Como já afirmamos nessa sequência de crônicas dedicadas à história de São Tomás de Aquino, o primeiro jornal criado no distrito então vinculado ao município de Paraíso foi O Aquinense, publicado em 1908, sob a direção do farmacêutico Amadeu Brigagão, em parceria com seu tio Hercílio Amaral. O projeto cultural não chegou a ter vida longa, mas a sua importância, nesse caso do pioneirismo, não se mede com números e sim com o despertar da consciência social, quanto ao papel fundamental exercido pela imprensa como instrumento de defesa dos interesses da população. Assim, pouco tempo depois, foi lançado outro semanário intitulado O Distrito, também de propriedade dos mesmos parceiros criadores do primeiro jornal.
O cenário da época mostra que a reforma administrativa da divisão do Estado de Minas, realizada no segundo mandato do presidente Júlio Brandão, (1910 – 1914), foram criados vários municípios e distritos. Nesse momento, líderes de São Tomás pleitearam, junto Assembleia Legislativa Mineira, a elevação do distrito à categoria de município, mas o pleito não foi aceito pela maioria dos deputados, devido à conjuntura da política do momento. Amargo sabor ruminado naqueles anos porque o distrito estava vivenciando sinais evidentes de progresso, tais como a criação dos primeiros jornais, a formação de grupos de teatro amador e a instalação do primeiro cinematógrafo, propriedade do empresário Dante Giubilei, entre vários outros.
O primeiro número de O Distrito foi publicado em 30 de abril de 1911, quando a população ansiava dias de progresso político para São Tomás. O seu editorial de lançamento expressou a seguinte mensagem: “criando-o para a defesa dos interesses locais envidaremos todos os esforços possíveis para que ele seja feliz em seu programa de trabalho, sem desviar jamais para o terreno das lutas, vãs e inúteis, salvo quando estas forem leias e dignas.” Acima de interesses de uma ou de outra legenda partidária, os honrados cidadãos daqueles anos, como mostram a transcrição, entendiam a importância de um projeto maior que fosse fundamental para toda a comunidade local.
Nas páginas de O Distrito ainda consta o retorno das atividades culturais do Grêmio Literário Cônego Thomaz, em edição de 7 de maio de 1911, anunciando a organização de uma nova diretoria da entidade. Ficou registrado que o Dr. Jayme Pimenta de Pádua assumiu a presidência, enquanto para a vice-presidência foi eleito Hercílio Amaral; para primeiro secretário, Álvaro de Almeida Coelho; para segundo secretário, Sílvio Pellico e par tesoureiro, Luiz Pimenta de Pádua. Na mesma edição ainda consta que graças ao empenho do conselho distrital estava concluído os serviços de recuperação da Rua Mestra, que as chuvas haviam praticamente destruído.
Como acontece na história de toda sociedade, a violência ainda atormentava os moradores do distrito, com constantes assassinatos e roubos que permaneciam sem solução. Por esse motivo, em maio de 1911, São Tomás passou a contar com três novos soldados enviados pelo quartel militar de Belo Horizonte, para tentar dar um pouco mais de segurança aos honrados e pacíficos moradores do povoado. Finalmente, cumpre registrar que estava em expansão naqueles anos as linhas de automóveis entre o distrito, São Sebastião do Paraíso e Santa Rita de Cássia, pois afinal o progresso exigia melhores condições de comunicação e transportes na região.