203 ANOS PARAÍSO

Moises Violeiro

Por: Redação | Categoria: Cultura | 28-10-2024 21:59 | 513
Moisés de Brito Ferreira
Moisés de Brito Ferreira Foto: Arquivo

Moisés de Brito Ferreira, 28 anos, filho de Aparecido e Rosângela e irmão de Mariana. Sobrinho do Senhor Gervásio, violonista que tocava músicas ao estilo de Dilermando Reis. Aos oito anos ganhou um violão do pai e aprendeu as primeiras notas. Na pré-adolescência, ouvindo Tião Carreiro e Pardinho, e Goiano e Paranaense, dupla esta que considera a sua inspiração, traz suas origens.

Os primeiros professores foram Osmar Ferreira e com quatorze anos, foi aluno de viola do mestre Laércio Dias, com tem a honra de ter trabalhado posteriormente. A primeira música que aprendeu foi ´´A caneta e a enxada´´. Sua primeira apresentação, foi com quinze anos, numa roda de violeiros numa tarde na quermesse da Festa da Abadia. Lembra que ali estavam outros músicos, entre eles Nena do Xambá.

Em outra apresentação, na Festa do Asilo São Vicente, acompanhou a dupla Tião Charbel e Senador. Depois, mais conhecido, no estilo instrumental, esteve presente no Programa Ademir Santos e na Rádio da Família com João Henrique, que considera o seu grande in-centivador. O programa se chamava ´´Prosa, Café e Viola´´, além de participações na TV Paraíso.

Acompanhou também o cantor Reinaldo Sabino, de Franca. Em 2012, grava o seu primeiro trabalho instrumental no estúdio de Valentin Rinaldi com dez canções, cinco delas autorais. O nome do CD: Rancho em Festa. Sua primeira composição cantada tem letra de Miguel Costa e Eli Silva (da dupla Eli Silva e Zé Goiano) e chama-se ´´Acervo de Deus´´, uma queruana. Tinha então dezessete anos.

Nesta época participou de um festival sertanejo em Monte Santo, com a dupla Mauricio e Xavier, sendo então convidado pelo baixista Simão de Paula para integrar a equipe do Instituto Feeling, em 2013, com nomes como Matheus Zani, Rodrigo Gavério, Jonh Hebert, Pericles, Deivid, Tulio Costa e Clailda Marques, onde continua até hoje.

Seu primeiro trabalho autoral, o Cd ´´Tributo aos Mestres´´ com 10 canções, teve grande repercussão entre o público da música instrumental. Sempre muito ativo nas redes sociais, utiliza este meio para a divulgação de seus trabalhos com vídeos ao vivo, que sempre alcançam muitas visualizações e além disso também ministra aulas online.

Traz a Folia de Reis no sangue. O tio Jerson Ferreira cantava, o pai é devoto e um enteado da tia, o Dair, era capitão. Thiago capitão do terno Sabiá, o convidou para participar, na primeira vez, na Companhia de Reis Três Colinas, tocando pandeiro. O encontro com a viola foi inevitável. Segundo ele não escolheu a viola, foi ela que o escolheu. Na congada começou em 2003 no Terno Sabiá. Desde 2019 é o capitão do Terno Anjos de São Benedito. Participa da Companhia de Reis Nossa Senhora de Lourdes, onde também é capitão. Tem muito carinho com estes dois grupos, que são a família do Baianinho, Vinícius, Fabiano sanfoneiro entre outros amigos.

Na sua opinião sincera, a Congada não é evento, não é show, é religiosidade e devoção. Moisés se preocupa com a perda das raízes e tradições.

São alguns de seus vários trabalhos:- A participação na gravação do CD e DVD da dupla Bruno Dias e Alex, parcerias com Romero Pereira, de Franca, acompanhando a dupla da cidade de Almenara, João do Vale e Capiau. Fala com muito orgulho da parceria com o compositor de Araraquara, Heitor Furico, com a participação do mestre Mazinho Quevedo.

“Na Academia Paraisense de Cultura tive o prazer de participar junto com a cantora lírica, Denise Gonzaga, interpretando a canção Triste Berrante, em uma apresentação memorável”, disse .Também participou da noite de homenagem à música caipira e ao mestre compositor Antônio Gonçalves de Padua, o ´´Correto´´, com a dupla Marlon e Moisés, além de apresentações na ´´Noite em homenagem ao Escritor Paraisense´´, e outras apresentações como no Ouro Verde Tênis clube. Acompanhou também por vezes o compositor Lô Vieira em festivais de música, o último, em Bueno Brandão.

Relembra uma história engraçada: Numa apresentação com Vanessa Takahashi, simplesmente esqueceu por completo a introdução na versão de Yamandu Costa do Hino Nacional Brasileiro. Conta que graças a Deus, veio a inspiração e ele lembrou a tempo de executá-la, para o Teatro Municipal Sebastião Furlan, lotado.

Moisés conta que sofreu grande influência da música raiz, e demonstra muito conhecimento do tema: Em 1929 com Cornélio Pires. Já em 1956 vieram as Guarâ-nias com Cascatinha e Inha-na. Depois, Tião Carreiro, as rancheiras, o huapango, até chegarmos a Milionário e Zé Rico. Segundo ele, até a década de 90 haviam mais letras de qualidade. Ouve muito poucas produções atuais. O chamado sertanejo universitário nada possui destas raízes, mas mesmo assim ainda tem muito público.

Pedí a Moisés que me indicasse alguns nomes de sucesso nacional de qualidade nos dias de hoje. Sua resposta foram as duplas Ed Brito e Samuel e Fred e Fabrício. Fabrício é aqui de nossa terra, o que muito nos orgulha.

Moisés considera Ronaldo Duarte um dos maiores “segundeiros” que já conheceu. Lembra também do saudoso João Rosa. Quantos músicos de hoje que começaram ainda jovens com o João, no conjunto ´´Presença Divina´´. Certa vez se apresentaram Moisés, João Rosa e Laércio. João Rosa declamou um poema. Que bela lembrança! Outros nomes citados por ele, Gor-valho, da dupla Corrente e Corsi, e Trio Sudoeste, sempre com muito aprendizado.

E o futuro? Permanecer fazendo o que mais adora. Vive da música desde os dezoito anos e pretende continuar. Ir adiante com as aulas e aceitar os convites para novos trabalhos. Mais recentemente trabalhou com as duplas Salim e Zé Marco e Magno e Maciel.

Em quase uma hora de uma boa prosa, pude notar na simplicidade de Moisés um grande conhecimento histórico das nossas raízes musicais e muito estudo e técnica naquilo que executa na viola, além de muita sensibilidade. Parabéns Moisés, a boa música te agradece!

Por ANDRÉ LUIZ MIRHIB CRUVINEL Músico, Compositor, Presidente da Academia Paraisense de Cultura (APC).