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CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:
Por: Redação | Categoria: Arquivo | 21-03-2017 00:00 | 8772
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Luiz Carlos Pais 



 



No final de 1915, os moradores de São Sebastião do Paraíso, polo cafeeiro do sudoeste mineiro, presenciaram um evento marcante na história da imprensa local, que foi o lançamento da Revista Sul Mineira, sob direção do Antônio Villela de Castro. Advogado formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, onde graduou-se em ciências jurídicas em 1897, além de colaborar na imprensa da cidade, Villela de Castro exerceu o cargo de juiz municipal, quando Luiz Sanches de Lemos exercia o cargo de Juiz de Direito. Os dois, juntamente com o professor Gedor Silveira e o promotor de José Bento de Assis, participavam do corpo docente do curso normal, criado em 1911, no Ginásio Paraisense, na fase dirigida pelo do padre Aristóteles Aristodemus Benatti.



Nos anos que precederam ao lançamento da referida revista, Villela de Castro foi um dos redatores do jornal Libertas, conforme registra Souza Soares, no livro “São Sebastião do Paraíso e sua História”, de 1945. No que se refere à circulação da provável primeira revista mensal a circular em Paraíso, há registro de que mesma era distribuída também em Passos, Poços de Caldas, Guaxupé, Monte Santo, Arari, Guaranésia, Jacuí, São Tomás de Aquino, entre outras cidades da região. Em termos de registros de sua trajetória na imprensa nacional, em 4 de outubro de 1915, em coluna que apresentava panorama geral da imprensa nacional, o Correio Paulistano, publicou nota sobre a existência da Revista Sul Mineira, de São Sebastião do Paraíso, de periodicidade mensal, sob a direção do Dr. Antônio Vilela.



Ainda no Correio Paulistano, em 2 de fevereiro de 1916, consta a publicação, ocorrida no dia anterior, do terceiro número da mesma Revista, quando foi anunciado que o próximo número deveria ser publicado até meados de fevereiro daquele ano. É possível localizar outros registros na imprensa da capital paulista sobre a divulgação da referida revista paraisense, noticiando a visita do seu diretor em localidades da região, fazendo conferências e divulgando o seu projeto jornalístico.



Para finalizar, cumpre observar que em seu editorial de lançamento, a Revista Sul Mineira apresentou uma detalhada notícia histórica do município de São Sebastião do Paraíso, valorizando aspectos geográficos, econômicos, políticos, estatísticos, bem como os poderes constituídos. Ficou registrado que o município, naquele ano de 1915, era “o mais importante da região”, em vista as suas riquezas naturais em referência às reservas de jazidas de ferro, material calcário para a fabricação de cimento, bem como pelo crescente desenvolvimento da lavoura cafeeira, cuja produção anual era então avaliada em um milhão e quatrocentas mil arrobas, quantidade equivalente a 350 mil sacas de 60 quilos. Estava estimada a existência no município de 15 milhões de pés de café em produção e de um rebanho bovino com cerca de 25 mil rezes.



Sobre a imprensa parai-sense foi publicado na notícia histórica da referida revista a existência de três semanários que estavam em circulação em 1915: Libertas, Tribuna do Sul e o Correio do Sul, todos “muito bem redigidos por pessoas honestas e competentes”. Na política ficou registrado a existência de uma divisão das lideranças em duas legendas: o Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Municipal. Hoje, é possível avaliar que o primeiro convergia em torno das lideranças mais conservadoras, enquanto o segundo era chefiado por coroneis cafeeiros “mais modernos”, que tinham como modelo o desenvolvimento mais progressista do interior paulista, região onde concentrava a liderança nacional da legenda.