Na edição anterior escrevi aqui as impressões que tive sobre a Itália, em viagem recente. Muitas pessoas gostaram e comentaram, então dou sequência ao assunto, agora abordando o modo de vida e o jeito de ser dos italianos.
Comecemos pela mesa.
Se come muito (e bem) na Itália.
As refeições são sequenciais: antepasto (frios ou pães), primeiro prato (massa), segundo prato (carne), contorno (salada) e doce (sobremesa), seguidos pelo café.
São criteriosos com a comida, serviço de mesa impecável, sabores deliciosos. Adoram sorvetes (gelato). A bebida que acompanha as refeições sempre água ou vinho. Nada de refrigerantes ou suco. Só com muita insistência e o suco é horrível, mesmo o de uva, por mais estranho que pareça.
Bebem vinho até no almoço de trabalho, com sol a pino. Ou então dão birra (cerveja), para alegria de alguns companheiros de jornada.
Já os garçons são impacientes, chegam a escolher para você o que vão te servir. Tem de saber lidar com a situação.
Quanto a um item fundamental para nós, brasileiros, outras diferenças: as lojas.
Não espere gentilezas, atenção especial ou disposição dos vendedores ou donos das lojas. Não gostam nem que se toque nas mercadorias, se ofendem quando pedimos descontos e parecem estar de mau humor ou desconfiados o tempo todo. Em algumas das cidades que visitamos, as lojas fecham no horário de almoço (deve ser o efeito do vinho).
Parte dessa estranheza se deve ao fato de que os italianos são mais reservados e contidos, se manifestam mais na hora de esbravejar. Falta paciência a eles, na lida com as pessoas.
Por outro lado, são muito cultos e patriotas, a bandeira tricolor da Itália está por toda parte, uma maneira de expor o orgulho pelo passado histórico e pelo país atual, principalmente diante dos incontáveis imigrantes que acolhem. Conversei com trabalhadores da África por toda parte, camareiras, operários, ambulantes.
O italiano é prático e funcional, até no serviço público. Para consertar uma tubulação de água já estavam no local, numa rua de Roma, três caminhões: equipamentos, encanamento reserva e o asfalto para cobrir o buraco. Quando voltamos pela mesma rua, tudo estava coberto.
Séculos de experiência em obras públicas fazem a diferença.
No trânsito outros aspectos interessantes.
Nas cidades do interior, geralmente com a área central de ruas pequenas e apertadas, as casas não têm garagens, então os carros ficam nas ruas. E o tamanho dos mesmos não é grande, os maiores carros que vimos são os táxis, geralmente para até sete pessoas.
Já em Roma, o gosto do italiano pelas lambretas se modernizou. As scooters estão por toda parte, com um estilo todo tecnológico, mas ainda romano.
Dividem espaço com uma nova paixão italiana em se falando de carros.
Além das Ferraris, os italianos agora curtem os chamados smart cars, aqueles minicarros, que têm versão até para uma pessoa só.
Estão por todo lado e tornam o dirigir e o estacionar mais fácil.
Outra paixão italiana são as bicicletas, tanto as de uso urbano, quanto as de competição, estrada ou mountain bike. Também, com cenários como aqueles, até eu iria pedalando, só para observar a paisagem. A paixão deles é tanta que supera até o futebol.
Lições para seguirmos.
mabicego@hotmail.com