ESPAÇOS PÚBLICOS
Nestas minhas experiências multimídia, venho me aventurando como videoblogueiro em dois programas de internet. Sou um aprendiz de comunicador, daqueles que nunca alcançarão multidões. Basta-me informar e trocar ideias, porque a grande graça das coisas está no caminho e não na chegada. Em um desses programas respondi a um internauta que perguntava sobre a necessidade de colocação de seguranças em postos de saúde e farmácias populares. É incrível, mas é necessário, e foi isso que respondi. Aliás, qualquer espaço público hoje tem que ter segurança, privada ou pública, senão vira ninho de vândalos e bandidos. Em que nos transformamos? A rua não é mais dos cidadãos de bem e a população está dividida entre os vândalos e as vítimas dos vândalos. Qualquer rua ou praça, sem vigilância, sem circuitos de câmeras de monitoramento, sem polícia ou segurança patrimonial, vira boca de fumo ou local de prática de assaltos. Gente da minha geração, quando era criança, passeava pela cidade pra cima e pra baixo, pegava ônibus e andava de bicicleta. Hoje cercamos nossos filhos de mimos e os levamos de carro para todo canto, os prendemos em condomínios ou casas de muro alto. Sim, nós é que vivemos presos. Nos iludimos, porque as grades de nossa prisão são banhadas a ouro, mas a verdade é que perdemos nossa liberdade para a violência urbana e para os criminosos já faz tempo.
UM PAÍS DOENTE
Seguranças em postos de saúde, em escolas, em parques, polícia para todo lado. Acho que foi Lula quem disse que daqui a pouco teríamos jardins de infância de segurança máxima. Esse futuro distópico chegou e sejamos bem vindos a ele. Merecemos tanta desgraça. Há vinte anos votamos em políticos superados, não fizemos reforma agrária, não fixamos o homem no campo, não investimos em educação de qualidade como deveríamos. Aqueles revoltados com esse estado de coisas, ao invés de arregaçar as mangas e trabalhar, preferiram fazer passeatas, pintar caras e cantar musiquinhas. Palhaços. A Alemanha sobreviveu a duas guerras mundiais e a um muro que a dividia ao meio trabalhando incessantemente. A Coréia do Sul e os Estados Unidos, cada qual a seu tempo, parou tudo para investir em Educação, os orientais recuperando sua identidade cultural para se libertar do imperialismo japonês, os EUA através do plano denominado “New Deal” do Presidente Franklin D. Roosevelt, que retirou os americanos da quebradeira e os tornou a maior potência mundial. E nós aqui, mantendo currais eleitorais nos sertões inóspitos, fechando os olhos para a praga das drogas elevada à milésima potência por conta do crack, assistindo impávidos a desestruturação das famílias e a perda da religiosidade em nossos lares. A ausência de referência dos pais, dos homens públicos, a falta de heróis para nossos jovens, tudo isso fomentou esse teatro do absurdo em que vivemos e que nos haverá de sepultar.
CUBA
Pretendo ir a maior ilha do istmo caribenho nos próximos meses e já estou fazendo o dever de casa. Estudo o curioso regime comunista cubano e valho-me de conhecidos que trabalham ou frequentam assiduamente o país governado por Raul Castro, irmão de Fidel. Como lá irei a trabalho, vai sobrar pouco tempo para conhecer as peculiaridades e cores e sabores locais, e por isso já estudo o povo e sua política. Fiz amizade com um adido jurídico brasileiro que é binacional e reside aqui e em Cuba. Falou-me que todo cubano tem dois ou três empregos, o oficial (para o governo) e os paralelos, vendendo charutos, servindo de guia turístico ou garçom nas horas vagas. As necessidades e falta de produtos da cesta básica são sazonais e não constituem o pesadelo que pensamos. É um regime comunista, mas há meritocracia, e quem não trabalha não come - como deve ser em todo país civilizado do mundo. Pensando nisso, vejo a esquerda de merda em que nos imiscuímos. Nela não há verdadeiros estadistas e aqueles que ascenderam ao poder criaram uma política de assistencialismo que nos quebrou, um “coitadismo” que nos educou muito mal, nos tornaram servos de uma ilusão de igualdade que não existia nem na finada União Soviética. O que falta ao brasileiro é viajar e estudar. Sem isso, passa a conhecer o mundo e seus reveses através da tela da TV ou de redes sociais. O perigo mora aí, e a ignorância também. E é a ignorância que produz eleitores boçais.
PRÓXIMOS CAPÍTULOS
Sou péssimo oráculo. Para prever o futuro pareço aquele profeta português que “adivinha o passado”. Mas vamos lá. O que acho que vai acontecer até dezembro de 2018: a) não sairemos da crise, mas vamos estagnar em um crescimento mínimo; b) grandes empresas vão quebrar, dar férias coletivas, aposentadorias voluntárias, e a crise vai chegar à construção civil e ao setor automobilístico com uma fúria nunca antes vista ou imaginada; c) Temer continua no poder, levando tomate podre a torto e a direito, mas termina o mandato; d) A condenação de Lula vai ser confirmada e ele ficará satisfeitíssimo em fazer o que faz de melhor, bancar a vítima, o mártir, e por a culpa na TV Globo e “nas elites”; e) As reformas trabalhista, previdenciária e política passarão pelo congresso tão costuradas que se tornarão irrelevantes e não vão resolver os problemas que as ensejaram. E pra não ser muito pessimista, acho que ganhamos a copa do mundo do ano que vem.
O DITO PELO NÃO DITO
“O futebol não é uma questão de vida ou de morte.
É muito mais importante que isso.”
(Bill Shankly, técnico inglês).