SANTA CASA

Interventor faz balan

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 19-02-2017 00:00 | 1286
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O interventor da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso, Adriano Rosa do Nascimento, apresentou ao Jornal do Sudoeste um balanço sobre a atual situação do hospital, após a intervenção que aconteceu em 16 de dezembro do ano passado.



Adriano confirmou que há duas folhas de pagamentos do corpo clínico em atraso, referente aos salários de cerca de 70 médicos. “Quando assumimos, as folhas de setembro, outubro e novembro de 2016 estavam em aberto. Não existiam perspectivas de pagamento antes da intervenção, quando três a quatro folhas ficavam sempre em atraso. Acertamos setembro, depois outubro e agora estamos pagando novembro. Não conseguimos atualizar o valor total de débito com o corpo clínico; ainda está em aberto dezembro passado. A folha de janeiro, que vence em fevereiro, tem uma parte que se refere à produção que é paga quando o SUS faz o repasse, e tem outra parte de plantões que está atrasada mesmo”, explicou o interventor, dizendo que todo o corpo clínico tem sido muito parceiro em compreender o cenário em que a Santa Casa se encontra.



“Tudo está sendo resolvido com diálogo, não há conversas sobre paralisação dos serviços, pois se parar teremos um problema muito maior, porque aí não entrará nenhum recurso”, ponderou.



Adriano informou que neste mês, o hospital está efetuando o pagamento da folha de novembro passado a esses médicos, na tentativa de ficar com apenas um mês em atraso, pelo menos por enquanto. 



“O correto seria a comissão interventora fazer o pagamento desse passivo a partir do momento em que assumiu, ou seja, dezembro. Mas optamos em não deixar esse pessoal sem receber. Muitas pessoas que estavam na folha de setembro, poderiam não estar trabalhando atualmente, por isso fizemos questão de não prejudicar ninguém”.



Adriano disse que as negociações devem ser refeitas, com a elaboração de contratos com cada clínica (especialidade médica), adequando cada uma dentro do real valor que o hospital recebe de maneira formal, que seja bom para o corpo clínico e para o hospital, com um cumprimento de compromisso.



Está pendente também, disse o interventor, o 13º salário dos funcionários. “Quando entramos o quadro de funcionário tinha 492 colaboradores, houve redução para 473, para reduzir custos sem prejudicar atendimento, pois atuavam na área administrativa da Santa Casa. As rescisões foram feitas, com a quitação de todos os direitos trabalhistas desses dispensados. Estamos fazendo novas dispensas com valores maiores e os acertos cumpridos”.



Ele disse que isso foi necessário para reduzir o déficit mensal que a Santa Casa apresenta em torno de R$ 700 mil ao mês. “Teremos que reduzir custo e aumentar receita que dê esse montante para sanar os problemas, isso é extremamente difícil. Temos que fazer negociações e colocar essas parcelas em nosso custo”.



 



Fornecedores 



Segundo ele, os médicos estão inclusos no débito com os fornecedores da Santa Casa, que atualmente perfaz um total de R$ 12,5 milhões, sendo que desses, só com corpo clínico o valor é em torno de R$ 3 milhões, pois a média da folha é de R$ 900 a R$ 1 milhão ao mês.



No passado recente houve muitas negociações com fornecedores que não foram cumpridas, nem por isso há falta de algum insumo que esteja prejudicando o correto atendimento aos pacientes. “Estamos conversando com cada um e pedindo prazo. Tentaremos manter em dia quem está nos fornecendo”.



Não há nenhum pedido de moratória em relação às empresas fornecedoras, e Adriano garantiu que os acordos serão cumpridos, diz que quem forneceu vai receber e tem sido parceiro também.



 



Financiamentos



e pendências



O financiamento que existia com a Unicred foi renegociado, com redução de taxa de juros e houve um período de carência de três meses, sendo que a parcela é de R$ 100 mil ao mês. O financiamento com a Caixa Econômica Federal não é renegociável, e as parcelas são descontadas mensalmente do pagamento do SUS.



