espaço que era cedido pela Prefeitura na Arena João Mambrini após pais reclamarem da falta de banheiro e água para as crianças que integram o projeto que, hoje, conta com cerca de 60 a 70 alunos. Weder Medeiros fez uso da tribuna na sessão da Câmara de segunda-feira (29/5), onde expôs a situação e também levou alguns de seus alunos que integram o projeto e já foram medalhistas em diversos campeonatos.
O projeto começou em 2013, quando Weder montou em Paraíso uma academia de MMA e resolveu oferecer a essas crianças e jovens, que os pais não tinham condições financeiras para matricular seus filhos, aulas gratuitas para aprenderem o esporte. "Devido alguns problemas com viagens envolvendo eventos da categoria, eu não pude manter a academia e me desfiz do espaço; eu fui atrás da Secretaria municipal de Esporte e, junto com outro professor, pedimos um local, tendo sido cedido a Arena", comentou Weder.
O projeto pôde continuar, no entanto, devido algumas reclamações por falta de banheiro e água para as crianças, o secretário da pasta de Esportes notificou o professor que a Arena não poderia mais ser usada para o desenvolvimento do projeto social de Jiu-Jítsu.
"Esses pais têm o direito de reclamar sobre isto, eu mesmo nesta posição também reclamaria, já que foi cedido o espaço. A partir do dia primeiro de junho iremos procurar um novo local para continuar com o projeto, mas, infelizmente, eu vendi todos os meus tatames e não tenho mais um espaço para continuar. Apesar disto, tem a parte boa, nós temos essas crianças e não vamos desistir do projeto. Neste final semana levei três meninos para participar de um campeonato brasileiro da categoria e acredito que dentro de um ano, conseguiremos levar mais crianças para participar de campeonatos", ressaltou.
O atleta ressaltou a importância do esporte e das conquistas que trouxe para o município e os eventos que desenvolveu para a categoria em Paraíso. "Eu não esperava estar aqui hoje comunicando a perda deste especo; mas o que temos para falar é que, apesar disto, o projeto não vai acabar. Todo mundo sabe do trabalho que eu faço para o esporte, sobretudo o MMA em Paraíso. Eu trouxe para nossa cidade um dos maiores eventos da categoria, e não é de Minas Gerais, é do Brasil, estamos entre os maiores", destacou.
Weder também ressaltou que o comunicado do secretário Tomás Martins teria sido uma orientação do jurídico da Prefeitura, alegando não ser conveniente a Prefeitura receber críticas nas redes sociais. "O que eu não posso é impedir que um pai ou uma mãe que não está satisfeito - não com o nosso trabalho, mas com a situação do local -, se manifeste", acrescentou.
O vereador José Luiz das Graças (DEM) fez uso da palavra e destacou o trabalho desenvolvido pelo secretário de Esporte, Tomás Martins. "Mesmo na gestão passada nós dizíamos que única maneira de salvar a Arena João Mambrini era se Tomás permanecesse na pasta. Ele continua na Secretaria e gostaríamos de fazer esse apelo: é com as críticas que nós crescemos, as falhas podem ser corrigidas e são fáceis de corrigir, mas dizer que o jurídico da Prefeitura orientou que "não convém ter críticas nas redes sociais", isso é fala para "boi dormir"", criticou o vereador. Weder chegou a justificar que outro motivo seria o fato deles não serem funcionários da Prefeitura e usarem o espaço em horário que não há servidores para acompanhar o projeto.
O vereador chegou a sugerir pedir orientação para o Jurídico da Casa a fim de analisar se as alegações seriam justificáveis. "Eu não acredito nesses argumentos; o espaço pode ser utilizado pelos cidadãos pelo tempo necessário e o quanto for preciso. As escolas de São Sebastião do Paraíso estão sendo cedidas, emprestadas nos finais de semana, à noite e durante o dia, inclusive com uso de água e energia do município e não foi perguntado para o cidadão se ele está de acordo ou não. Por este motivo, eu não vejo problema, mas gostaria de consultar o jurídico para ter a certeza de que não estou enganado. O dinheiro público é do povo; aquele espaço é do povo, não é meu, não é do secretário e não é do prefeito. Estão tirando os sonhos das crianças", defendeu José Luiz das Graças, ressaltando que não há problema quando envolve filhos de pais e mães bens financeiramente.
