Chegada da Companhia de Reis Estrela do Oriente emociona cerca de mil pessoas na Água Limpa

Tradição completa quase 30 anos de história e fortalece identidade do povo paraisense
Cerca de mil pessoas participaram da festa de chegada em Água Limpa, celebrando com música, oração, jantar gratuito e o reencontro com a cultura popular Foto: Divulgação

Bandeiras coloridas tremulando no vento, versos cantados em rimas trovadas e uma emoção que não se mede em palavras. Assim foi a chegada da Companhia de Reis Estrela do Oriente, no sábado, 31 de maio, no bairro rural Água Limpa, encerrando mais um giro de fé, cultura e partilha iniciado no dia 26 de abril. O cortejo, que percorreu dez comunidades ao longo de cinco finais de semana, reuniu cerca de mil pessoas para celebrar o retorno ao ponto de origem, onde tudo começou quase três décadas atrás.

Fundada em 1995, a Estrela do Oriente é reconhecida como uma das mais antigas e ativas companhias de reis da região. Desde 2011, com a construção do barracão e da Capela de São Pedro, a festa de chegada é realizada em Água Limpa, onde a comunidade se une para manter viva uma tradição que mistura religiosidade, cultura popular e compromisso coletivo. “É uma festa muito tradicional, muito bonita, que carrega um sentido social enorme”, resume Marcelo de Moraes, sanfoneiro e responsável pela companhia.

A chegada ocorreu às 17h, com direito à meia-lua dos foliões, versos cantados pelos embaixadores e poemas recitados pelos alferes, em um momento de devoção e entrega. Os festeiros de 2025, Juciléia do Nascimento, Waldeir de Souza e Larissa Nascimento, tiveram sua promessa cumprida diante da comunidade e, na mesma cerimônia, as coroas foram passadas aos futuros festeiros de 2026: Norivaldo Aparecido Neto, Cidinha Marques e Milena Marques.

Após o terço, como manda a tradição local, foi servido jantar gratuito a todos os presentes, acompanhado de refrigerantes e seguido por leilão de prendas e música ao vivo. “Tenho convicção de que foram mais de mil pessoas lá com a gente. Servimos comida e bebida para todo mundo, sem distinção. Uma festa feita com carinho, aberta a todas as religiões e idades”, afirmou Marcelo.

A festeira Juciléia do Nascimento, emocionada, definiu o evento como “uma experiência inesquecível”. “Foi uma festa feita com o coração, sabe? Pra reunir quem a gente ama, com muita comida boa, tudo muito gostoso! Cada detalhe foi pensado com carinho. Eu só tenho gratidão por esse momento tão especial”, declarou.

Durante o giro, a companhia visitou bairros como Barreirinho, Três Porteiras, Jambril, Boa Vista, Frazão, Lanhoso, Termópolis e Berro d’Água, sendo recebida com café, orações e, principalmente, almoços oferecidos por famílias voluntárias — um gesto que, segundo Marcelo, simboliza a essência da tradição. “Companhia vem de companheiros. Uma pessoa só não forma isso. Agradeço de coração a cada folião, cada colaborador, cada família que nos acolheu. A festa só existe por causa dessas mãos que se unem.”

Na contramão do esquecimento e da pressa dos tempos modernos, a Companhia de Reis Estrela do Oriente reafirma que a cultura popular ainda pulsa forte em São Sebastião do Paraíso. “É nossa história, nossa raiz. Quando a criança segura a fita do estandarte, ela segura também um pedaço da nossa identidade”, conclui Marcelo.