Cidadãos paraisenses e comerciantes têm relatado diversas ocorrências envolvendo assaltos e furtos em São Sebastião do Paraíso e região ocorridos na última seman, o que tem causando nos habitantes um sentimento de insegurança muito grande e cobranças por policiamento mais efetivo e medidas enérgicas para frear os casos. O tema já foi abordado em outras matérias do Jornal do Sudoeste e debatido por diversas vezes na Câmara Municipal, mas esse problema ainda persiste vem causando prejuízos ao empresariado, produtores e moradores da zona urbana e rural. Até a data de publicação desta matéria foram registradas oito ocorrências de maior destaque pela forma de agir dos assaltantes, das quais sete aconteceram na zona urbana e uma em zona rural.
De acordo com o comandante da 20ª Companhia de Polícia Militar Independente em São Sebastião do Paraíso, tenente-coronel Gilson de Oliveira Wenceslau, janeiro houve uma leve redução dos casos em comparativo com o mesmo período do ano passado, e dos casos registrados este ano somente um permanece sem solução. Dados referentes ao número de roubos no município nos anos de 2015 em comparativo com 2016 revelam um aumento significativo dos roubos, com destaque para os meses de junho e dezembro. Segundo o relatório, em 2015 dos 172 registros ocorridos 14 foram em zona rural; em 2016, os casos chegaram a 225, sendo que 32 ocorreram em zona rural.
Sobre os índices, o comandante comenta que é preciso uma análise mais profunda para identificar as falhas e trabalhar para melhorar o atendimento à população. Entre as principais cobranças por parte da comunidade, e acentuado por lideranças políticas dentro do próprio município, entre eles o vereador e presidente da Câmara Municipal Marcelo de Morais (PSDB), está a o número de efetivo e viaturas nas ruas. O comandante diz que hoje o número de veículos e policiais disponíveis para o atendimento à população é suficiente, e embora não revele número, destaca que precisa ser melhorado.
“Já existe um trabalho sendo feito pelo comando da corporação para que ocorra essa melhora e nós, comandantes das unidades, temos feito um ‘trabalho de projeto’, envolvendo instituições do município, a fim de que haja um apoio ao policiamento, o que envolve informação e até suporte logístico. Em 2016 alguns município receberam apoio logístico por meio de emendas parlamentares, assim, pretendemos intensificar esse apoio para este ano”, cita o comandante.
Em relação ao efetivo, o tenente-coronel explica que quanto menor o envolvimento da comunidade, maior é o número de militares destinados a segurança pública, e que procura compensar a necessidade de um efetivo maior com a participação da população e outras ações. Além disto, o comandante destaca que está em andamento em Passos um curso de formação de soldados e que espera atenuar o número desse efetivo em Paraíso assim que o curso for finalizado entre março e abril. “O nosso comando regional sinalizou que serão em torno de 20 a 25 militares para 20ª Companhia de Paraíso. Assim que isso acontecer será realizado um planejamento para decidir qual será a melhor forma de remanejamento desses militares”, salienta.
CRIMES
Pelos menos três ocorrências chamaram a atenção em Paraíso na última semana, uma delas evolvendo assalto à mão armada na zona rural, que graças a denúncias permitiu que a PM identificasse e prendesse os suspeitos. Na quarta (11/1), um comércio no São Judas foi alvo da ação de três homens que simularam estar armados; na ação levaram cerca de R$ 4 mil, os suspeitos não foram identificados. No mesmo dia também aconteceu o furto de uma residência no Centro, onde foi levado um cofre, contendo joias avaliadas em R$ 40 mil, além de televisores; este caso, até o fechamento desta matéria, também permanece sem solução. Registrou-se também assaltos a postos de combustíveis, restaurante e loja.
PREVENÇÃO
O tenente-coronel Wenceslau destaca que além das ferramentas disponíveis para auxiliar o policiamento no combate e prevenção dos crimes, entre eles as redes de fazendas, vizinhos, postos de combustíveis e comércios protegidos WhatsApp, também são realizados trabalho com envolvimento comunitário, principalmente às escolas. Entre esses projetos está o “Proerd”, que visa combater o avanço do uso e consumo de entorpecentes, e o “Garotos para Paz”, que realiza um trabalho social e de conscientização com as crianças, onde alunos tem aulas com instrutores envolvendo graduandos, Guarda Municipal, Polícia Civil, Tiro de Guerra, Bombeiros e outros envolvidos.
Para o vereador Marcelo Morais, só isso não é o suficiente para que haja uma resposta efetiva aos crimes. “A nossa preocupação não é tratar a população como números. A Câmara irá convocar o comando da PM para que seja dada informações de cunho administrativo. Entre elas o número de viaturas que realmente estão rodando em Paraíso e quantos policiais estão trabalhando por turno. Se você ligar a meia-noite na polícia e pedir uma viatura, ouvirá dizer que ela estará empenhada; em uma cidade como Paraíso nós corremos risco a todo o momento. A PM está fazendo o papel dela, mas o problema está no crescimento da criminalidade e nosso policiamento não está dando conta de tantas ocorrências”, diz o vereador.
Marcelo é veemente ao dizer que falta efetivo de militares trabalhando no município de São Sebastião do Paraíso e que a população não pode ser tratada apenas como números. “Qual a sensação de segurança dos habitantes em relação aos roubos e aos furtos que tem acontecido todos os dias”, questiona. “Para combater isso somente um trabalho muito ostensivo da PM em conjunto com a Polícia Civil e o Poder Judiciário, identificando onde estão as falhas e cobrar de quem é preciso. A Câmara não fugirá desse debate, iremos solicitar a presença do comando da PM e Polícia Civil para que nós possamos fazer um trabalho de cobrança imediato a nível estadual e para que a cidade tenha uma resposta”, completa.
