A população de animais abandonados na cidade é uma preocupação crescente para as autoridades de São Sebastião do Paraíso. No último sábado, 13, o Departamento de Vigilância em Saúde realizou mais uma edição da feira de adoção de cães na praça Comendador José Honório (Matriz), com o objetivo de encontrar lares para os animais e liberar espaço no canil municipal, que está operando na sua capacidade máxima.
Segundo Luciano Santana, coordenador do Departamento de Controle de Zoonose, o canil municipal atualmente abriga cerca de 90 cães. "Desde o início da gestão, estamos realizando diversos eventos para fazer com que a população adote o maior número possível de cães do nosso abrigo", disse. "E quanto mais cães nós conseguimos a adoção, mais animais que estão nas ruas nós podemos ajudar."
Santana também acrescentou que todos os cães do canil estão vacinados contra a raiva e outras doenças, e encorajou os interessados a visitar a página do projeto no Instagram @adotaparaiso para mais informações.
O prefeito Marcelo Morais anunciou que a prefeitura está trabalhando na criação de um novo abrigo que irá acolher, além de cães abandonados, também animais de grande porte. "Assim que for concluída a instalação deste, a prefeitura iniciará um trabalho intenso de combate aos maus-tratos de animais, inclusive com a apreensão de animais de grande porte".
Entretanto, o vereador Juliano Reis, um dos defensores da causa animal na cidade, afirma que a criação de um novo abrigo por si só não resolverá o problema. Ele critica aqueles que continuam abandonando animais na cidade, passando a responsabilidade para o poder público. "Nós estamos trabalhando, mas as pessoas continuam abandonando animais. Eles pegam os cachorros, filhotes, adultos e idosos, colocam em caixas e soltam na porta do canil, como se isso fosse resolver", disse Biju.
O vereador também mencionou a necessidade de conscientização do público. "Nos últimos dois anos, nós esterilizamos mais de cinco mil animais e aplicamos mais de duas mil vacinas polivalentes. Mas de nada adianta fazer tudo isso se continuam a soltar os cachorros na rua. Culpam o vereador, o prefeito, o poder público, mas quem não ajuda é a própria população. É uma situação bem complicada".
Por fim, quem também vive na pele os problemas do abandono de animais no município é a Associação Anjos de Resgate, uma organização sem fins lucrativos que também abriga cães em situação de rua. Atualmente, a entidade é responsável por aproximadamente 160 animais. Há seis meses, a associação firmou um convênio com a prefeitura, que contribuiu com o pagamento do aluguel do local onde os cães ficam abrigados. Entretanto, continua a realizar eventos e rifas para arrecadar fundos para se manter viva. "No Recanto dos Anjos, são cuidados mais de cem animais, e em outros locais, incluindo gatos doentes, são mantidos pela associação", explica Daiane Andrade, que é advogada e faz parte da diretoria.
Segundo Daiane, a maior dificuldade enfrentada pela organização é o abandono de animais. Em média, eles acolhem pelo menos sete filhotes de cachorros abandonados por semana. E, assim como o vereador Biju, a advogada enfatiza que a questão do cuidado e proteção dos animais não é responsabilidade exclusiva das ONG"s e do poder público, mas sim um problema que envolve toda a sociedade de São Sebastião do Paraíso.
Daiane Andrade, que também atua como coordenadora dos trabalhos da associação, expressa o desejo de estabelecer um programa fixo de castração no município. Ela acredita que somente assim, a longo prazo, isso ajudará a controlar a população de cães e gatos. "Nosso maior anseio é estabelecer um programa de castração fixo. Acreditamos que, a médio e longo prazo, isso ajudará a controlar a população de cães e gatos. Infelizmente, a demanda é tão grande que é impossível cuidar de todos os animais que chegam a cada semana, a cada dia. Esse programa seria uma solução significativa para esse problema", explicou.