GOLPE

Procon volta a alertar sobre “golpe do colchão” em Paraíso

Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 04-07-2017 08:07 | 4463
Foto: Reprodução

Novamente o órgão de Proteção ao Consumidor em São Sebastião do Paraíso (Procon Municipal), voltou a registrar queixa sobre o famoso “golpe do colchão”. O caso já é antigo e fez várias vítimas no município, geralmente pessoas idosas que estão debilitadas e que caem na lábia de homens bem vestidos que chegam as suas residências e, por meio de contrato, acabam conseguindo vender uma manta massageadora a preços exorbitantes.
Na quarta-feira (28/6), o Procon em Paraíso fez atendimento referente a aquisição de uma manta massageadora “milagrosa”, adquirida pelo valor de R$1.900,00. De acordo com o coordenador do órgão, Fábio Martins, como o reclamante não era o adquirente do produto, a reclamação não chegou a ser formalizada, mas o coordenador tem alertado a população para que se atente ao caso. “Essa manta massageadora pode ser encontrada no comércio local pelo valo de R$ 400”, ressalta Martins.
Em 2015, o Procon havia entrado em contato com a reportagem do Jornal do Sudoeste para alertar a população sobre o caso. Conforme explica Fábio, o golpe se dá quando vendedores bem vestidos e com veículos bons visitam a vítima para vender um colchão magnético, prometendo que o produto auxilia no tratamento de várias doenças, como artrite, artrose, doenças respiratórias, entre outras. O preço do colchão chega a mais de R$ 2 mil, dividido geralmente em dez vezes. Ao fechar o negócio, o vendedor faz a vítima assinar um contrato com a descrição da forma de pagamento.
O coordenar esclarece que o golpe está no preço do colchão, encontrado no comércio local por cerca de R$ 400. Quando a vítima descobre que caiu em um golpe tenta desfazer a compra, mas não consegue porque, na maioria das vezes, já passou o “prazo de arrependimento”, determinado pelo Código do Consumidor, que é de sete dias.
Segundo ressalta o coordenador do Procon, a empresa do colchão alega que o prazo já expirou e não pode cancelar a venda. O Procon também fica sem ter como agir porque há um contrato assinado pelo cliente e o prazo está expirado, cabendo à vítima pagar a multa contratual estabelecida, o que corresponde 30% sobre o valor do produto, ou seja, o negócio não transcorre na ilegalidade, mas da má fé desses vendedores.
O coordenador do Procon de São Sebastião do Paraíso, Fábio Martins, pede para que a população fique alerta e, caso tenha assinado um contrato da compra de um produto similar muito recentemente, entrar em contato com o Procon. 
Além disso, o golpe envolve também outros prejuízos à vítima. Em um caso atendido pelo coordenador do Procon em Paraíso, o vendedor havia combinado dez parcelas, porém a vítima só foi perceber depois que o contrato entregue preconizava 60 parcelas. Os vendedores avisaram que os pagamentos seriam realizados via boleto, porém, de posse de todos os dados da vítima, que é moradora do distrito da Guardinha, firmaram um empréstimo consignado em seu nome. Há ainda o fato de que o produto usa de propaganda enganosa, segundo o coordenador do Procon, o colchão não faz nenhuma diferença para quem o usa, já que não diminui dores ou alivia qualquer outro sintoma.




GOLPE ANTIGO
A aposentada Maria Aparecida da Silva, de 65 anos, foi uma das vítimas do golpe há cerca de dois anos e meio e até hoje não conseguiu resolver o seu caso, chegando a discutir com pessoas relacionadas à venda do produto que ligaram para cobrar as parcelas não pagas do produto. Ao informar que procurou o Procon e ficou sabendo que se tratava de um golpe e que o colchão era vendido no comércio em Paraíso por R$ 400 e não R$ 2,2 mil, como havia contratado, o cobrador teria dito que “não tem culpa de seus vendedores serem bons”.
No dia em que um desses vendedores chegou a sua porta, a aposentada, que apresenta caso grave de bronquite, além de artrite e outros problemas de saúde, acabou deixando se ludibriar pelas palavras do representante do colchão “milagroso”. “Ele chegou a minha casa em uma caminhonete e passou a apresentar as vantagens do colchão. Eu não estava interessada, mas ele passou a dizer do potencial de cura do produto. Não sou boba, mas naquela hora eu achei que tinha encontrado a solução para tirar minhas dores; e foi fácil me pegarem no golpe, porque naquele dia eu estava passando muito mal”, recorda.
Maria acabou comprando o colchão pelo valor de R$ 2.250 mil. “Depois me disseram que em uma loja daqui estava custando R$ 250, eu já tinha pago três parcelas das 15 vezes que havíamos combinado e que constava no contrato que eu tenho até hoje. Fui à loja, a vendedora me passou o orçamento por escrito e fui ao Procon. A advogada naquela época me explicou que o prazo para reclamação tinha passado e me recomendou pagar, afinal eu não havia lido o contrato. Mas eu já havia decidido que não ia pagar e que estava disposta a devolver o produto”, relatou.
A aposentada relata que empresa continua cobrando o pagamento das parcelas, o que já gerou discussão. “Eu havia sido explorada e o representante da empresa disse que não. Ele disse que seus vendedores trabalhavam muito bem, vendendo inclusive mais caro que a loja”. A empresa já lhe enviou carta “extrajudicial”, ameaçando enviar seu nome a Serasa e ao SPC, mas ela diz que não paga. O colchão está guardado. “Eu quis negociar, disse que perderia as parcelas que havia dado e devolveria o colchão, mas não aceitaram”, completa.




REPERCUSÃO
Após publicação de matérias sobre o mesmo caso, o Procon passou a receber mais pessoas em situações similares. Caso tenha aceitado algum negócio parecido, o coordenador do Procon recomenta que o cidadão procure o Órgão para registrar sua reclamação. O Procon Municipal fica locado na rua Pimenta de Pádua, 1237, Centro, junto ao Posto do Psiu, com atendimento das 8h às 11h e das 13h às 16 horas.