“Aprendi que, não importa a condição física, cada um é responsável pela construção da própria felicidade”. – Mara Gabrilli –
A entrevista que Veja publicou há algum tempo nas páginas amarelas foi muito bonita, importante, acrescentadora. Isso porque a pessoa entrevistada, uma moça de 42 anos, de sorriso muito bonito, não move um músculo do pescoço para baixo. É tetraplégica. De corpo, mas não de espírito.
Mara Gabrilli tinha 26 anos quando sofreu um acidente de carro, uma capotagem, quebrando o pescoço. Passou cinco meses no hospital, dois dos quais respirando com a ajuda de aparelhos.
Quando saiu, sua vida estava completamente mudada, uma vez que estava presa à cama, ou, na melhor das hipóteses, a uma cadeira de rodas. Tinha que ter ao seu lado uma pessoa o tempo todo, seja para alimentar-se, tomar banho, necessidades fisiológicas, empurrar a cadeira... Até para coçar a ponta do nariz, porque ela não movia um dedo!
Evidentemente, tinha que refazer de forma completa seus parâmetros. E foi o que ela fez, da forma mais positiva possível. Passou a fazer sessões exaustivas de fisioterapia, para que seus músculos não atrofiassem; fazer pesquisas sobre lesões medulares e possibilidades de cura ou melhora; envolveu-se na causa dos portadores de deficiência física, fundando até uma ONG de apoio a pesquisas e a atletas com deficiência.
Seu corpo estava preso a uma cadeira de rodas, mas a mente não estava! Ela tinha ideias e lutava para que elas se tornassem realidade. Entrou até na política, tornando-se vereadora na capital de São Paulo, tendo, assim, mais oportunidade de lutar por melhores condições de vida, de trabalho, para os portadores de necessidades especiais.
E sua vida amorosa? Segundo ela, vai muito bem! Ela namora, como qualquer moça. Tem relações sexuais agradáveis. Às vezes briga com o namorado...
Enfim, a tetraplegia não fez com que ela abaixasse o topete. Colocou-a numa cadeira de rodas, mas não de joelhos diante das pessoas, do mundo, da vida.
É muito importante que observemos o que ela diz (e a forma como age) a respeito da pessoa construir a própria felicidade, independente de suas condições físicas. E olhe que tem muita moça bonita, muito moço bonito, com corpos perfeitos, queixando-se da vida, queixando-se da sorte – construindo, de forma inversa, com suas lamúrias, a própria infelicidade!