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A gravidade da denúncia apresentada pelo procurador -geral da República, Rodrigo Janot, na segunda-feira (26), é de envergonhar o País: pela primeira vez um presidente da República, em pleno exercício do cargo, é denunciado pelo crime de corrupção passiva.
O documento da PGR formaliza uma acusação contra Temer e, por isso, ainda precisará ser apreciado pela Câmara, e caberá agora aos “nobres” deputados, decidirem o rumo do País.
O presidente denunciado (e em quem ninguém votou) Michel Temer se disse tranquilo, do ponto de vista jurídico. Isso porque, para ele, não há fundamentos que embasem a denúncia.
Na maior cara de pau, criticou duramente o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que o denunciou ao Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva.
Ardilosamente, citou o procurador Marcelo Muller que deixou o emprego para assessorar o Grupo JBS em sua delação, e disse que ele ganhou alguns milhões de reais e que pode tê-los divididos com Janot.
Sempre que alguma autoridade é denunciada, argumenta que a instituição que representa foi atacada. Lula e Dilma fizeram o mesmo.
Temer acusou Janot de promover um atentado contra o país, de querer paralisar o governo e o Congresso. E se disse disposto a ir para a guerra, logo agora que “o país havia entrado nos trilhos”. Esqueceu, porém, de examinar as acusações que pesam contra ele e de refutá-las.
Não, não esqueceu. Simplesmente fugiu de respondê-las.
Sintomaticamente, entre os deputados presentes ao pronunciamento estava Alceu Moreira (PMDB-RS), um dos cotados para ser indicado para ser o relator da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O time já está em campo.
Fica então a pergunta (mais uma): Será que não tem homem de fibra suficiente na Câmara dos Deputados?
A maioria esmagadora se dobrará novamente às benesses de um poder comprovadamente manchado?