A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Sebastião do Paraíso celebrou a “Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla”. Este ano a campanha teve como tema central “pessoa com deficiência: direitos, necessidades e realizações”. A semana foi repleta de atividade e palestras para destacar a importância do tema e discutir entre muitas questões, os trabalhados que são desenvolvidos pelas associações, bem como os resultados alcançados.
Também, o objetivo foi promover a quebra de tabus para vencer barreiras da desigualdade na luta dos direitos das pessoas com deficiência e que têm a necessidade de apoio em diversas áreas, entre elas social, familiar, escolar, trabalhista entre outras, para que a inclusão se torne efetiva e as pessoas com deficiência se tornem mais preparadas e amparadas diante das dificuldades da vida. Conforme destaca a psicóloga da Associação em Paraíso, Lucilaine de Pádua, o momento é de reflexão sobre a luta de direitos dessas pessoas.
Entre as atrações programadas para o período, os alunos realizaram uma exposição de quadros pintados por eles mesmos no Clube Paraisense, além de apresentação de dança de alunos do Ditão na segunda (21/8); na terça o apresentador Valdeir Lima promoveu um “show de talentos” na quadra da Associação e na quarta (23/8) aconteceu apresentação da seleção da Apae de Tai Chi Chuam, na Praça da Matriz.
Os alunos se reuniram em frente à Igreja Matriz onde realizaram apresentação coordenada pelo professor e mestre em artes marciais, Márcio Zaqueu. “É um trabalho que já vem sendo desenvolvido há cinco anos junto aos profissionais da Apae. Viemos nos surpreendendo com esse trabalho e pensávamos que no início não iria colher tantos frutos e foi o contrário. Hoje eles são representantes da Seleção Mineira de Kung Fu na categoria de especiais e é a única seleção formada no Brasil e reconhecida pela Confederação”, destacou Zaqueu.
“O que mais me impressiona é a evolução que eles vêm tendo no dia a dia, em questões como a disciplina, concentração e interação entre eles; antes eles eram irritados uns com os outros e hoje já é o contrário, há uma ajuda mútua entre eles. Isso nos alegra muito porque realmente se tornou um trabalho muito bonito, eu achei que iria ensinar, mas acabei me tonando um aluno; aprendo mais com esses meninos que ensino. Temos que agradecer também, principalmente, ao Ademar Paschoalino, por abrir esse espaço para desenvolvermos esse trabalho e que vem dando muito certo”, completa.
Também foi promovida pela Associação, uma palestra ministrada pela assistente social do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Meire de Souza Neves. A servidora falou da importância de se garantir e ampliar os direitos da pessoa com deficiência e também comentou a importância da inserção do apaeno no mercado de trabalho. Coforme ela, é fundamental destacar as realizações, quando se tem visto a importância da inclusão e das oportunidades que os deficientes estão tendo para conseguir o primeiro emprego.
“Para isso é importante um trabalho coletivo, tanto da Apae, quando da sociedade civil, dos servidores do INSS, dos empregadores, empresários e das famílias em incentivar e acreditar no potencial que a pessoa com deficiência tem em se tornar um cidadão com níveis de autonomia mais fortalecidos. O nosso objetivo é trabalhar nessa perspectiva, de ampliar direitos, de mostrar que eles têm direito e precisam ser garantidos”, destaca.
Segundo Meire, têm acontecido experiências positivas em relação à inserção no mercado de trabalho do aluno com deficiência. Conforme explica a assistente social, durante dois anos esse aluno inserido no mercado de trabalho continua recebendo o benefício a que tem direito, e após optam por continuar trabalhando e perder esse benefício ou deixar o emprego. “Há pessoas que abrem mão e escolhem se tornar um segurado, protegido e com níveis de autonomia enquanto cidadão. Acredito que esse seja o maior desafio e temos que estar juntos para contribui no processo de inclusão”, ressalta.
Um desses exemplos positivos da inserção no mercado de trabalho aconteceu com a mãe de Paulo Roberto, Márcia Silva, que abriu mão do benefício do filho para que ele pudesse continuar atuando com carteira assinada em uma empresa do município. Esse ato de coragem e valorização do filho serviu para motivar ainda mais essa mãe a continuar na luta pelo movimento Apaeano, sendo ela sempre atuante e presente na instituição.
“Para mim, a inclusão do Paulo Roberto no mercado de trabalho foi ótima. Eu tinha muito medo dele não ter responsabilidade para lidar com o trabalho, mas se tornou a pessoa mais responsável que eu conheço. Eu acredito que todo menino que tem o direito de trabalhar, os pais devem apoiar, é muito gratificante, principalmente para eles”, ressalta.
Conforme a mãe, com o trabalho o filho se tornou uma pessoa muito mais otimista e orgulhosa em ter a carteira de trabalho registrada. “Para ele o trabalho foi um troféu, cada vez que ele fala do trabalho é com muito entusiasmo e que vale a pena ver. Ele se tornou outro, muito mais feliz e orgulhoso em mostrar para as pessoas o que ele faz com o dinheiro dele. É muito gratificante”.
Márcia Silvia ainda comenta os desafios que teve no início, quando os filhos foram diagnosticados com deficiência intelectual. “Eu não sabia por onde começar essa educação deles. A Apae foi, acima de tudo, um bom exemplo, o caminho que eu precisava e tudo o que procurava e não conseguia encontrar, consegui por meio da Apae. A Associação contribuiu muito para mim no jeito de pensar, de agir e como fazer. A associação nos ensinou muito, a mim e a minha família a como lidar com meus filhos. Eu tenho muito orgulho em ser mãe deles e só tenho a agradecer a associação e aos profissionais da Apae, que Deus possa iluminar a cada um”, completa.
A coordenadora da Apae em Paraíso, Ana Maria Reis, destaca que a associação, sem fins lucrativos e que vem prestando um reconhecido serviço de assistência social, busca atender seus usuários de maneira plana e eficaz no acolhimento e fortalecimento de vínculos, além de ser a instituição responsável pelo SUS e sede dos serviços de saúde especializado na habilitação reabilitação da pessoa com deficiência intelectual ou múltipla.
“Como trabalho da Apae é pioneiro e executado com êxito, o seu atendimento da assistência social também se estende às família dos usuários dando todo suporte necessário de acolhimento, fortalecimento de vínculo, orientações, atendimentos domiciliares, encaminhamento a rede, além de desenvolver grupos de apoio como o PAF, de apoio familiar, e a escola de formação da família, que tem por objetivo capacitar essas família para uma melhor qualidade de vida e digna do usuário”, destaca.
Para a psicóloga Lu de Pádua, ainda há muitos caminhos que precisam ser percorridos em relação à acessibilidade e dos direitos que, conforme destaca, ainda não são totalmente garantidos e respeitados, apesar de ter leis. “É um trabalho pelo qual o movimento apaeano luta e a família tem que estar sempre juntos. São Muito desafios que precisamos conquistar”, completa.