Não há perspectiva de entrada de dinheiro novo. Adriano diz que não há fonte para colocar R$ 12 milhões na Santa Casa atualmente, que é o montante que o hospital necessita para colocar todas as contas em dia.



Adriano fez uma comparação: “É como se a Santa Casa fosse uma caixa d´água cheia de furos, enquanto não sanarmos todos esses vazamentos, não há como colocar mais água limpa, pois continuará vazando”.



O interventor contou que fez reunião com a Secretaria de Estado de Saúde, no início de janeiro passado. “Nesse momento, o secretário adjunto da pasta, Nalton Sebastião Moreira da Cruz, colocou sua equipe técnica à disposição da santa casa a fim de levarmos toda a documentação para que seja feita uma análise. Nesta semana, eu, o secretário municipal de Saúde, Wandílson Bícego, e nosso recém-nomeado diretor técnico, Flávio Vilela, fomos à uma reunião técnica na Secretaria, quando foram discutidos os pontos de estrangulamento do hospital”, explicou Adriano.



Entre esses pontos de dificuldades maiores que o hospital possui estão os déficits de serviços de urgência e emergência, que está atualmente em R$ 200 mil ao mês de déficit. As UTIs fecham no negativo em cerca de R$ 180 mil por mês.



 



A cardiologia



Adriano Rosa do Nascimento disse que o problema do setor de cardiologia é um dos mais complexos que a Santa Casa enfrenta atualmente. “Apesar de a cardiologia ser credenciada, nesses dois últimos anos perdeu 50% de seu orçamento, porque o Estado fez uma redistribuição de recursos. De mais de R$ 500 mil que recebíamos, caiu para em torno de R$ 200 mil e não houve redução de atendimentos, mantivemos a estrutura cardiológica, produzindo o mesmo valor anterior, porém o Estado só paga mesmo os R$ 200 mil. O Estado já deixou claro que não vai pagar esse extrapolamento de teto, ou seja, é um prejuízo já concretizado e não há perspectiva de aumento”, relatou o interventor.



Segundo ele, a maior surpresa foi a confirmação de que o Estado credenciou a unidade cardiovascular de Passos. “Fiquei indignado ao saber que temos uma unidade com o investimento de mais de R$ 30 milhões em equipamentos e material com equipe elogiada em todo o Estado de Minas e, de repente, há outro serviço credenciado a 40 quilômetros. Não houve economia de escala. Eu pergunto: Como vamos atender à demanda com essa qualidade? Existe o PDR (Plano Diretor de Regionalização) que mostra que dentro de nossa macro sul há 2,5 milhões de habitantes e quando a Santa Casa foi credenciar esse serviço, só existia duas unidades no Estado. Seria excelente, conseguiríamos atender quase um milhão de habitantes e fizeram o credenciamento de mais cinco unidades dentro da mesma macro sul. É assim que o Estado quer economizar. Inviabilizar o nosso serviço na situação em que a Santa Casa está”, descreveu Adriano.



 



Habilitações



Por outro lado, o Ministério da Saúde habilitou a Santa Casa para fornecer “leitos de retaguarda”, sendo esses sete leitos de UTI. “Os leitos já são habilitados. O hospital receberá um valor um pouco maior pelos sete; temos 30 leitos de UTI e queremos habilitar todos nesse contexto”, disse.



Ele contou que o hospital também está buscando reabilitar da mesma forma os 33 leitos clínicos de retaguarda. “Esperamos que o Ministério da Saúde nos atenda, pois nesse aspecto o Estado já disse que nos apoiará”.



Na reunião dessa semana a Secretaria de Estado da Saúde também se comprometeu a fazer repasses à Santa Casa que estão atrasados, como por exemplo serviços que foram prestados pelo hospital dentro da modalidade “Pro hosp”, “Rede Cegonha”, e leitos de UTI. “São modalidades já aprovadas e que se viessem teriam um impacto positivo para a Santa Casa, totalizando algo em torno de R$ 1 milhão”.