A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Sebastião do Paraíso (Apae), passa a atender exames completos de avaliação auditiva. Entre os atendimentos está o exame da orelhinha e outros mais complexos como o Bera/Peate (Brainstem Evoked Response Audiometry /Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico). O atendimento será uma forma de a Associação manter os trabalhos por ela desempenhados, além de também atender a demanda interna que existe. Conforme o diretor da Apae, Ademar Paschoalino, a associação irá atender via SUS o município e as cidades circunvizinhas por meio de consórcio, além de planos de saúde.
De acordo com Ademar, agora a Associação está apta a atender toda a gama de exames auditivos. Inicialmente, a Apae está com contrato com Consórcio de Saúde e também credenciada junto ao SUS para atender à Secretaria Municipal de Saúde.
"Estamos apenas aguardando o desfecho do novo credenciamento junto a Prefeitura e Secretaria Municipal de Saúde. Estamos bem preparados, com profissionais credenciados e vamos atender da melhor maneira. Nosso intuito é prestar o melhor serviço a toda a nossa cidade, independentemente se é particular ou não, mas que faça com que a pessoa tenha dentro de Paraíso aqueles exames que eram feitos fora, sendo grande parte deles procurados em Franca, Ribeirão Preto, Alfenas entre outros municípios. Isso fez com que nós partíssemos para esse campo para implementar esse atendimento no município, mesmo porque também temos nossos casos internos, que estamos sempre verificando, com isso estamos juntando o útil ao agradável", destaca Ademar.
Segundo o diretor da Associação, esses atendimentos deixam São Sebastião do Paraíso à frente na área de prestação de exames audiológicos. "A demanda vem crescendo e até então a Apae tem trabalhado via Secretaria de Saúde, Consórcio e empresas de prestação de serviços de saúde. A expectativa nossa é sempre a melhor. A Apae para se manter precisa trabalhar, não adianta ficar igual passarinho dentro do ninho de bico aberto, e a nossa meta é justamente essa, aumentar o nosso movimento porque hoje a Associação tem mais de 300 usuários", acrescenta.
Coforme Ademar Pascho-alino, a Apae está no momento com 56 pessoas aguardando vagas para serem admitidas. "Para manter um nível de profissionais de gabarito para atender essa demanda, a Apae tem que trabalhar realmente. Procuramos prestar o serviço em uma maior quantidade, dentro dos limites, para que possamos pagar aquele profissional especialista para atender essa demanda; e tendo em vista a situação do país e tudo o que temos vivenciando, não temos alternativa senão trabalhar. Eu acredito que seja bom para nosso município", completa.
OS EXAMES
Conforme explica a especialista em audiologia, a fonoaudióloga Erika Alaine Lemos Ferreira, a audiometria é um exame que avalia a capacidade para ouvir o som, detectando os limiares auditivos, possibilitando localizar, identificar e quantificar o grau da audição, classificando como normal ou, em casos de perdas auditivas, o seu tipo de grau. Em algum caso de perda auditiva a audiometria possibilitar a necessidade de usar ou não um aparelho auditivo, e em outros estabelece um prognóstico e um diagnóstico, já que são inúmeras as causas de perda auditiva, como também sugerir medidas preventivas que evitem o desencadeamento ou agravamento de perdas auditivas.
"O exame também detecta alteração auditiva em crianças pré-escolar ou escolares, muitas vezes não percebidas, mas que são uma das causas de baixo rendimento escolar. O exame é realizado em uma cabine acústica, onde o indivíduo coloca um fone de ouvido e responde aos estímulos através de sinais combinados. O exame de audiometria vocal detecta a compreensão e percepção da voz humana e complementa a audiometria tonal. Além dos tons, também avaliamos a capacidade do indivíduo de discriminar a fala. O exame pode ser realizado em crianças e adultos, podendo ser mais difícil de ser realizado em criança menores de cinco anos. Geralmente a avaliação clínica da deficiência auditiva é iniciada pela audiometria tonal e vocal, juntamente com o teste de imitanciometria", explica a médica.
