CRÔNICA HISTÓRICA DA REGIÃO

História de São Tomás de Aquino – Parte 4

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 28-07-2017 08:07 | 1270
Foto: Reprodução

Para registrar alguns traços históricos de São Tomás de Aquino, atual polo da fina cafeicultura do sudoeste mineiro, município vizinho de São Sebastião do Paraíso, recorremos às memórias do saudoso farmacêutico e literato Ama-deu do Amaral Brigagão, primogênito do médico Pla-cidino Brotero Franklin Brigagão. Trata-se de uma obra primorosa, escrita ao sabor da busca cuidadosa de reminiscências, publica-da por seus familiares, anos após o seu falecimento, para homenagear sua trajetória de vida e participação marcante na história de São Tomás. Essa obra foi impressa por uma editora de França (SP) e intitula-se “Lições fortes para gerações viris”. 
O autor fixou residência no distrito de São Tomás, nos idos de 1908, quando abriu a Farmácia Popular, iniciando uma longa e exitosa carreira de farmacêutico, bem como de participação ativa no seio da sociedade aquinense. No ano seguinte, casou-se com Anita Guerrieri, sendo o casal agraciado com sete filhos, cinco meninos e duas meninas. A obra acompanha o cotidiano cultural e político do então distrito e revela discretas observações sobre o trabalho empenhado pelos líderes da comunidade, em favor de sua elevação à categoria de município.
Um dos aspectos relevantes registrados por Amadeu Brigagão é a narrativa de sua participação na criação dos primeiros jornais de São Tomás. Além disso, deixou seu nome inscrito no jornalismo regional, como colaborador do Jornal do Povo, de São Sebastião do Paraíso, lançado em 1903, sob a direção de Antonio Campos do Amaral. Suas cuidadosas anotações levam-nos a entender os desafios de uma época distante e o papel relevante exercido pelo primeiro jornal impresso na localidade, O Aquinense, lançado há quase 110 anos, no dia 12 de outubro de 1908.
O pequeno e grande projeto cultural de lançamento do jornal resultou da parceria entre Amadeu Brigagão e o seu tio Hercílio Amaral, que constituíram uma firma para concretizar o início da imprensa local. 
O patrimônio inicial se resumia a uma velha máquina impressora manual e uma coleção de tipos, que anos antes havia servido para imprimir o primeiro jornal paraisense, A Voz do Paraíso. A referida data de publicação do primeiro jornal de São Tomás é comprovada em correspondência, citada nas memórias de Amadeu Amaral, enviada aos editores do jornal, por Francisco Guer-rieri, felicitando-os pelo lançamento do arrojado projeto cultural.
Mesmo sem alcançar uma longa trajetória de publicação, o primeiro jornal do distrito serviu para despertar a consciência da sociedade, quanto à importância de um canal de comunicação e defesa dos interesses da população, erguendo a bandeira de sua elevação à categoria de município. Conforme lembra Amadeu Brigagão, o material tipográfico e a velha máquina usada para imprimir O Aquinense estavam excessivamente gastos pelo tempo. Mas, graças ao empenho do habilidoso tipógrafo Mário Afonso Lauro, o prelo foi posto em condições de funcionamento, incluindo uma pequena tipografia que fazia pequenos serviços de impressão para o comércio local, sem auferir rendas suficientes para cobrir os custos. Razão pela qual o pequeno jornal deixou de circular.