por SERGIO MAGALHÃES
A apresentação dos carros de Fórmula 1 é sempre um momento cercado de grandes expectativas. Debaixo do pano que os cobrem há sempre um mistério escondido. E os desta temporada ganham mais importância por conta das extensas mudanças do regulamento que não poupou um só parafuso sequer dos modelos do ano passado.
Houve época na Fórmula 1 - e nem faz tanto tempo - que essas apresentações se confundiam meio a festas de arromba. O dinheiro provindo das indústrias tabagistas era farto antes da proibição das propagandas de cigarros. Em tempos de vacas magras a coisa ficou bem mais simples. As cerimônias são curtas, transmitidas na maioria das vezes pela internet nos sites das equipes. Os pilotos retiram o pano que cobre o carro, cada um fala de suas expectativas, os projetistas de suas crias, e os chefes de equipe cumprem o protocolo apostando no sucesso do time.
Uma das atrações que começa nesta segunda-feira e vai até o próximo domingo (26) é com relação ao visual dos carros já que eles serão mais largos, assim como os pneus. Pela lógica deverão ser bem mais atraentes, e tem pessoas lá de dentro que garantem que os fãs ficarão satisfeitos. Pat Symonds, da Williams, disse que "a aparência ficou ótima". Niki Lauda, da Mercedes, também se diz encantado: "parece incrível, fiquei encantado desde quando o vi pela primeira vez na fábrica. Os fãs vão gostar".
Mas não é só beleza que move os carros de corrida. A principal questão é a capacidade de serem velozes e competitivos. Para isso foram investidos milhões de euros em cada projeto que consumiu centenas de horas de estudos envolvendo outras centenas de pessoas nas fábricas das equipes trabalhando a todo o vapor. O desafio foi enorme.
Os testes de pré-temporada serão mais curtos este ano. Pilotos e equipes terão apenas oito dias para testar, compreender e desenvolver o funcionamento dos carros antes da primeira corrida marcada para o dia 26 de março, na Austrália.
A primeira sessão será de 27 a 2 de março, e a segunda de 7 a 10, todas no Circuito de Barcelona, na Espanha. E pela complexidade do novo regulamento, os "blefes", muito comuns na pré-temporada onde as equipes procuram esconder o verdadeiro potencial de seus carros antes do início do campeonato, deverá ser menos frequente por conta do pouco tempo que elas terão para encontrar o melhor acerto já que tudo é novo para projetistas, engenheiros, mecânicos e pilotos. "Desta vez vamos querer saber onde estamos no grid", disse Niki Lauda.
Nesta segunda-feira a Sauber abre a série de lançamentos. A equipe viveu uma temporada conturbada ano passado com a falta de dinheiro e se livrou da lanterna do campeonato graças aos 2 pontos que Felipe Nasr marcou em Interlagos, garantindo à equipe os 40 milhões de euros pela 10ª posição no Mundial de Construtores. Mesmo assim o brasileiro acabou preterido pelo alemão Pascal Werhlein, piloto do programa de desenvolvimento da Mercedes e que correu em 2016 pela Manor que abriu falência no início deste ano.
Na terça (21) será a vez da Renault, na quarta a Force India, na quinta-feira a Mercedes será a primeira entre as equipes de ponta a apresentar o carro de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas (ex-Williams) que chegou para substituir o campeão aposentado, Nico Rosberg.
A sexta-feira (24) será o dia mais aguardado com os lançamentos de Ferrari e McLaren. Há uma ansiedade por parte dos milhares de torcedores da equipe inglesa que não vence uma corrida desde 2012 e tem agora uma boa oportunidade de voltar a frequentar o pelotão da frente desde que os novos projetos, de chassi, e de motor (Honda), superem as deficiências dos modelos anteriores.
Na sequência, Red Bull, Toro Rosso e Haas revelarão seus modelos no domingo (26), mas quem saiu na frente foi a Williams que não havia estabelecido data para fazer sua apresentação e ontem liberou as primeiras imagens do FW40, carro que será pilotado por Felipe Massa e o estreante Lance Stroll.