POLUIÇÃO

Copasa é autuada por poluição a recursos hídricos

Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 26-07-2017 09:07 | 2357
Foto: Arquivo "JS"

A Copasa em São Sebastião do Paraíso foi autuada pelo crime de poluição de recursos hídricos. O caso foi constatado pela fiscalização da Polícia Militar Ambiental sediada em Passos que esteve no município para verificar a situação do Córrego Rangel, onde a empresa estaria captando o esgoto de diversas regiões da cidade e despejando diretamente devido a não conclusão da elevatória que redirecionaria esse esgoto para a estação de tratamento do Rio Liso.
As estações de tratamento de esgoto (ETE) foram finalizadas em 2016, mas não houve evento de inauguração por se tratar de ano político. Ambas as estações, do Rio Liso e Rio Bosco, têm funcionado a pleno vapor desde então, mas ainda faltam questões a serem acertadas, como a construção da elevatória do Córrego Rangel para a ETE do Liso, o que motivou autuação da Polícia Ambiental. O valor da multa foi cerca de R$ 4 mil.
O Jornal do Sudoeste entrou em contato com o diretor distrital da Copasa em São Sebastião do Paraíso, engenheiro Flávio Bócoli, mas devido a sua agenda de reuniões, não lhe foi possível atender a reportagem. A informação é que ele estaria em viagem e só retornaria no final da tarde desta quarta-feira (26/7).




AS ETES
Desde que foi anunciado a construção das duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s) em São Sebastião do Paraíso, em meados de 2011, todos os trabalhos que envolveram as obras atravessaram um longo caminho até serem concluídas e ter o esgoto capitado e tratado no município. Desde junho do ano passado o tratamento do esgoto doméstico já é cobrado valor integral da tarifa, que corresponde a 90% do valor de consumo de água, na maioria da área urbana, ou seja, o que já é conduzido para tratamento.
Hoje, funcionando em quase capacidade máxima, as ETE’s têm devolvido às bacias do Liso e Bosque o tratamento com cerca de 85% de remoção da carga orgânica capitada do esgoto, 15% a mais do que determina as normas do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).
O sistema, projetado com uma expectativa de vida útil para 20 anos, levando em conta a projeção de crescimento populacional do município, enfrentou diversas polêmicas que envolveram cobrança de tarifa antecipada, reajustes e questionamento acerca de esgotos industriais sendo jogados em córregos do município. O que vem sendo cobrado agora, é o esgoto que tem sido capitado, mas não recebe o tratamento prometido.




FUNCIONAMENTO DAS ETES
O esgoto que é capitado no município é encaminhado ao tratamento preliminar por meio da “elevatória final”, onde um gradeamento já remove parte de resíduos sólidos que chega à estação. Após este processo o esgoto é encaminhado para o “tratamento preliminar”, que retém a parte mais grossa do esgoto e é onde também acontece a fase de decantação da areia que também vem junto com o esgoto, separando a parte sólida.
A parte aquosa vai para os reatores, onde se inicia o processo biológico e é onde o tratamento de fato acontece. Nesse processo biológico as bactérias vão “comer” o esgoto. Disso sobra uma parte de lodo e uma parte líquida. Nessa fase também são produzidos gases tóxicos ao meio ambiente e que são queimados para evitar a poluição.
Desse processo, a parte liquida sai do reator e vai para os filtros, onde há camadas de pedra (chamadas de pedras diâmetro quatro) que irão filtrar ainda mais esse esgoto. A última fase é o “sedimentador”, que ainda vai sedimentar a parte mais grossa e o líquido limpo vai para o manancial. No Sul de Minas, pelo menos nove cidades já recebem o tratamento de esgoto pela Copasa, além de outras duas que estão em fase de obras, como Guaxupé e Arceburgo.