A mulher estava morrendo. Sofrera uma parada cardíaca e tudo indicava que não voltaria, uma vez que já tomara vários choques do ressuscitador e nada. Os minutos foram passando, até chegar a seis, prazo máximo para que não ocorra lesão cerebral por falta de oxigênio.
Mais um choque e ela deu uma respirada! Seu coração começou a funcionar, no início um pouco sem ritmo, mas, logo depois com movimentos firmes e compassados.
Ela foi voltando a si e o melhor: trazia novidades. Contou que vira todo o processo de quase-morte. Observara quando a enfermeira, que trazia a adrenalina, deixara o frasco cair e este se quebrara, obrigando-a a voltar correndo para buscar outro. Vira quando a caneta do médico caíra ao chão num momento em que ele se inclinara. Enfim, descreveu o que passara naquela sala, nos momentos em que estivera tecnicamente morta, e com grande riqueza de detalhes, como se estivesse sentada observando atentamente a tudo.
Mas, havia algo que não encaixava: ela era cega há quinze anos, devido a problemas de diabetes! Como pôde ver, se seus olhos não conseguiam enxergar nada?
— Não sei,. – respondeu – agora que estou desperta estou cega novamente, mas, naqueles minutos eu enxerguei e muito bem!
Esta história me foi transmitida dias atrás por um amigo de Cássia, médico, e pessoa muito inteligente. Segundo disse, ele a lera em uma publicação científica internacional, com a ressalva de que o médico que a assinava se declarava completamente ateu e materialista, mas, que publicara a matéria por uma questão de honestidade profissional.
Não vou alongar-me em considerações a respeito do assunto. Prefiro deixar aos caros leitores essas reflexões e conclusões. “Há mais coisas entre o Céu e a Terra do que sonha nossa vã filosofia”, já escreveu, há quase quatrocentos anos, Shakespeare, no clássico “Hamlet”...