Na próxima semana, na quinta-feira (19/1), a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), irá realizar uma assembleia para discutir o tema “insegurança” no município. De acordo com o presidente da Associação, Ailton de Rocha Sillos, há uma manifestação muito forte por parte dos empresários sobre os furtos e roubos no comércio e que Acissp tem recebido a todo momento inúmeras reclamações referentes aos prejuízos e a intranquilidade que os criminosos têm causado no comércio.
GUARDA
MUNICIPAL
O secretário municipal de Segurança Pública, Trânsito, Transporte e Defesa Civil, Miguel Félix de Souza, também destaca que existe uma preocupação do município no que compete a questão da segurança da população e que o Poder Executivo não tem medido esforços e atenção para manter e aumentar a atuação da Guarda Municipal, seja com relação ao trânsito ou combate à criminalidade junto a PM.
Conforme o secretário, dois projetos estão em andamento dentro do cronograma de serviço da secretaria, além dos trabalhos de auxílio a PM ao patrulhamento preventivo. “Dentro dessas ações nós temos projetos e ações voltadas para situações mais críticas, entre eles o “Projeto Ostensivo Volante (Povo). Esse projeto atende os bairros mais periféricos, onde uma equipe de levantamento estatístico faz levantamento de questões relacionadas a iluminação viária; terrenos, residências e construções abandonados; a questão dos andarilhos; e nós também consultamos os moradores para saber quais são os anseios em relação a segurança pública, e essas demandas são encaminhadas aos órgãos públicos competentes”, explica.
Outro projeto que vem sendo trabalhado pela Guarda, mas ainda não está em vigor, é a Ronda Ostensiva Municipal (Romu), que visará apoio a lugares mais afastados da cidade, entre eles Termópolis, Guardinha, Morro do Baú e Morro do Mesa, que também fazem parte do patrulhamento rural e por serem lugares de fluxo de turismo e por também fazer parte do patrimônio cultura do município, está entre as atribuições da GM.
“No entanto, não tem como exigir desses guardas um patrulhamento ostensivo na zona rural pelo fato de eles não terem armamento e respaldo legal para atuar. Mas este ano, assim que tivemos estruturados, de acordo com lei 13.022, nós poderemos trabalhar armado e ter respaldo para exercer uma função de fiscalização ostensiva. Isso já está em andamento e, em se tratando no meu posiciona-mento como secretário de Segurança Pública, somos muito preocupados não somente com a questão da segurança pública, mas a própria sensação de segurança”, completa.
O prefeito Walter Américo Oliveira (PTB), destaca que tudo o que é possível ser feito no que compete a gestão sobre o a segurança pública, está sendo realizado. Entre as ações ele destaca a questão da poda de árvores e limpeza de terrenos, que pode contribuir para que criminosos se escondam durante uma fuga, e a própria questão da iluminação pública, que teve a manutenção prejudicada devido a débito da gestão anterior com a empresa responsável.
“Tivemos reunião com o comandante da 18.ª Região de Polícia Militar de Poços de Caldas, coronel PM Mauro Lúcio de Moura Alves, onde esta situação também foi exposta e que irá direcionar cerca de 25 novos militares para o município. Também houve reunião com o responsável pela 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Fernando Béttio, que também está fazendo trabalho de prevenção e atuação juntamente com a segurança do município, principalmente com relação ao tráfico”, ressalta.
Walker também destaca que uma de suas preocupações, e que também tem impacto direto na segurança pública, são as questões sociais. “Sabemos que o número de desempregados é muito grande. Já estamos fazendo um trabalho de planejamento estratégico de gestão vindo a fazer que novas empresas venham para Paraíso, gerando emprego e renda, além de apoio às próprias empresas do município, solucionando um problema que impacta muito na questão social”, completa.
DADOS
Conforme levantamento realizado pelo comando da PM, em 2015 foram registra-dos 172 roubos no município, desses 14 foram em zona rural. Em 2016, houve um aumento significativo: 225 ocorrências, sendo que 32 foram em zona rural. O menor número de registros no último ano ocorreu em janeiro (13 casos), abril (11) e novembro (13 casos). Os meses onde houve mais casos foram em junho (27 ocorrências) e dezembro (25), meses que coincidem com a colheita cafeeira e épocas festivas em São Sebastião do Paraíso.
Em relação aos furtos, os números também assustam. Em 2015 foram cerca de 1.191 registro, dos quais 160 foram em zona rural. Já em 2016 também houve aumento, cerca de 1.317 ocorrências, dos quais 144 foram na zona rural, revelando uma redução. O comandante atribui isto tanto ao georreferencia-mento das fazendas e a rápida resposta por meio de GPS que permite chegar aos locais com maior agilidade, quando a rede de fazendas protegidas e o patrulhamento rural, que além da Patrulha, conta também com apoio de uma viatura e uma viatura do tático móvel, que é destinado a áreas onde há maior solicitação e movimentação.
Outro índice apontado no relatório é com relação aos crimes violentos em São Sebastião do Paraíso. Em 2015 foram 206 casos contra 268 em 2016, revelando um aumento percentual de 30%. De acordo com o comandante a meta estipulada era de 227 casos, o que representaria um aumento de 10% em relação ao último ano. Além disto, o indicador que aponta o índice de criminalidade (ICV), também apresentou aumento: dos 325,70, que é o que estipula a meta, houve um índice de 385,20 registrado no município de São Sebastião do Paraíso. “O que causou esse aumento nós não podemos afirmar sem que haja um estudo para identificar os possíveis fatores”, completa.