ACEP

Estudantes se re

Entre elas, estaria a assinatura de contrato com associação de Pratápolis e alto valor de anuidade
Por: Redação | Categoria: Arquivo | 04-02-2017 00:00 | 1413
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Na noite quinta-feira (2/2), estudantes se reuniram com vereadores na Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso para questionar situações que estariam acontecendo dentro da Associação Cultural e Educacional Paraisense (Acep), que atualmente vem sendo investigada por uma comissão especial para apurar possíveis irregularidades. Estudantes fizeram cobranças enquanto a falta de iniciativa do município em oferecer transporte gratuito aos alunos, sobre alto valor da anuidade paga à Acep e celebração de contrato com uma associação que teria sede em Pratápolis. Cerca de setenta pessoas participaram da reunião.



De acordo com o vereador e presidente da Câmara Municipal, Marcelo de Morais (PSDB), as reclamações sobre Acep são sempre as mesmas. “Não há transparência, ninguém nunca fica sabendo quando haverá eleições para diretoria, e agora começaram a surgir novos fatos, que precisam ser apurados, fiscalizados e mostrados para a sociedade para que os estudantes que estão aqui, tenham de forma muito clara o que está acontecendo, para mais tarde não cobrarem da Prefeitura ou dos vereadores sobre o convênio que existe com a Acep e prefeitura no fornecimento de óleo diesel”, disse.



Um dos pontos mais questionados na reunião seria em relação aos alunos estarem assinando um contrato com a “Associação de Transportes de Pratápolis e Médio Rio Grande”, com sede em Pratá-polis, e a falta de esclarecimento enquanto a isto. “O que fica claro para nós, é que está havendo por parte da Acep a celebração de contratos com empresas de fora, empresas que prestam serviços em São Sebastião do Paraíso, mas com CNPJ de Pratápolis, assinando contrato com estudante de associação com sede em Pratá-polis. E nós estamos celebrando convênio com uma Acep que é de Paraíso. Nós já nos comunicamos com os donos das empresas e iremos atrás da Prefeitura para saber como foi feito esse convênio”.



Marcelo questiona ainda o número de estudantes que estariam realmente associados a Acep de São Sebastião do Paraíso. “Esse dinheiro que o estudante está pagando para a Acep, está indo para qual conta? Iremos chamar o presidente da Acep em plenário para se justificar e iremos convocar uma audiência pública para que não reste dúvidas sobre o destino desse dinheiro público. Não há irregularidades enquanto a questão dos cálculos, mas queremos deixar claro que se a Acep não tiver a responsabilidade de fazer tudo com clareza, nós iremos questionar, sim”, completou o vereador.



De acordo com o vereador e presidente da comissão da Câmara que está acompanhado o caso Acep, Vinícius José Scarano Pedroso (SD), devido aos questionamentos pontuados em plenário, o presidente da associação, Anderson Martins (Carioca), deve ser convidado para se apresenta à Comissão e prestar alguns esclarecimentos e documentações.



“Também será convocada uma audiência pública para tratar o tema ‘Acep’, nessa audiência será convidada a diretoria da associação, empresas que fazem o transporte e os alunos, para que fique resolvido esse assunto, que todos os anos gera questionamentos. A questão dos contratos assinados com essa associação sediada em Pratápolis é algo novo, e tomamos ciência quando uma aluna nos apresentou um recibo e contrato com CNPJs diferente da Acep de São Sebastião do Paraíso. Então, há dúvidas enquanto a isto e é o que será verificado em audiência”, disse.



 



OS ESTUDANTES



Compareceram à reunião cerca de 50 estudantes que utilizam os serviços da Acep, entre eles a estudante Francielly Nascimento, de 22 anos, que estuda licenciatura em Matemática no Instituto Federal de Passos e enfrenta uma situação mais delicada. Segundo a aluna, oito estudantes desta instituição estão sem transporte porque os ônibus começam a viajar quando inicia o ano letivo na Universidade do Estado de Minas Gerias (UEMG), em março. A estudante questiona sobre transparência dentro da Acep.



“Nós queremos saber tudo o que acontece em relação ao nosso dinheiro, porque pagamos altas mensalidades, há ajuda da prefeitura e não sabemos de fato o que acontece com esse dinheiro pago à associação. Viajamos em ônibus que, infelizmente, não estão em boas condições e gostaríamos de entender”, afirma a estudante.



Francielly conta que não conseguiu conversar com o presidente da associação e que o mesmo não quis falar com ela. “Eu estive na Acep realizando minha inscrição, questionei sobre a ajuda que ele estaria tentando conseguir para os alunos do IF viajar nesses quinze dias e ele não quis conversar, não quis expor para mim o que poderia ser feito”, alegou a estudante. Francielly manifestou também que o desejo dos estudantes seria que o transporte deixasse de ser feito pela Acep e passasse a ser feito pela prefeitura.



