Valtteri Bottas venceu no domingo passado o GP da Áustria e entrou na briga pelo título da Fórmula 1 com Sebastian Vettel e Lewis Hamilton.
A diferença de Vettel para Hamilton subiu de 14 para 20 pontos (171 a 151), e Bottas agora está apenas 15 pontos atrás do companheiro de Mercedes, o que significa que a diferença do 3º para o 2º colocado é menor que a do vice para o líder do campeonato.
Com Kimi Raikkonen, com o outro carro da Ferrari, cada vez mais distante dessa briga (5º colocado com 83 pontos, atrás de Daniel Ricciardo, da Red Bull), a disputa virou uma espécie de dois contra um.
Mas a tabela de classificação depois de 9 etapas pode ser vista de formas diferentes. Se por um lado Vettel agora tem dois, e não somente um adversário direto, por outro, a chegada de Bottas pode indiretamente acabar sendo um aliado porque ao que tudo indica, a Mercedes não deve priorizar apenas um de seus pilotos, mantendo a disputa liberada entre eles, o que pode ser uma vantagem para Vettel uma vez que a tendência será Bottas tirar pontos importantes de Hamilton, e vice-versa.
A vitória do finlandês no Circuito Red Bull Ring foi soberba. E nem a polêmica levantada por Vettel, de que Bottas teria queimado a largada, o abalou nas 71 voltas da corrida.
Os comissários da Federação Internacional de Automobilismo analisaram os dados e concluíram que não houve queima de largada. Bottas teve um tempo de reação de ‘201 milésimos de segundo’ ao apagar das luzes. Aquela “mexidinha” insignificante que deu, foi considerada dentro do tolerável e não houve punição.
Se a olho nu é quase imperceptível de ver, aí eu fico pensando como Vettel conseguiu enxergar queima de largada num momento tenso em que todos os pilotos estão no máximo de concentração para o momento mais delicado de uma corrida, e ainda ver o adversário queimar a largada?
Tudo bem que pilotos são pessoas diferentes de nós, considerados normais, mas é preciso ter olho clínico num momento como aquele. E não se dando por satisfeito, Vettel continuou resmungando depois da corrida que viu Bottas partir antes das luzes vermelhas se apagarem, contrariando a eficiência dos sensores instalados nos carros e no asfalto para detectar a queima de largada, além dos dados a disposição dos comissários da FIA. Foi a segunda derrota seguida de Vettel perante dados de telemetria, depois que no Azerbaijão ele acusou Hamilton de frear de propósito para lhe prejudicar, o que não foi verdade.
Polêmicas à parte, a Fórmula 1 está em Silverstone para a disputa da 10ª etapa do Mundial, o GP da Inglaterra, na casa de Hamilton. O inglês não ficou nada satisfeito com o 4º lugar obtido na Áustria depois de perder 5 posições no grid pela troca do câmbio de seu carro que a Mercedes precisou fazer antes de a peça completar seis corridas programadas, como manda o regulamento. Hamilton largou em 8º, sofreu com o desgaste de pneus e não conseguiu superar Daniel Ricciardo na disputa pelo 3º lugar.
O que poderia ser visto como um empurrão a mais, correr diante da torcida, pode virar pressão extra perante a ampliação de Vettel no campeonato e a aproximação de Bottas.
Na teoria, o traçado de Silverstone, com curvas de alta velocidade, favorece o modelo W08 Hybrid, da Mercedes, principalmente pela força do motor, mas o asfalto bem mais abrasivo que o da Áustria tende a jogar a favor do SF70H da Ferrari que estreia uma nova versão de seu motor. Na prática o GP da Inglaterra deve ser outra corrida caracterizada pelas estratégias, e a Pirelli disponibilizou os pneus médios (branco), macios (amarelo) e supermacios (vermelho).
Este será o 68º GP da Inglaterra, berço do automobilismo, e onde a própria Fórmula 1 nasceu, em 1950, no Circuito de Silverstone. Com 5 vitórias cada, Jim Clark e Alain Prost ainda são os maiores vencedores da corrida. Entre as equipes, a Ferrari já venceu 16 vezes. E dos pilotos em atividade, Hamilton é quem mais venceu, 4 vezes, contra duas de Alonso e uma de Vettel e de Raikkonen.