O vereador Luiz Benedito de Paula (PHS) sugeriu que, se o problema fosse o fato de não haver funcionários, que se usasse a Guarda Municipal para acompanhar o projeto. "Eu conheço esse projeto e é uma bênção para a nossa cidade. Quem passa pelo Monsenhor Mancini não imagina quantas crianças estão participando desse projeto, todas felizes e se desenvolvendo", comentou. O vereador chegou a questionar a questão da falta dos banheiros e o atleta Weder Medeiros disse que até então estava tudo normalizado até começarem a trancar as portas.
"Por ser uma aula mais forçada, nós liberamos as crianças para tomar água e usar o banheiro e aconteceu de estar trancado o acesso uma vez, nós explicamos e liberaram. Na última semana eu vi a publicação em rede social de uma das mães questionando que não havia nem água e nem banheiro para as crianças e realmente tinha acontecido isso e não soubemos o que aconteceu. Inclusive, umas dessas crianças é "especial", como eu vou impedir essa criança que está com vontade de usar o banheiro de ir", questionou o professor.
O líder do prefeito na Câmara, o vereador Jerônimo Aparecido da Silva (DEM), disse que em contato com o prefeito Walker Américo Oliveira, o líder do Executivo disse que não teria conhecimento do acontecido e se colocou a disposição para ajudar. "É um problema muito fácil de ser resolvido. O mínimo que a prefeitura tem que fazer é incentivar e a Arena é para isso. Pelo o que o prefeito me relatou, é uma questão simples de solucionar", disse Jerominho.
O vereador Vinício José Scarano Pedroso (SD) chegou a comentar que já havia uma reunião marcada com o secretário de Esporte e sugeriu que o tema fosse colocado na pauta de discussão. O vereador Lisandro José Monteiro (SD) criticou a atitude do Jurídico da Prefeitura, o investimento feito à Intelli e ainda ressaltou o trabalho promovido pelos professores de Jiu-Jítsu. "Eu tenho notado que a Arena não tem sido um espaço público, parece que tem dono que, inclusive, teve a capacidade de mandar fechar um portão de acesso ao Campão; um GM que se manifestou contrário a isso foi trocado por outro", disse o vereador, sem mencionar nomes.
A vereadora Cidinha Cerize (PSDB), também criticou o ocorrido. "Quando o professor se manifestou chegou a me dar um frio na barriga em imaginar que um projeto deste pudesse ser interrompido por um problema desse tipo. Eu tenho certeza que esse espaço será garantido para que continue o projeto; é um pedido de todos nós vereadores. Estamos muito admiramos em ver o orgulho dessas crianças em realizar todas essas conquistas e é isso o que a gente precisa. Um projeto tão grande não pode ser barrado por um problema tão pequeno", completou a vereadora.
Os vereadores Sérgio Aparecido Gomes (PSD) e Ademir Alves Ross (PSD), chegaram a elogiar o professor e o projeto e também se manifestaram descontentes com o ocorrido. Ser-ginho chegou a orientar Weder para se atentar as questões jurídicas envolvendo possíveis acidentes com essas crianças e o Tomateiro falou da intenção de se levar o projeto também para a Guardinha, com apoio da Secretaria de Esporte.
O presidente da Casa, o vereador Marcelo de Morais (PSDB), duvidou que o Jurídico da Prefeitura tivesse feito tal orientação baseado em crítica de mães em redes sociais. Marcelo chegou a afirmar que se trata de pessoas capacitadas e que são conhecidas e que isso teria partido do Jurídico, mas que o Jurídico tenha sido usado como desculpa para esta atitude e chegou a sugerir que haveria alguém dentro da prefeitura querendo prejudicar o líder do Executivo. "É uma situação que precisa ser resolvida olho no olho", completou o vereador.
Atletas paraisense são destaquem em campeonato brasileiro de Jiu-Jítsu
No final de semana, entre os dias 26 e 28 de maio, aconteceu o Brasileiro de Jiu-Jítsu, em São Paulo.
O paraisense Ryan Santos Medeiros, de 15 anos, e que lutou na categoria "Infanto juvenil b: categoria meio pesado", foi vice-campeão brasileiro representando o projeto atitude e Bronx Team.
Além de Ryan, o parai-sense Edmar Viana, que também participou do evento, chegou a disputar algumas lutas e na final acabou lesionando a costela, ficando com o segundo lugar na competição. "Felizmente não houve fraturas, apenas lesionei uma das costelas", completou o atleta que já acumula diversos títulos na categoria, entre eles o Panamericano de Jiu-Jítsu.
