Engenheiro diz que precisa haver mais investimento em manutenção de rede elétrica em Paraíso

Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 16-07-2017 16:07 | 2038
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No início deste mês, um incidente envolvendo o rompimento de cabos de energia na rua Santa Luzia e na avenida Wenceslau Brás, em Paraíso, por pouco não terminou em tragédia. Cabos de energia de 7.967 volts se romperam e foi preciso isolar os locais para que se evitassem acidentes. Bombeiros alegaram que ao atender a ocorrência os cabos ainda se mantinham energizados. A Cemig informou que a causa foi um curto-circuito na rede e o caso ainda está em análise.
A reportagem questionou se não deveria haver um sistema para desligar a energia, a fim de evitar acidentes mais graves. Sobre o questionamento, a Companhia informou que  “em função da característica excepcional deste curto circuito (com alta resistência elétrica) quando da queda dos cabos ao solo, houve a atuação do sistema de desligamento com tempos superiores de atuação quando comparados com os curtos-circuitos mais frequentes. O sistema foi reajustado no dia 2/7 e medidas para melhoria da supervisão e confiabilidade estão sendo realizadas”.
Conforme explica o engenheiro elétrico, Ailton Rocha de Sillos, os relés de proteção das linhas de transmissão elétrica precisam ter manutenção periódica. “A própria Cemig admite que precisou reajustar o sistema de proteção. O que está acontecendo é que a cada dia há menos investimentos nos sistemas de proteção, principalmente em sistemas de alta tensão e os riscos são maiores. Investem menos no sistema de aferição do sistema de transmissão e da proteção e acontece isso que aconteceu em Paraíso. A Cemig admite que preciso reajustar o sistema de proteção e isso poderia ter gerado um acidente gravíssimo como, por exemplo, se estive próximo a um posto ou tanque de combustível”, avalia.
Para o engenheiro, o acidente mostrou que realmente está precisando ter mais investimento no sistema de proteção de alta tensão. “Os reajustes de relés precisam ser feitos com mais frequência, do contrário pode acontecer acidentes como este registrado em Paraíso. Essa voltagem, de 7.967 V é altíssima, é de alta tensão. Normalmente, as linhas de alta tensão tem um sistema de relés de proteção que precisam ser reajustados com frequência, o que é normal e se não houver pode falhar”, comenta.
Sillos explica que o tempo de desligamento dessa transmissão onde houve o acidente foi alto, o que mostra uma falta de aferição do sistema de relé de tempo. “Acontece que os investimentos das linhas de transmissão estão ficando mais restritos. Quando se coloca uma rede de transmissão você tem um instrumento que mede a tensão e mede a corrente, quando essa transmissão rompe, há o relé que “enxerga” essa corrente alta e desliga. Quando a Cemig diz que o desligamento estava no tempo superior, é porque esse relé estava desregulado”.
Segundo o engenheiro, o sistema é projetado para quando acontecer uma falha como a ocorrida em Paraíso, desligue em um tempo curto, mas a manutenção tem que ser frequente. “A manutenção do sistema de transição é de praxe, há uma equipe de teste que leva esse relé para o laboratório, faz o aferimento e volta ele ao lugar; o mesmo acontece com o padrão de energia das residências, que precisa ser aferido periodicamente para não medir a energia errado. As aferições são determinadas por lei e há um prazo para cada caso; como têm que remover o equipamento e levar para um laboratório, acaba aumentado esses prazos de aferição o que pode ocasionar esses acidentes.
Ainda, segundo o engenheiro, quando acontece esse rompimento, as oscilações de energia na periferia da falha podem queimar equipamentos eletroeletrônicos que estejam na tomada. “É um perigo e a situação é mais grave que imaginamos. Fica claro que o relé de falha para terra e o de sobrecorrente não atuou no tempo certo e poderia ter ocasionado um acidente muito mais grave, houve muita sorte. A manutenção tem que ser periódica e se não se faz no prazo, acaba gerando acidentes. Quando a linha cai por algum motivo, em frações de segundo os relés de proteção deve desligar a linha e se não acontece, é porque ele não foi aferido”, destaca o engenheiro. 
A empresa informou também que “a manutenção da rede Cemig segue um rígido plano de manutenção com periodicidades definidas para inspeções e reparos. Alinhado ao plano de manutenção existe um plano de expansão e melhorias da rede que contempla o aumento da capacidade, continuidade e confiabilidade”, concluiu a empresa.
Porém o engenheiro questiona. “Eu sou do ramo e ficou claro que houve deficiência na manutenção, foi uma falha de proteção, não sei qual é esse plano de manutenção com periodicidade, mas se isso aconteceu, esse tempo de manutenção tem ser menor. Ficou claro que há falhas e falhas gravíssimas. Acontecer isso dentro de uma área urbana é muito perigoso, se houvesse combustível por perto, o caso poderia ter sido muito mais grave”, completa Ailton Sillos.