RAIVA

Raiva

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 22-01-2017 00:00 | 1036
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Joel Cintra Borges*



Médico-veterinário  



 



A raiva é uma doença infectocontagiosa aguda, causada por um vírus, atacando todos os animais de sangue quente, inclusive o homem. É de curso mortal e caracteriza-se por transtornos de consciência, algumas vezes ataques de fúria e paralisia progressiva, começando geralmente pelos membros posteriores. Em nossa região tem acometido muitos animais, especialmente bovinos e equinos, os quais apresentam principalmente dificuldade para andar, sem razão aparente. Acabam deitando-se e morrendo dentro de poucos dias. 



 



Transmissão



A raiva é transmitida quase que invariavelmente de um animal doente para um são, especialmente por mordeduras. Pode ocorrer também pelo contato com a saliva do animal raivoso.



Vacas afetadas não passam a doença pelo leite, embora o vírus possa estar presente nele.



O principal transmissor da raiva, no mundo todo, é o morcego hematófago (que se alimenta exclusivamente de sangue). Em segundo lugar vêm os cães, que são muito susceptíveis de contrair essa doença.



É preciso observar que nem todo morcego transmite a raiva: das 160 espécies existentes no Brasil, apenas 3 alimentam-se de sangue. A maioria come insetos, frutos, néctar etc, sendo de grande importância para a preservação do ecossistema.



 



Período de



incubação



É o tempo que decorre entre o contágio e as primeiras manifestações. Embora seja muito variado, dependendo principalmente do local da mordida, de modo geral fica em torno de três semanas. Entretanto, pode oscilar entre quinze dias, meses, ou mais raramente acima de um ano.



 



Sintomas



Os primeiros sintomas nos bovinos e nos equinos são: dificuldade para andar (especialmente nos quartos traseiros), cauda flácida ou desviada para um lado e diminuição da sensibilidade, sobretudo nos membros posteriores, sendo esse um dos sinais mais típicos.



Com o passar do tempo, surge salivação, aspecto tenso e hipersensibilidade a ruídos ou movimentos, podendo ocorrer agressão a pessoas, outros animais ou até objetos. Essa fase (denominada furiosa) pode não ocorrer, passando o animal diretamente para a completa incoordenação muscular e paralisia.



A temperatura pode estar ligeiramente aumentada, ou continuar normal.



O curso total da doença, já caracterizada, fica em torno de sete dias, ocorrendo a morte por paralisia respiratória. É imprescindível a observação de que o vírus já está presente na saliva cinco dias antes do aparecimento dos primeiros sintomas.



 



Diagnóstico



O diagnóstico clínico é tão difícil quanto importante, uma vez que quase sempre estão em jogo vidas humanas (pessoas que lidaram com os animais doentes).



A atitude correta do médico-veterinário é manipular todos os animais suspeitos com extremo cuidado e observar meticulosamente, uma vez que existem outras afecções parecidas com a raiva. Quando possível, confirmar o diagnóstico com o exame laboratorial.



A raiva pode aparecer em qualquer idade, até em animais muito novos.



 



Profilaxia



Como até hoje não existe tratamento, o que se faz é adotar medidas para evitar essa doença, que traz tantos prejuízos e riscos para o homem. Dada a dificuldade e periculosidade da captura dos morcegos hematófagos, o método que tem dado melhores resultados, além de ser muito prático e barato, é a vacinação dos animais domésticos, o que pode ser feito pelo próprio proprietário após orientação do veterinário.



A dose normalmente é de 2 ml (sempre conferir na bula). Em bovinos é subcutânea e nos equinos é melhor fazer intramuscular, na região do pescoço, usando agulhas e seringas de uso humano.



Como em nossa região têm havido muitos casos, aconselha-se a vacinação de 6 em 6 meses (pode ser feita na mesma época da vacinação contra febre aftosa).



 



Algumas



observações



importantes



Bezerros com menos de três meses não devem ser vacinados, porque ainda não produzem boa resposta imunitária. Além disso, as vacas vacinadas apresentam anticorpos no leite.



Vacinar animais afetados não adianta: a morte ocorre antes que sobrevenha a imunidade.



Lavar feridas causadas por morcegos, utilizando água e sabão, ajuda a prevenir a doença.



O vírus causador da raiva é relativamente fraco, sendo destruído com facilidade pelos desinfetantes comuns.



É muito importante evitar contato com a boca e saliva dos animais doentes. Se isso acontecer, procurar imediatamente cuidados médicos.



 



Bibliografia utilizada





Medicina Veterinária:  Blood-Henderson  – Criação de Bovinos: Dorcimar da Costa Marques – Boletim do Instituto Pasteur – Folhetos do IMA.



 



*Autor



 Joel Cintra Borges, médico-veterinário, CRV-MG 0343.
Rua da Bahia, 19 - Fones: 3531 - 4549 e 99975 - 4549. São Sebastião do Paraíso - MG.