CRÔNICA HISTÓRICA DA REGIÃO

História de São Tomás de Aquino – Parte 2

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 19-07-2017 12:07 | 4808
Foto: Reprodução

O cônego Thomaz de Affonseca e Silva, quando foi vigário da Matriz de São Sebastião do Paraíso, no período entre 1884 e 1889, adquiriu e dou parte do patrimônio inicial para construção da primeira capela em torno da qual nasceu o povoado de São Tomás de Aquino. Natural da cidade mineira de Paracatu, o generoso cônego defensor da abolição da escravatura era membro de uma grande família de descendentes de três irmãos portugueses que se embrenharam nos sertões mineiros de outrora, com o firme propósito de tentar fortuna com a exploração de ouro. Foram exitosos e com a riqueza acumulada abriram grandes fazendas. Após o esgotamento do garimpo, dois dos três irmãos foram para outras regiões de Minas.
Um deles foi abrir fazendas nas cercanias do arraial do Desemboque, outro foi para a região de Araxá, e o terceiro ficou nas proximidades de Paracatu. Consta que ao se tornarem grandes fazendeiros, os três irmãos eram generosos com as pessoas mais humildes e com os seus escravos. Berço no qual teria nascido o marcante traço de justiça social defendido pelo cônego Thomaz de Affonseca e Silva ao escrever artigos, publicados em jornais, sobre o direito de os escravos receberem o sacramento do matrimônio de acordo com a lei canônica, o que lhes eram negados por parte expressiva do clero. Em uma época que não era permitido nem mesmo a entrada dos negros no interior das igrejas. Um dos artigos escritos pelo cônego Thomaz foi publicado no jornal O Apóstolo, impresso no Rio de Janeiro, em 25 de Janeiro de 1885. 
Com sérios problemas da visão, cônego Thomaz decidiu fazer uma viagem à França, onde pretendia fazer um tratamento especial. Com essa intenção, viajou para o Rio de Janeiro, onde permaneceu certo tempo na espera do navio em que deveria viajar.  Mas, durante esta estada na corte, foi acometido de febre amarela e veio a falecer em 31 de agosto de 1889. Faltava menos de três meses para iniciar o período republicano. Sua biografia revela que foi um religioso à frente do seu tempo, principalmente, no plano das questões sociais, quer seja na defesa da abolição da escravatura, por sua posição na defesa dos direitos dos escravos, na fundação de um Gabinete de Leitura em São Sebastião do Paraíso e de uma escola para alfabetização de adultos. Finalmente pelos seus ideais de fundar um povoado no sudoeste mineiro, a atual São Tomás de Aquino. 
O nome da cidade foi escolhido para homenagear Tomás de Aquino, santo e filósofo da Igreja Católica, autor de obras que atravessam séculos de influência em uma das vertentes teóricas da formação teológica católica. Quando passou certo tempo em São Paulo, cônego Thomaz encomendou a um renomado escultor a confecção de uma imagem do santo de sua devoção, quando já tinha em mente a construção de uma Capela que lhe seria consagrada. Desse modo, antes mesmo de ser nomeado para servir em paróquias da região e posteriormente assumir a paróquia de Paraíso, trouxe em sua bagagem a imagem usada para a benção do altar principal da primeira Capela construída na atual cidade de São Tomás. Parte do patrimônio para formar o arraial foi doado pelo fazendeiro Jerônimo Alves da Silva, constando, em portaria transcrita no livro do historiador José de Souza Soares, ter sido doado por intermédio do generoso cônego Thomaz de Affonseca e Silva.