De acordo com a fonoaudióloga, geralmente quando o paciente vai ao otorrinolaringologista, que é a especialidade que mais solicita esse tipo de exame, queixando-se da audição, os exames iniciais que o médico pede são os de audiometria tonal e vocal, que são exames básicos. O paciente devolve esse exame para o médico que vai direcionar o tipo de tratamento daquele indivíduo. Outro exame que também será realizado na Apae é o de imitanciometria, que avalia o ouvido médio e é um teste objetivo que não precisa do paciente responder.
"Sua finalidade é verificar a integridade da membrana timpânica e as estruturas da orelha externa e média e o reflexo do ouvido médio. É um exame muito utilizado na população infantil que apresenta um quadro maior de infecção de ouvido. Esses são os testes mais comuns para avaliar a capacidade auditiva", destaca.
TESTE DA ORELHINHA
Também será oferecido pela Associação o "teste da orelhinha", um exame fundamental para identificar problemas auditivos ainda nos primeiros dias de vida das crianças. "Esse exame é destinado aos bebês recém-nascidos, como hoje já existe o teste o pezinho e o teste do olhinho. O certo seria fazer essa triagem em todos os bebês que nascem e, através dessa resposta, você consegue ver se a criança precisa passar por mais avaliações auditivas ou se a família só vai acompanhar o desenvolvimento dele em casa", destaca a fonoaudióloga.
Erika explica que o teste da orelhinha não é um exame que vai fechar um diagnóstico imediato, mas selecionar aqueles bebês que precisam dar continuidade na avaliação auditiva. No teste da orelhinha é verificada a função das células ciliadas externas existes na orelha interna. "O ouvido interno da criança se forma na vida gestacional; no nascimento, se é verificado que não há presença dessas células, elas não vão nascer ou se constituir depois. E é aí que entra essa questão da triagem auditiva do bebê o quanto antes, porque o bebê logo precisa ouvir para passar por experiências auditivas e começar ter atenção aos sons, localizar sons e assim por diante".
Coforme ressalta a médica, é um exame de extrema importância porque se é identificado alguma alteração auditiva nessa fase, já se faz uma intervenção precoce na criança. "Assim que o bebê nasce, ela já sai da maternidade com esse pedido do teste da orelhinha e após, os pais deve levar o resultado para o pediatra que vai dar continuidade nessa pesquisa auditiva. Então, quando mais cedo se identificar o problema, fazer a intervenção, melhor será o prognóstico", comenta.
BERA/PEATE
O Bera/Peate (Brainstem Evoked Response Audiometry / Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico) é um exame que avalia o caminho que o som vai percorrer até chegar à região responsável pela detecção do som do ouvido externo até o córtex cerebral, ou seja, ele avalia o funcionamento das vias auditivas nervosas. A especialista destaca que esse é um exame considerado o suprassumo da audiologia, um teste que é mais refinado e um equipamento muito caro.
"À medida que a audiome-tria e imitanciometria avaliam o ouvido externo, médio e interno, o Bera valia o caminho do som até o córtex cerebral, ou seja, ele avalia o funcionamento das vias auditivas nervosas. Ele tem uma aplicação clínica grande e pode ser aplicado em várias populações e idades, conforme a queixa, geralmente o paciente que tem tontura, zumbindo unilateral ou perdas auditivas assimétricas ou súbitas, perdas progressivas, ou em crianças ou adultos que não conseguem responder bem a audiometria, inclusive é um exame subsequentes aos exames que não apresentaram resposta no teste da orelhinha", elucida Erika Ferreira.
"Esses atendimentos que agora serão ofertados pela Apae é um ganho muito grande para a cidade, para a região e para a população como um todo. É uma riqueza esses exames auditivos porque não são exames fáceis de se conseguir via SUS e consórcio; se tudo der certo vamos conseguir ampliar essa questão de convênios para atender uma demanda bem ampla. O serviço está implantado. Os aparelhos são de alta tecnologia, inclusive o Bera aqui na nosso município eu desconheço a existência", completa a fonoaudióloga.