O estudante de engenharia elétrica na Universidade de Franca, Diego de Paula Silva, de 27 anos, utiliza os serviços da Acep desde 2008. Cursando a sua segunda faculdade, ele conta que sempre houve os questionamentos apontados na reunião. “A situação já é antiga; em 2013 realizamos uma manifestação, levamos vários estudantes para a Câmara, mas não houve resultado. É necessário mais do que nunca, a união dos alunos para resolver essa situação; a reprovação ao presidente da Acep é muito grande”, afirma o estudante.



Diego disse que ainda não assinou o contrato com a Acep e está esperando que se resolva essa situação. “Hoje, se você procura a Acep, você assina um contrato e paga uma anuidade para uma associação de Pratápolis, uma empresa que prestaria serviço para a Acep de Paraíso, mas a dúvida é: nós somos associados de quem? É por isso que surgiu toda essa confusão este ano. Vale lembrar que ambas as associações têm o mesmo presidente, então, qual seria a necessidade dela para a Acep de Paraíso”, questiona.



O estudante comenta ainda que não chegou a procurar o presidente da Acep, e que preferiu se reunir antes com os vereadores por já ter tido dificuldades anteriormente em conseguir informações da associação. “Em 2013, para conseguir uma cópia do estatuto da Acep em vigor, eu tive que pagar do meu bolso R$48 porque, devido aos obstáculos, eu fui direto no cartório; se toda vez que precisarmos de um documento for assim, fica inviável”, completa.



A ACEP



À reportagem do Jornal do Sudoeste, o presidente da Acep, Anderson Martins (Carioca), afirmou que não existe nenhum tipo de irregularidade dentro da Acep e que, até o fechamento desta matéria, não chegou a ser procurado para prestar algum tipo de esclarecimento. Carioca diz que não existe interesse dos alunos em procurar informações e que poucos são os que participam das assembleias da Acep e cálculos para determinar valor que será pago pelos estudantes. Ele ainda justifica o valor da anuidade e o motivo de haver duas associações.



“A anuidade é paga para manter a Acep. Nós temos funcionários registrados, pagamos aluguel, água, luz, internet, papel, manutenção de equipamentos, viagens para renegociação de dívidas de alunos - há muito aluno devendo então nós vamos até as faculdades negociar desconto - enfim, é para todos esses custeios. Nós temos um gasto mensal de R$ 6 a R$ 7 mil. Tudo é feito dentro da lei”, afirma.



Outro ponto questionado em reunião dos alunos, seria em relação as eleições na Acep, que alguns estudantes afirmam nunca terem conhecimento. Sobre isto, Carioca justifica que as eleições são regulamentadas pelo estatuto. “Há os sócios efetivos que podem votar e serem votados. Todas as nossas eleições foram publicadas, inclusive, pelo Jornal do Sudoeste. No entanto, o que eu percebo é que há um desinteresse por parte dos alunos muito grande. Há na Acep os livros de atas que qualquer um pode ter acesso. Desses alunos que participaram dessa reunião, nenhum participou de reuniões na Acep no último ano. Quando há a oportunidade de participar, eles não participam, inclusive houve uma investigação do Ministério Público onde isso foi apontado”, defende Carioca.



Segundo o presidente, o convênio recentemente assinado com a prefeitura, a respeito da doação de R$ 450 mil para ajudar no custeio de combustível, só foi firmado após a Acep realizar uma rigorosa prestação de contas ao Executivo. “Eles não procuram saber o que está acontecendo, tanto que eu não tenho nenhuma dessas reclamações, de alunos que participaram desta reunião, na Acep”, afirma.



De acordo com Carioca, a Associação de Transporte de Pratápolis e do Médio Rio Grande, seria para agregar valor à Acep e conseguir mais benefícios aos estudantes. “Eles não entendem isso. Hoje o associado fica como associado da Acep e desta associação do Médio Rio Grande. Essa associação é para reunir outras associações para agregar valores e reduzir custos aos estudantes; algumas pessoas não entendem esse crescimento, que não influencia em nada. A Acep tem um convênio com a prefeitura, o estudante tem um contrato com a Acep também, mas se algum estudante se sentir prejudicado estamos à disposição, é só procurar a Acep para trocar o recibo”, orienta.



Segundo o presidente da Associação, seria por causa desta associação com CNPJ em Pratápolis que a Acep estaria conseguindo 30% de desconto e uma negociação com o Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé (Unifeg). “Eu estou mostrando volume de estudante e, quando isso acontece, há demanda, e assim, reduz custo. Mas os estudantes não entendem e eu, também, não fui questionado. Houve duas reuniões na Câmara sobre o tema Acep e eu não fui chamado para nenhuma delas. Eu vejo isso mais como um ato político, mas vou procurar a comissão que está acompanhando esse caso para me dispor a prestar qualquer esclarecimento”, completou.



 



ROTAS



Ainda, de acordo com o presidente da Acep, atualmente a associação está em processo de cadastramento, mas já conta com cerca de 330 associados. São 14 ônibus que viajam para Passos, Franca, Batatais e Guaxupé, transportando em média 500 estudantes. O gasto mensal desses estudantes gira em torno de R$ 200.

Alunos questionaram contratos com associa