CRÔNICA HISTÓRICA DA REGIÃO

História de São Tomás de Aquino – Parte 3

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 23-07-2017 23:07 | 1350
Foto: Reprodução

 




Um ano após o falecimento do cônego Thomaz de Affonseca e Silva, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1889, o distrito de São Tomás de Aquino, vinculado ao município sul-mineiro de São Sebastião do Paraíso, conquistou mais um avanço em sua trajetória de desenvolvimento. Foi a elevação do povoado à categoria de Distrito de Paz, uma antiga divisão administrativa da Justiça. A notícia de criação deste distrito foi publicada no jornal “O Estado de Minas Gerais”, de Ouro Preto, em 14 de maio de 1890, portanto, quando completava apenas seis meses do período republicano. 
Na virada para o século XX, ocorrem os primeiros resultados mais expressivos na cafeicultura, não somente nas fazendas do distrito sede do município, mas também do então distrito de São Tomás. O diferencial da famosa rubiácea colhida na região era a qualidade do produto. Consta em relatórios do Ministério da Agricultura, do início do século XX, que o sabor do café produzido nesse cantão mineiro, devido ao baixo teor acidez e a outras qualidades, havia conquistado o paladar de consumidores franceses e de outros países europeus, que ainda viviam nos dourados anos da Belle Époque, período de glamour e sonhos financiados pelo crescimento econômico que acabou, quando começou o terrível pesadelo que foi a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918).
Em decorrência dos bons resultados da cafeicultura e da implantação de novas lavouras houve um aumento expressivo na exportação, ainda antes do início da guerra. Os bons resultados econômicos levaram ao aparecimento das primeiras melhorias na infraestrutura do distrito, bem como fomentaram os primeiros projetos de melhoria das condições educacionais e culturais, ainda para atender, quase somente, as classes mais abastadas. Nesse aspecto, foi inaugurado, em 1905, o Grêmio Literário Cônego Thomaz, com o propósito de incentivar a difusão da leitura e das artes, de modo geral, congregando comerciantes, profissionais liberais, intelectuais e fazendeiros que compartilhavam do sonho de concretizar a elevação do distrito à categoria de município. 
O Anuário de Minas Gerais, publicado em Belo Horizonte, em 1913, registra que São Tomás tinha cerca de 500 casas, distribuídas por seis ruas, sete travessas e três praças ou largos. Naquele ano, já estavam consolidadas as condições econômicas de produção agrícola e pecuária para a emancipação do distrito. Havia uma expressiva produção anual de 60 mil arrobas de café, o que fomentava o crescimento do comércio, o funcionamento de uma fábrica de manteiga e a exportação de gado para a praça de Três Corações, situada no caminho entre o sudoeste mineiro e o mercado consumidor do Rio de Janeiro. Mas, devido a conjuntura política, faltava apoio para aprovar a criação do município, o que aconteceria somente uma década depois. 
A câmara municipal de São Sebastião do Paraíso, diante das reivindicações e pressões políticas, providenciou algumas melhorias no distrito, como a legalização do cemitério público distrital, calçamento de ruas e abertura de uma estrada rural. Três anos após a inauguração da rede elétrica em Paraíso, em 1910, o distrito de São Tomás também foi contemplado com a mesma melhoria. O serviço de geração e distribuição de energia elétrica foi inaugurado em 1º de janeiro de 1913, no quadro dos pleitos que precederam à criação do município. Cumpre lembrar que, com o falecimento do então deputado José Luiz Campos do Amaral Junior, ocorrido em 6 de outubro de 1913, toda a região perdeu uma importante voz na Assembleia Legislativa Mineira.