CRÔNICA HISTÓRICA

História de São Tomás de Aquino – Parte 1

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 16-07-2017 19:07 | 2103
Foto: Reprodução

De acordo com diferentes textos de natureza quase somente memorial, as mais remotas origens da atual cidade de São Tomás de Aquino, importante polo cafeeiro do sudoeste mineiro, estão associadas ao imigrante português Francisco José Herégio. Esse é o caso, por exemplo, do registro disponibilizado no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sem mencionar a sua autoria, bem como sem citar fontes para afirmar os supostos fatos. Mas, a carência de bases para a escrita da história regional, contemplando indicações documentais, é uma realidade de muitas cidades. Assim, entendemos que existe o desafio de contribuir no sentido de indicar traços que possam vir a compor a historiografia do Sudoeste Mineiro, valorizando constantes articulações entre memórias e documentos que nem sempre são de fácil localização e acesso.
Segundo memórias preservadas por antigos moradores da região, Francisco José Herégio foi um arrojado garimpeiro que percorreu grande parte das terras do atual município de São Tomás, movido pelo ímpeto de fazer riqueza, ainda nas primeiras décadas do século XIX. Nessa época, antes da Independência do Brasil, ocorrida em 1822, houve um período de intensa exploração do chamado Triângulo do Ouro, nesse cantão do vasto território mineiro. “Triângulo do Ouro” é uma expressão usada naquele tempo para denominar uma extensa área formada pelos sertões mineiros fronteiriços com terras paulistas do município de Franca. Os vértices desse triângulo estavam aproximadamente nas localidades de Piumhi, Jacuí e no antigo arraial do Desemboque, ponto de passagem no caminho que ligava a região central de Minas aos sertões de Goiás e às terras que, posteriormente, seriam chamadas de Triângulo Mineiro.
Alimenta ainda esse legado memorial que as atuais terras dos municípios de Paraíso e de São Tomás teriam sido recortadas por antigas trilhas, que acompanhavam o sopé das montanhas fronteiriças, as quais eram usadas por exploradores e tropeiros que transportavam ouro entre os garimpos do Desemboque e de Jacuí, onde funcionava uma casa de fundição, um órgão administrado pelo governo, controlado por funcionários fiéis à coroa portuguesa, para a cobrança dos quintos, imposto que consistia na retirada da quinta parte do ouro fundido. A comercialização do ouro bruto e o seu transporte, em certas situações, sem pagar o imposto, consistia em crime passível de rigorosa punição. 
Mesmo considerando as lacunas deixadas pela falta dos registros mais antigos, a história de São Tomás tem um momento diferenciado que foi atuação marcante, em toda a região, do cônego Thomaz de Affonseca e Silva, o quinto pároco da Matriz de Paraíso, nomeado pelo bispo de São Paulo. Antes de criação da diocese mineira de Pouso Alegre, no início do século XX, toda a administração eclesiástica dessa parte de Minas ainda estava vinculada à diocese de São Paulo, prevalecia os antigos limites dos tempos em que sudoeste mineiro foi paulista. 
O cônego Thomaz substituiu o padre Joaquim Ferreira Telles, falecido em 28 de julho de 1884. Em vista a importância da atuação do cônego Thomas como fundador do arraial e construtor da capela consagrada a São Tomás de Aquino, é necessário retornar ao tributo prestado à sua memória.