POLE POSITION

Lições do jogo de equipe

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 06-08-2017 09:08 | 1107
Robert Kubica pode estar a um passo de voltar à F1, seis anos depois do grave acidente de rali
Robert Kubica pode estar a um passo de voltar à F1, seis anos depois do grave acidente de rali Foto: Getty Images

O GP da Hungria foi um verdadeiro jogo de equipe. De um lado Lewis Hamilton solicitando que a Mercedes pedisse para Valtteri Bottas lhe ceder a 3ª posição para poder atacar as Ferrari. Depois da janela de pit stop, Hamilton tinha mais ritmo de corrida e condições de lutar pela vitória já que Vettel enfrentava problemas com o volante do carro.
De outro lado, Kimi Raikkonen (2º) tentava convencer a Ferrari de que era preciso ultrapassar Vettel para não correr o risco de serem engolidos pelas Mercedes.
Toto Wolff decidiu apostar em Hamilton e garantiu que Bottas teria a posição de volta caso o companheiro de equipe não obtivesse sucesso. Já a Ferrari se manteve fiel a sua velha e conhecida filosofia de jogar tudo em favor do piloto que ela determina para lutar pelo título, no caso, Vettel. E assim foi a segunda metade da corrida, cercada de suspense e de longas conversas que mais parecia uma conferência entre pilotos e engenheiros via rádio. 
A sorte da dupla da Ferrari é que o Circuito de Hungaroring não oferece pontos de ultrapassagem com margem de segurança suficiente para quem tem muito mais a perder do que ganhar numa dividida de curva. 
Hamilton bem que tentou, mas não conseguiu se aproximar o suficiente de Raikkonen para dar o bote. Primeiro porque o único local em que podia tentar a ultrapassagem era na reta dos boxes, mas precisava entrar colado na traseira da Ferrari, o que não foi possível, principalmente pela configuração dos carros desse ano gerar muita pressão aerodinâmica, e a turbulência gerada pelo que vai a frente tira a estabilidade do que vem atrás. Segundo porque mesmo com o problema que Vettel enfrentava, tanto ele como Raikkonen que fazia o papel de escudeiro, tinham o carro bem equilibrado nas curvas e com boa velocidade de reta, o que fez Hamilton desistir quando percebeu que “se os caras da frente não errarem, não conseguirei ultrapassá-los”, disse. 
E sem sucesso, Hamilton cumpriu o acordo e devolveu a terceira posição para Bottas na linha de chegada e correndo o risco de perder a quarta posição para Max Verstappen que vinha logo atrás do finlandês.
A atitude de Hamilton causou surpresa, pilotos de competição são pessoas egoístas, e pelo histórico do inglês, ninguém acreditava que ele fosse cumprir o combinado, ainda mais com Bottas ficando 7s atrás. Vale ressaltar que o relacionamento entre os dois é amigável, bem diferente da rixa que existia entre Hamilton e Rosberg, e certamente isso foi um dos motivos que levou o inglês a cumprir o acordo.
Hamilton perdeu três pontos que podem fazer falta no final do campeonato, mas ganhou o respeito de Bottas, da Mercedes, e no conceitos dos fãs da Fórmula 1. E a Mercedes deu uma grande lição de esportividade e mostrou que embora esteja numa disputa acirrada com a Ferrari, é possível ser leal e jogar limpo com seus pilotos. Indiretamente foi um tapa na cara da Ferrari. 
Com a vitória, a Ferrari amenizou o prejuízo das últimas corridas e mandou bem na pista que era favorável aos seus carros. Na volta das férias, a maioria das pistas serão velozes, o que deve favorecer a Mercedes. Se na prática a teoria for confirmada, talvez os três pontos que Hamilton deixou de marcar nem façam tanta falta. Vettel lidera o campeonato com 202 pontos contra 188 de Hamilton e 169 de Bottas.




ROBERT KUBICA
Se havia alguma dúvida quanto a capacidade do polonês Robert Kubica voltar à Fórmula 1, seis anos depois do acidente de rali que abreviou sua carreira, ela foi desfeita nesta semana no teste que ele fez na Hungria. 




STOCK CAR 
Uma nova pista estreia no calendário da Stock Car, o Circuito Velo Città, em Mogi Guaçu/SP, abrindo neste final de semana a segunda metade do campeonato.