“Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
... Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!”
– Trecho da poesia “Monólogo de uma sombra”, de Augusto dos Anjos, poeta paraibano, nascido em 1884 e falecido em 1914.
Tenho um segredo, que é como um amuleto mágico que muitas vezes me poupa da pequenez do mundo, das pessoas e de minha própria pequenez: com alguma frequência volto a mente às minhas origens, aos começos do mundo, às grandes rochas, às grandes árvores, às grandes construções...
Napoleão Bonaparte, quando conquistou o Egito, falando às suas tropas, apontou para as três pirâmides que ficam perto da cidade do Cairo e disse:
— Do alto dessas pirâmides quarenta séculos vos contemplam!
Se passearmos pelo Parque Nacional das Sequoias, na Califórnia (ainda que na internet, que já dá uma boa ideia) vamos contemplar sequoias gigantes de até 115 metros de altura (um prédio de 30 andares) e de até 18 metros de diâmetro. Quantas pessoas de mãos dadas seriam necessárias para abraçar um tronco desses? Sua idade: a mais velha conhecida tem 4.650 anos e ainda está crescendo! Essas árvores, classificadas como coníferas, já crescem na Terra desde 20 milhões de anos atrás, sendo, portanto, dez vezes mais antigas que a espécie humana, uma vez que se calcula que o mais remoto ancestral do homem apareceu há 2 milhões de anos.
Uma das grandes maravilhas do mundo são as Cataratas do Iguaçu, compostas por 275 quedas d’água do Rio Iguaçu, que podem ser vistas tanto do lado brasileiro (cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná), como do lado argentino. Há quantos milhões de anos essas águas caem sem cessar, com o mesmo barulho, a mesma espuma, a mesma névoa?
Não precisamos de ir muito longe: qual a idade do granito, essa pedra bonita que utilizamos em nossas pias, banheiros e pisos em nossas casas? Uma equipe da Universidade de Salamanca, Espanha, através de pesquisas determinou essa idade em 300 milhões de anos.
E nós, humanos, esses organismos complexos que indagam até de sua origem, do por quê vivem e para onde vão? Não sei. Sei apenas que não somos novos, pois muito grande é a quantidade de conhecimentos, hábitos, vícios, bondade e maldade que acumulamos. Nem podemos tomar como parâmetro os dois milhões de anos dos humanóides na Terra, pois, podemos ter vivido em um ou mais dos inúmeros planetas que pululam no Universo, em transmigrações milenares até os dias de hoje...